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As Ideologias e o Poder em Crise

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A lição da história<br />

Qu<strong>em</strong> interpretou meu artigo "O dever de sermos pessimistas"<br />

como um convite à resignação e ao derrotismo ou não t<strong>em</strong> uma idéia<br />

clara do significado das palavras ou só leu o título e não o entendeu,<br />

ou então, extraindo artificialmente uma frase do contexto, lhe<br />

deformou o sentido, como aconteceu com o jornalista de L'Espresso<br />

que entrevistou Giorgio Amendola, a qu<strong>em</strong> responderei no mesmo<br />

jornal. Felizmente há também pessoas que apreenderam seu exato<br />

sentido: Lucio Coletti, numa declaração ao Corriere della Sera de 2 de<br />

junho de 1977, considerou meu pessimismo não como um convite à<br />

fuga, mas como um alerta aos políticos.<br />

O significado das palavras. Preliminarmente, quero dizer que<br />

quando falei de pessimismo quis referir-me ao pessimismo da<br />

inteligência, que, como todos sab<strong>em</strong>, é perfeitamente compatível com<br />

o assim chamado otimismo da vontade. "Resignação", ao contrário, é<br />

o pessimismo da vontade, uma vez que se pode falar corretamente de<br />

pessimismo, que é um modo de olhar a realidade, <strong>em</strong> relação à esfera<br />

da ação. Quanto a pessimismo e derrotismo, pessimista é aquele que<br />

t<strong>em</strong>e, e derrotista, aquele que espera o pior. Não é possível imaginar<br />

dois comportamentos mais antitéticos. O pessimista t<strong>em</strong>e o pior<br />

exatamente por desejar ardent<strong>em</strong>ente o melhor. A bandeira do<br />

derrotista é "quanto pior, melhor". O pessimismo constata que as<br />

coisas vão mal e fica profundamente perturbado com isso; o<br />

derrotista constata que as coisas vão mal e fica alegre com isso. O<br />

primeiro t<strong>em</strong> medo porque espera; o segundo não t<strong>em</strong> medo porque já<br />

perdeu toda a esperança e porque se desespera.<br />

De resto, esperança e t<strong>em</strong>or são dois estados de espírito que se<br />

convert<strong>em</strong> continuamente um no outro. Como escreveu Croce num<br />

dos seus belíssimos trechos de ética, que deveria ainda hoje voltar a<br />

ser lido, esses dois estados de espírito só não se convert<strong>em</strong> um no

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