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As Ideologias e o Poder em Crise

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E, se a justiça é proporção, ponderação da razão e do que não está<br />

certo, balanceamento entre a pena e a culpa, uma mensag<strong>em</strong> de<br />

absoluta injustiça?<br />

Penso com um sentimento de profunda humilhação na alma<br />

devastada daqueles jovens que, de acordo com uma correspondência<br />

de Pádua, publicada no Corriere della Sera de 24 de nov<strong>em</strong>bro,<br />

escreveram nos muros no próprio dia do atentado: "Os companheiros<br />

manifestam sua dor pela frustrada morte de Casalegno", e uma<br />

outra mão acrescentou no dia <strong>em</strong> que se cumpriu seu desejo:<br />

"Finalmente morreu".<br />

Incutir terror. Creio que a motivação profunda do terrorista é a<br />

de espalhar o pânico, de espalhar o medo, de suscitar o terror. De<br />

hoje <strong>em</strong> diante tereis medo de escrever um artigo, de fazer parte de<br />

um júri popular, de presidir a um processo, de defender um<br />

imputado (outro ex<strong>em</strong>plo macabro <strong>em</strong> nossa cidade foi o assassinato<br />

do advogado Croce), de des<strong>em</strong>penhar na sociedade esta ou aquela<br />

função que parece odiosa ao justiceiro. O escopo principal do<br />

terrorista é parecer "terrível". Mas é um escopo que o terrorismo<br />

individual ou de pequenos grupos, que executa ações forçadamente<br />

esporádicas, casuais e imprevisíveis, não pode nunca obter. Os<br />

jornalistas continuam a escrever, os processos continuam a<br />

desenvolver-se, as funções "odiosas" são exercidas habitualmente. O<br />

único terrorismo que não falha é o terrorismo de Estado, o Terror<br />

por excelência, conforme Stalin ensina. Dev<strong>em</strong>os então interpretar o<br />

terrorismo individual como uma prefiguração do terrorismo de<br />

Estado? Como uma simbólica e ameaçadora antecipação do grande<br />

massacre que se seguirá à conquista do poder?<br />

Se interrogo meu espírito frente a um evento do tipo do<br />

assassinato do amigo Casalegno, devo reconhecer que nele não<br />

domina o terror mas o horror, um sentimento b<strong>em</strong> mais profundo e<br />

b<strong>em</strong> mais difícil de descrever, quase insondável. Falando com outras<br />

pessoas sobre o efeito dos atos terroristas, apercebi-me de que o

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