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As Ideologias e o Poder em Crise

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segura".<br />

Hegel, aplaudido ou censurado como o teórico do Estado total,<br />

e sob influência direta de Montesquieu, retoma muitas vezes o<br />

conceito da pluralidade das "esferas particulares" que Se<br />

desenvolv<strong>em</strong> nas sociedades mais avançadas como única garantia<br />

contra o poder absoluto do monarca, mais uma Vez como critério de<br />

distinção entre governo livre e governo despótico. A mais antiga forma<br />

de domínio, que é, segundo uma tradição secular, o despotismo<br />

oriental, caracteriza-se pela "totalidade da vida estatal... ainda<br />

involuída, uma vez que suas esferas particulares ainda não<br />

alcançaram autonomia própria". A forma mais moderna de domínio,<br />

que pára Hegel como para a maior parte dos filósofos da restauração<br />

ainda é a monarquia constitucional, caracteriza-se por um poder de<br />

natureza tal que "fora dele as diversas esferas dev<strong>em</strong> ter sua própria<br />

autonomia".<br />

Quando hoje se fala de pluralismo ou de concepção pluralista<br />

da sociedade, ou coisa s<strong>em</strong>elhante, entend<strong>em</strong>-se mais ou menos<br />

claramente essas três coisas. Antes de tudo, uma constatação de<br />

fato: nossas sociedades são sociedades complexas. Nelas se formaram<br />

esferas particulares relativamente autônomas, desde os sindicatos até<br />

os partidos, desde os grupos organizados até os grupos não-<br />

organizados, etc. Em segundo lugar, uma preferência: o melhor modo<br />

para organizar uma sociedade desse tipo é fazer com que o sist<strong>em</strong>a<br />

político permita aos vários grupos ou camadas sociais que se<br />

express<strong>em</strong> politicamente, particip<strong>em</strong>, direta ou indiretamente, na<br />

formação da vontade coletiva. Em terceiro lugar, uma refutação:<br />

uma sociedade política assim constituída é a antítese de toda forma<br />

de despotismo, <strong>em</strong> particular daquela versão moderna do despotismo<br />

a que se costuma chamar totalitarismo.<br />

No que toca, porém, à teoria tradicional dos corpos inter-<br />

mediários, o pluralismo cont<strong>em</strong>porâneo exprime uma tendência não<br />

somente antidespótica, mas também antiestatal, entendido o Estado,<br />

todo Estado, como um momento necessário mas não exclusivo da

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