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CAPÍTULO 13<br />
ELA PODIA SENTI-LO à espreita, mesmo ao entrar na oficina. Sentia os<br />
olhos dele brilhando nas sombras.<br />
A<strong>que</strong>la sensação arrepiava sua pele, apertando-a, fazendo-a suplicar por um to<strong>que</strong>,<br />
enquanto se movia pelo domínio dele. Ela vasculhou o laboratoire à procura dele, desejando<br />
<strong>que</strong> ele pudesse vê-la, desejando <strong>que</strong> ele tivesse uma câmera de segurança para vê-la<br />
exatamente na<strong>que</strong>le momento.<br />
Mas, espere, a<strong>que</strong>la sombra... Não... Eram apenas potes e o brilho de cobre.<br />
A outra sombra... Era um molde enorme na forma de um ovo, talvez cinco metros de<br />
altura. E as outras sombras eram pilhas de caixas do Sri Lanka.<br />
Ela respirou longa e profundamente, estendendo os braços e expandindo o peito, inalando<br />
todos os aromas ao seu redor. O mundo todo e tudo o <strong>que</strong> era mais mágico parecia estar<br />
presente ali, aromas e sabores de todos os tipos, e purificados em prazer.<br />
Na<strong>que</strong>la noite, ela <strong>que</strong>ria fazer... Chocolate <strong>que</strong>nte. Chocolate <strong>que</strong>nte espanhol, como se<br />
bebe em Madrid, ou o <strong>chocolate</strong> <strong>que</strong>nte francês <strong>que</strong> os nobres tinham usado uma vez como<br />
poção do amor. Du chocolat chaud. Estava frio lá fora e frio no laboratoire, onde a<br />
temperatura ficava mais baixa à noite.<br />
A pele dela continuou formigando de emoção enquanto ela provava pistoles para decidir<br />
qual <strong>chocolate</strong> usar. O mais estranho era ele permitir <strong>que</strong> ela estivesse ali pela terceira vez.<br />
Ela foi tomada por uma onda de medo, <strong>que</strong> a fez examinar o laboratoire novamente, olhos<br />
em alerta. Talvez ele tivesse instalado uma câmera de segurança. Talvez estivesse reunindo<br />
provas para incriminá-la. Talvez a polícia estivesse esperando do lado de fora. Será <strong>que</strong> ela<br />
estava enlou<strong>que</strong>cendo? Ela poderia acabar na cadeia. Poderia causar grandes danos à<br />
empresa de sua família, na forma de uma razoável <strong>que</strong>da de ações entre as subsidiárias.<br />
Poderia perder todo o privilégio com <strong>que</strong> havia tido a sorte de nascer e acabar despojada de<br />
tudo, restando apenas sua pessoa física em uma cela de prisão.<br />
Será <strong>que</strong> ele faria isso? Será <strong>que</strong> um homem <strong>que</strong> havia flertado com ela a manhã toda a<br />
deixaria na mão agora?<br />
Na verdade, ela não sabia o <strong>que</strong> ele ia fazer, não é mesmo? Ela adorava ficar<br />
imaginando...<br />
Um calor quase parecido com a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> ela buscava no <strong>chocolate</strong> <strong>que</strong>nte percorria seu<br />
corpo. Ela foi até as prateleiras onde estavam as especiarias, sombras após sombras, no