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As Ideologias e o Poder em Crise

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história, jamais conseguiram realizar, de uma coisa estou<br />

absolutamente certo: uma sociedade, qualquer que seja ela, para ser<br />

melhor do que a nossa, deverá ser menos violenta, até o limite do<br />

total desaparecimento da violência. Neste sentido e apenas neste se<br />

pode falar ajuizadamente de "extinção do Estado". Creio firm<strong>em</strong>ente<br />

que enquanto os homens não conseguir<strong>em</strong> encontrar uma forma de<br />

desistir da violência para resolver seus conflitos, e não encontrar<strong>em</strong><br />

uma forma de conviver s<strong>em</strong> recorrer à violência, quer se trate da<br />

violência das instituições, quer da violência daqueles que tentam<br />

destruir essas mesmas instituições, o curso da história continuará a<br />

ser o que s<strong>em</strong>pre foi, ou seja, uma monótona e quase obsessiva<br />

tragédia de lágrimas e de sangue. Creio firm<strong>em</strong>ente que o único e<br />

verdadeiro salto qualitativo da história humana é a passag<strong>em</strong> não do<br />

reino da necessidade ao reino da liberdade, mas do reino da violência<br />

ao reino da não-violência.<br />

Pois b<strong>em</strong>, como pod<strong>em</strong> crer os homens violentos, mesmo b<strong>em</strong>-<br />

intencionados, possuídos pelo d<strong>em</strong>ônio da violência, que perpetram<br />

com indiferença e total desprezo pela vida alheia atos terroristas — e,<br />

se não inteiramente terroristas (entendendo-se por terrorismo o<br />

assassinato de inocentes com a finalidade única de espalhar o pânico),<br />

pelo menos de violência enganosa, e o que é pior, indiscriminada —,<br />

que do medo e da simples destruição de vidas humanas pode nascer<br />

uma vida melhor? Ou que o uso da violência para destruir não<br />

gera o hábito da violência até para construir? Ou que o terror<br />

contra o Estado e o terror do Estado não são duas faces da mesma<br />

moeda? Ou que a exaltação da violência eversiva não conduz à cínica<br />

e cômoda aceitação da violência repressiva? Numa palavra, que a<br />

ruindade do meio não prejudica a excelência do fim?<br />

Desejaria que esse probl<strong>em</strong>a fosse discutido mais a fundo do que<br />

t<strong>em</strong> sido até agora, principalmente num país como o nosso, onde<br />

livros como Se il fine giustifica i mezzi de Giuliano Pontara 26 e<br />

Marxismo e non violenza 21 passaram quase despercebidos. Seria para<br />

desejar que, depois de tão sutis divagações sobre a máxima congênita

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