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As Ideologias e o Poder em Crise

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Karl Marx era pluralista?<br />

Como era de se prever, o debate desenvolveu-se principalmente<br />

<strong>em</strong> torno do t<strong>em</strong>a pluralismo e socialismo, um t<strong>em</strong>a de muitas faces<br />

que convém manter separadas. Foram abordados, com destaque,<br />

quatro pontos, cada um dos quais mereceria uma exposição mais<br />

exaustiva do que é possível fazer nestas notas: 1. pluralismo e<br />

marxismo; 2. pluralismo e teoria (e prática) dos partidos marxistas;<br />

3. pluralismo e compromisso histórico; 4. pluralismo e sociedade<br />

socialista futura.<br />

Quanto ao primeiro ponto, r<strong>em</strong>eto o leitor às observações feitas<br />

por Pietro Rossi no artigo intitulado "É possível conciliar o<br />

pluralismo com Marx?", publicado <strong>em</strong> Il Giorno, <strong>em</strong> 19 de set<strong>em</strong>bro<br />

de 1976, e com as quais concordo inteiramente. Pluralismo e<br />

marxismo diverg<strong>em</strong>, segundo Rossi, tanto no que diz respeito à<br />

concepção geral da sociedade quanto <strong>em</strong> relação à concepção do<br />

partido. Segundo o pluralismo, a sociedade é constituída "por uma<br />

multiplicidade de grupos portadores de interesses diferentes mas não<br />

necessariamente incompatíveis"; para o marxismo, a sociedade "é<br />

formada de classes antagônicas". Para os pluralistas, por outro lado,<br />

a função dos partidos é representativa e mediadora, enquanto para<br />

os marxistas ela é representativa, mas não mediadora, pelo fato de o<br />

partido representar os interesses permanentes de uma só classe. No<br />

que diz respeito à filosofia da história, esta, segundo o marxismo, se<br />

funda numa sociedade s<strong>em</strong> classes e t<strong>em</strong> um fim preestabelecido e<br />

conclusivo no que se refere ao curso histórico até aqui realizado.<br />

Dessas observações, que me parec<strong>em</strong> corretas, decorre que o<br />

pluralismo <strong>em</strong> seu sentido específico não pode aplicar-se ao marxismo<br />

e, com maior razão, ao leninismo, s<strong>em</strong> que se faça um trabalho de<br />

revisão da doutrina até agora transmitida e canonizada, e s<strong>em</strong> corrermos<br />

o risco de ser acusados pelos ortodoxos de revisionismo. Observe-se que

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