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As Ideologias e o Poder em Crise

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que possibilitou a participação direta ou indireta dos cidadãos na<br />

vida política e administrativa da nação, favoreceu a formação dos<br />

partidos de massa e rapidamente provocou tentativas cada vez mais<br />

fortes para ampliar a esfera das instituições regidas segundo o<br />

princípio do poder a partir de baixo ou ascendente, e, na parte<br />

oposta, pelo processo de crescimento do aparelho estatal, do Estado<br />

chamado serviçal, que alargou enorm<strong>em</strong>ente a esfera das instituições<br />

regidas pelo princípio do poder a partir de cima ou descendente.<br />

Qu<strong>em</strong> se fixa só no primeiro processo interpreta o desenvolvimento<br />

do Estado cont<strong>em</strong>porâneo como o efeito da conquista da cidadela do<br />

poder político por parte da sociedade civil, a partir de uma<br />

transformação tão radical das tradicionais relações entre sociedade e<br />

Estado que vai levando, aos poucos, à dissolução do Estado e talvez,<br />

até, à sua extinção. Qu<strong>em</strong> se detém apenas no segundo processo<br />

acha que se está generalizando o processo de "estatalização" que era<br />

tido como próprio dos Estados totalitários, a nível patológico de<br />

organização política, um processo cujo destino seria conduzir o<br />

Estado, paulatinamente, a ocupar a sociedade inteira e a suprimir,<br />

definitivamente, a sociedade civil.<br />

Não é preciso dizer que tanto uma análise como a outra são<br />

unilaterais. <strong>As</strong> duas têm razão naquilo que afirmam e estão erradas<br />

naquilo que negam. Os dois processos, que chamarei de<br />

d<strong>em</strong>ocratização da sociedade e de burocratização do Estado, são<br />

paralelos, interdependentes, e, até prova <strong>em</strong> contrário, irreversíveis.<br />

Já disse por que são paralelos. Mas, mais que isso, são<br />

interdependentes: o Estado serviçal (na Itália, para dizer a verdade,<br />

seria mais exato falar de Estado desserviçal), qualquer que seja o<br />

modo como se interpreta ou interpretado mesmo, como faz<strong>em</strong> os<br />

neomarxistas, como um conjunto de serviços prestados ao<br />

capitalismo e à valorização do capital, como "Estado do capital", é o<br />

produto, aceito ou não, da influência que através do sufrágio<br />

universal e da constituição dos partidos organizados as massas, <strong>em</strong><br />

número cada vez maior, puderam exercer sobre a classe governante

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