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As Ideologias e o Poder em Crise

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"parece-me impossível que o fim da primeira república possa ser<br />

evitado" — era a conclusão de um raciocínio hipotético, do tipo "se...<br />

então", A conclusão de um silogismo desligada de suas pr<strong>em</strong>issas é<br />

como uma árvore s<strong>em</strong> raízes, um balão que, uma vez rompida a<br />

corda que o mantém preso ao chão, sobe no ar ou arrebenta. O meu<br />

raciocínio era deste tipo: se é verdade que as funções fundamentais<br />

do Estado são estas e não outras (pr<strong>em</strong>issa maior), se é verdade que o<br />

Estado italiano está exercendo cada vez pior estas funções (pr<strong>em</strong>issa<br />

menor), então é inevitável que... Tal raciocínio pode e deve ser<br />

refutado, como aliás já o fizeram, com argumentos dignos de ser<strong>em</strong><br />

meditados e discutidos, Alessandra Passerin d'Entrèves <strong>em</strong> La<br />

Stampa 45 e Paolo Farneti <strong>em</strong> Il Mondo. 46 Mas não se pode tomar a<br />

conclusão isoladamente e comentá-la dizendo que é "muito grave". O<br />

que é grave: a conclusão ou as pr<strong>em</strong>issas?<br />

O meu propósito (não excluo que o tenha executado de uma<br />

forma menos apta) era tentar extrair uma lição da história. Todos<br />

sab<strong>em</strong> que a respeito dos fatos do passado a história não se pode<br />

fazer com "ses". Não t<strong>em</strong> sentido perguntar o que teria acontecido se<br />

as coisas se tivess<strong>em</strong> passado de outra maneira, pela simples razão<br />

de que o encadeamento das causas é tão complexo que, se for tirada<br />

uma ("se Mussolini não tivesse declarado guerra...") ou acrescentada<br />

outra ("se o rei tivesse declarado o estado de sítio quando os<br />

esquadrões fascistas estavam para marchar sobre Roma..."),<br />

sucederá o mesmo que com a criança incapaz de substituir uma<br />

carta no castelo pacient<strong>em</strong>ente construído s<strong>em</strong> o fazer cair. Somente<br />

partindo do necessário, ou seja, daquilo que aconteceu porque tinha<br />

que acontecer, pod<strong>em</strong>os saber quais as coisas impossíveis. Mas uma<br />

vez arranhado com uma simples unhada o muro do necessário tudo<br />

se torna possível.<br />

(45) ''I due medici, della crisi", 24 de maio de 1977.<br />

(46) "In fondo al tunnel c'è la d<strong>em</strong>ocrazia", n° 22, 1° de junho de 1977.

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