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As Ideologias e o Poder em Crise

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foi superada no projeto.<br />

No primeiro parágrafo que fala dela, após a dupla negação das<br />

social-d<strong>em</strong>ocracias e do sist<strong>em</strong>a nascido da Revolução de Outubro,<br />

diz-se que a nova transição para o socialismo t<strong>em</strong> raízes profundas<br />

na história da Europa, o que não nos ajuda muito a entender do que<br />

se trata, e depois que a saída deveria ser "um socialismo<br />

completamente d<strong>em</strong>ocrático" ou então "a instauração de uma nova<br />

ord<strong>em</strong> internacional de paz e de cooperação", coisa tão genérica que<br />

pode ser acolhida por qualquer pessoa, mesmo que não se considere<br />

um socialista e sim, vagamente, um humanitarista. Noutra<br />

passag<strong>em</strong> fala-se de "batalha por uma nova organização social e civil<br />

e por novos valores, com o objetivo de conseguir formas mais humanas<br />

e solidárias de vida" (par. 53). Algures adota-se a expressão<br />

"d<strong>em</strong>ocracia nova" (par. 67), e nos parágrafos 45 e 56 invoca-se<br />

repetidamente a "nova qualidade de vida".<br />

O que significa tudo isso? Lamento dizer que tais fórmulas, do<br />

ponto de vista de seu valor descritivo, não significam absolutamente<br />

nada. Têm um valor <strong>em</strong>otivo e só: o valor <strong>em</strong>otivo ligado a tudo aquilo<br />

que é apresentado como "novo" <strong>em</strong> relação ao que é rejeitado como<br />

"velho". Mas saber o conteúdo desse "novo", especialmente quando<br />

aparece <strong>em</strong> expressões desgastadíssimas como "novos valores" ou de<br />

expressões mais recentes mas também gastas como "nova qualidade<br />

de vida", permanece um mistério. É possível que um partido com uma<br />

tradição de rigor intelectual como o partido comunista possa<br />

contentar-se com fórmulas assim s<strong>em</strong> se dar conta da sua vacuidade<br />

e do seu caráter ilusório? Acredito que na questão de fórmulas de<br />

efeito <strong>em</strong> documentos e discursos políticos ninguém está inocente.<br />

Mas tratando-se de um documento com a pretensão de indicar novos<br />

objetivos e de se apresentar como uma espécie de manifesto da terceira<br />

via, t<strong>em</strong>os o direito de exigir dele maior precisão.<br />

Na parte <strong>em</strong> que as teses entram ao vivo nos probl<strong>em</strong>as da<br />

sociedade cont<strong>em</strong>porânea, especialmente da sociedade italiana, as<br />

propostas concretas não são muito originais e poderiam figurar

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