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As Ideologias e o Poder em Crise

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citado nunca) e de invectivas contra os adversários, tão exageradas e<br />

vulgares que não provocam nenhum movimento de indignação.<br />

Numa palavra, um monumento de retórica celebrativa e mentirosa.<br />

Uma prova, se ainda fosse necessário d<strong>em</strong>onstrar, dos tristes efeitos da<br />

falta de dissenso, a única coisa a manter vigilante a inteligência crítica e<br />

também um argumento que não podia ser mais convincente <strong>em</strong> favor da<br />

fecundidade do debate. Uma d<strong>em</strong>onstração de como se pode transformar<br />

uma obra de pensamento, que precisa ser continuamente colocada <strong>em</strong><br />

discussão para provar a própria vitalidade e o próprio núcleo de verdade,<br />

<strong>em</strong> puro instrumento de domínio.<br />

Sobre a vertente oposta vejamos o que escreve sobre Lenin e o que<br />

entende por leninismo Antônio Negri, teórico da nova esquerda<br />

revolucionária, 16 <strong>em</strong> seu livro La fabbrica della strategia. Como se percebe<br />

pelo título, o autor vê <strong>em</strong> Lenin mais do que o fundador de um novo<br />

Estado — o famoso Estado de transição que depois se tornou permanente.<br />

Negri vê <strong>em</strong> Lenin o primeiro grande criador de uma estratégia<br />

revolucionária (Lenin como o Napoleão da Revolução, que espera ainda seu<br />

Clausewitz), cujo escopo seria o de colocar não o probl<strong>em</strong>a do Estado mas<br />

até o próprio oposto que é o probl<strong>em</strong>a da destruição do Estado, onde a<br />

vontade de subversão e de poder "é o el<strong>em</strong>ento que caracteriza de maneira<br />

definitiva o leninismo e o transforma <strong>em</strong> categoria permanente, <strong>em</strong><br />

marco diferencial entre o que é revolucionário e o que não é". 17 Não ficam<br />

dúvidas contra qu<strong>em</strong> é dirigido o discurso de Negri e não precisamos<br />

comentá-lo.<br />

Com isso não quero dizer que não existam outras possíveis<br />

interpretações dos escritos e das obras de Lenin: ou catecismo do Estado<br />

ou manual do perfeito revolucionário.<br />

.<br />

(16) Negri, Antônio, La fabbrica della strategia. 33 lezioni su Lenin, Padova, 1976<br />

(17) Id<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>, p. 64.

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