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— Trinta mil dólares? — Cade disse ao telefone, mantendo um olho na porta do<br />
laboratoire do outro da rua conforme falava. — Você tem 30 mil dólares cobrados no meu<br />
cartão de crédito em uma manhã, e não passou pela sua cabeça blo<strong>que</strong>ar a cobrança?<br />
— Mas, senhorita Corey, nós sabíamos <strong>que</strong> estava em Paris! É claro <strong>que</strong> iria gastar na<br />
Dior e na Hermès.<br />
É claro. Cade se perguntou se era normal. Ou se alguém da sua família era. Ela realmente<br />
<strong>que</strong>ria acabar fazendo toda a Faubourg Saint-Homoré um dia. Só não havia conseguido ainda.<br />
— Eu alguma vez já gastei 30 mil dólares em uma manhã?<br />
Uma mulher loira caminhava pela rua — não era a namorada de Sylvain da outra noite?<br />
Cade sentiu um nó no estômago de esperança e relutância. Será <strong>que</strong> ela tinha o código?<br />
— Não, mas você está em Paris — a mulher disse, com saudosismo na voz.<br />
O mesmo saudosismo <strong>que</strong> Cade sempre sentiu. Paris, o símbolo universal de uma vida<br />
mais romântica.<br />
— Você recusa a cobrança? — A mulher perguntou, tão educadamente como se aquilo não<br />
fosse causar uma dor de cabeça para todos eles ali.<br />
Cade suspirou e disse: — Eu irei aceitá-la. Alguém <strong>que</strong> conheço pegou o meu cartão.<br />
Um silêncio neutro sugeriu <strong>que</strong> os amigos dos ricos eram realmente algo de outro mundo.<br />
— Mas você pode blo<strong>que</strong>ar esse cartão e enviar-me outro?<br />
— Claro — a mulher disse profissionalmente com um tom de alívio por saber <strong>que</strong> não<br />
teria de recusar a cobrança de 30 mil dólares por alguém <strong>que</strong> a empresa odiaria ofender. — O<br />
cartão estará aí amanhã de manhã.<br />
— Ótimo — Cade desligou o telefone e pegou o binóculo.<br />
A loira Chantal parou em frente à porta do laboratoire. Cade se preparou para não deixar<br />
o binóculo cair conforme a resposta ficou óbvia: Chantal realmente tinha o código.<br />
Uma parisienne perfeita, bonita e elegante, <strong>que</strong> sabia como abrir a porta do covil do<br />
feiticeiro.<br />
Sylvain Marquis brincou com Cade.<br />
Ou pior, ele nem tinha consciência do efeito <strong>que</strong> causava nela.