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As Ideologias e o Poder em Crise

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não deve nunca fazer esquecer a necessidade de raciocinar, assim<br />

como a vontade de crer não deve nunca abafar a vontade de<br />

entender. Por isso mesmo não t<strong>em</strong> nenhum sentido dizer, como faz o<br />

revolucionário repetindo o mote de Marx, que é necessário<br />

transformar o mundo, se não se diz, repito, quais os resultados que<br />

se pretende alcançar e quais os meios a utilizar para isso.<br />

Não desejaria deter-me agora sobre os fins, até porque é muito<br />

mais fácil dizer aquilo que a gente não quer, como a exploração, a<br />

alienação, a corrupção, a arrogância do poder, e assim por diante, do<br />

que aquilo que desejaríamos colocar no lugar do capitalismo, do<br />

imperialismo, das multinacionais, da política de poder destinada a<br />

durar enquanto durar a soberania absoluta dos grandes Estados.<br />

Chegamos, finalmente, ao ponto que queríamos expor para nos<br />

fazermos entender, ou seja, o "socialismo de rosto humano". Como é<br />

isso possível? Quer então dizer que é possível um socialismo de rosto<br />

desumano? Mas o rosto desumano, para o revolucionário, não foi<br />

s<strong>em</strong>pre o rosto do capitalismo? Se continuarmos a falar da sociedade<br />

que rejeitamos e a deixar na sombra aquela por cuja concretização se<br />

luta, qu<strong>em</strong> nos assegura que ao capitalismo de rosto desumano não<br />

pode suceder um socialismo de rosto também desumano?<br />

Não pretendo por ora falar dos fins. Parece-me, entretanto,<br />

necessário e urgente falar dos meios, até porque dos fins sab<strong>em</strong>os<br />

pouco ou nada, enquanto os meios, de algum t<strong>em</strong>po a esta parte, <strong>em</strong><br />

nosso país, todos nós os t<strong>em</strong>os b<strong>em</strong> nítidos diante dos olhos: o<br />

primeiro de todos, o uso da violência. Além da frase feita de que "o<br />

mundo precisa mudar", pertence à ideologia do revolucionário um<br />

outro chavão, segundo o qual "o mundo não pode ser transformado<br />

senão com a violência". Também esta foi no início uma frase célebre,<br />

que todos os movimentos revolucionários insistent<strong>em</strong>ente repetiram:<br />

"A violência é a parteira de toda sociedade velha grávida de uma<br />

sociedade nova". E também essa frase célebre, que se tornou frase<br />

feita, é da autoria de Marx. S<strong>em</strong>pre que. na Itália, entraram <strong>em</strong> cena<br />

grupos que se declararam revolucionários, a violência foi pregada e

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