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As Ideologias e o Poder em Crise

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contra os privilégios, como igualização das fortunas —, com a<br />

liberdade, tais tentativas são apenas miados se comparadas ao<br />

rugido do leão daqueles que continuam a dizer e repetidamente<br />

disseram aos operários poloneses: "O socialismo sou eu e coitado de<br />

qu<strong>em</strong> nele tocar".<br />

Socialismo e liberdade. Esse é o probl<strong>em</strong>a. Um probl<strong>em</strong>a que<br />

não foi resolvido porque, para os mais avisados, uma vez que a<br />

liberdade individual e a igualdade social são valores incompatíveis,<br />

como aliás todos os valores absolutos, o socialismo poderia dar mais<br />

igualdade apenas se concedesse menos liberdade. Com isso não<br />

quero dizer que socialismo e liberdade sejam incompatíveis. Quero<br />

dizer que o único socialismo que a história da humanidade conheceu<br />

até aqui, seja justo ou injusto chamá-lo assim, mostrou-se<br />

incompatível com a liberdade, E se alguém continuar a acreditar que<br />

a liberdade <strong>em</strong> suas variadas formas, seja como liberdade dos<br />

indivíduos contra o superpoder do Estado, seja como<br />

autodeterminação, deve ser considerada como um b<strong>em</strong>, o socialismo<br />

que levou a tais conseqüências hoje evidentes, e que já estavam<br />

implícitas <strong>em</strong> suas pr<strong>em</strong>issas, deve ser agora condenado s<strong>em</strong><br />

apelação.<br />

Da mesma forma o condenaram os operários poloneses. Os<br />

operários sim, e não os burgueses gordos e cheios de <strong>em</strong>páfia, de<br />

cigarro na boca e berloques descendo sobre a barriga, como nas<br />

caricaturas subversivas do pós-guerra. Uma condenação ex<strong>em</strong>plar<br />

porque feita <strong>em</strong> nome da liberdade, inclusive para defender o próprio<br />

salário, mas, <strong>em</strong> primeira e última instância, para pedir mais<br />

liberdade. E foi exatamente esse pedido de mais liberdade que fez<br />

dizer aos mais ortodoxos, <strong>em</strong>bora pouco nitidamente, que havia entre<br />

as reivindicações dos operários poloneses reivindicações não-<br />

socialistas.<br />

Volto às duas interpretações do socialismo real de onde parti.<br />

Há gente que acha que aceitando a segunda, a de que o socialismo<br />

real deve ser refutado não por ser mentira, mas porque é aquilo que

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