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palma, como se ele tivesse se contido para não arrancar o álbum da mão dela. Ela sorriu para<br />
ele, e ele ar<strong>que</strong>ou um ombro e voltou seu foco para a cozinha.<br />
— Você também comia muito <strong>chocolate</strong> quando era adolescente, não é? — Ela riu.<br />
— Chocolate não é ruim para a pele — ele retrucou, mais aborrecido do <strong>que</strong> deveria com<br />
a leveza da piada <strong>que</strong> ela fez. — Isso é um mito.<br />
— Eu sei. Nós financiamos o estudo — ela virou para a página seguinte. A mãe de<br />
Sylvain havia tirado uma foto dele no <strong>que</strong> devia ter sido a cozinha — um espaço apertado com<br />
balcões de linóleo — fazendo uma tremenda bagunça com <strong>chocolate</strong>. Na foto, o rosto dele<br />
estava voltado para o trabalho com a mesma intensidade <strong>que</strong> continuava mostrando em sua<br />
<strong>chocolate</strong>rie. Até o ângulo de sua cabeça era o mesmo, como também a linha reta do maxilar.<br />
— Você era bonitinho quando adolescente — meio nerd, mas obcecado com a arte de<br />
cozinhar em vez de matemática ou computadores. Ela podia apostar <strong>que</strong> alguma garota tímida<br />
de sua classe tivera uma forte <strong>que</strong>da por ele, e ele nunca percebera. — Eu teria flertado com<br />
você.<br />
Ele tinha a resposta na ponta da língua. — Não, você não teria.<br />
— Teria sim — ela sorriu novamente, imaginando por <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le momento não era tão<br />
leve e aconchegante como achava <strong>que</strong> deveria ser. — Eu sempre tive uma fra<strong>que</strong>za por<br />
homens <strong>que</strong> sabem fazer maravilhas com <strong>chocolate</strong>.<br />
Aquilo era verdade. Apenas a lembrança dele, amável e distante e intenso, focado em<br />
algum caldeirão mágico de <strong>chocolate</strong>, foi o suficiente para fazer com <strong>que</strong> seus hormônios<br />
saltassem, fazendo-a <strong>que</strong>rer saboreá-lo. Mesmo agora, não envolvido por <strong>chocolate</strong>, ele era<br />
muito simpático e esperto, somente focado na redução de seu vinho tinto. Ou seria até bonito<br />
se parasse de fechar a cara. Ela, particularmente, nunca havia ficado excitada com alguém <strong>que</strong><br />
vivesse fechando a cara.<br />
— Sim, percebo — disse ele secamente.<br />
Agora, o <strong>que</strong> aquilo significava? Não parecia algo bom, qual<strong>que</strong>r <strong>que</strong> fosse o significado.<br />
— Na verdade, acho <strong>que</strong> nunca namorei um homem <strong>que</strong> sabia mais sobre <strong>chocolate</strong> do <strong>que</strong> eu<br />
— ela completou, levando a conversa para um rumo mais seguro, ou eles terminariam<br />
brigando.<br />
Ele ar<strong>que</strong>ou uma das sobrancelhas e olhou de soslaio para ela, finalmente permitindo-lhe<br />
atenção o suficiente para <strong>que</strong> ela pudesse ver certo sorriso nos seus olhos.<br />
— E também não estou certa de <strong>que</strong> esteja agora — ela não tinha certeza de <strong>que</strong> o<br />
estivesse namorando.<br />
Ele se virou e indagou. — Pardon? Ela colocou seus cotovelos para trás na bancada e<br />
apenas sorriu para ele.<br />
— Você acha <strong>que</strong> sabe mais sobre <strong>chocolate</strong> do <strong>que</strong> eu?<br />
Ela provavelmente sabia mais sobre alguns aspectos. Mas ela ansiava ter o conhecimento<br />
dele, o domínio da magia, do mistério e da intensidade de <strong>chocolate</strong>. E... Ela o desejava. —<br />
Bem, sei como vendê-lo — disse ela com arrogância em vez de admitir <strong>que</strong> se <strong>que</strong>stionava