Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
lo e botas altas, afivelando à cintura um pesado cinto <strong>de</strong> medalhões <strong>de</strong><br />
ouro e prata. Sobre o seu peito marcado por cicatrizes, enfiou um colete<br />
pintado, velho e <strong>de</strong>sbotado, aquele <strong>de</strong> que Drogo mais gostara. Para si<br />
escolheu calças largas <strong>de</strong> sedareia, sandálias atadas a meio da perna e um<br />
colete como o <strong>de</strong> Drogo.<br />
O sol estava a <strong>de</strong>scer quando os voltou a chamar para levarem o<br />
corpo <strong>de</strong>le para a pira. Os dothraki observaram em silêncio quando Jhogo<br />
e Aggo o trouxeram da tenda. Dany seguia-os. Depositaram-no nas<br />
almofadas e sedas, com a cabeça voltada para a Mãe das Montanhas, lá<br />
longe para nor<strong>de</strong>ste.<br />
— Óleo — or<strong>de</strong>nou ela, e trouxeram os jarros e <strong>de</strong>spejaram-nos<br />
sobre a pira, empapando as sedas, os arbustos e os feixes <strong>de</strong> erva seca, até<br />
que o óleo pingou sob os toros e o ar ficou rico <strong>de</strong> fragrâncias. — Tragam-me<br />
os meus ovos — or<strong>de</strong>nou Dany às aias. Algo na voz <strong>de</strong>la fê-las<br />
correr.<br />
Sor Jorah pegou-lhe no braço.<br />
— Minha rainha, Drogo não terá nenhuma utilida<strong>de</strong> para ovos <strong>de</strong><br />
dragão nas terras da noite. É melhor vendê-los em Asshai. Ven<strong>de</strong>i um, e<br />
po<strong>de</strong>reis comprar um navio que nos leve <strong>de</strong> volta para as Cida<strong>de</strong>s Livres.<br />
Ven<strong>de</strong>i os três, e sereis uma mulher abastada até ao fim dos vossos dias.<br />
— Não me foram dados para ven<strong>de</strong>r — disse-lhe Dany.<br />
Trepou ela mesma para a pira para colocar os ovos em volta do seu<br />
sol-e-estrelas. O negro junto ao coração, <strong>de</strong>baixo do braço. O ver<strong>de</strong> ao<br />
lado da cabeça, com a trança enrolada nele. O creme e dourado entre as<br />
pernas. Quando o beijou pela última vez, Dany sentiu a doçura do óleo<br />
nos seus lábios.<br />
Ao <strong>de</strong>scer da pira, reparou que Mirri Maz Duur a observava.<br />
— És louca — disse roucamente a esposa <strong>de</strong> <strong>de</strong>us.<br />
— Há assim tão gran<strong>de</strong> distância entre a loucura e a sabedoria?<br />
— perguntou Dany. — Sor Jorah, atai esta maegi à pira.<br />
— À pir… minha rainha, não, escutai-me…<br />
— Fazei o que eu digo. — Mesmo assim ele hesitou até que a ira<br />
<strong>de</strong>la flamejou. — Jurastes obe<strong>de</strong>cer-me, acontecesse o que acontecesse.<br />
Rhakharo, ajuda-o.<br />
A esposa <strong>de</strong> <strong>de</strong>us não gritou quando a arrastaram para a pira <strong>de</strong><br />
Khal Drogo e a pren<strong>de</strong>ram entre os seus tesouros. Foi a própria Dany a<br />
<strong>de</strong>spejar o óleo na cabeça da mulher.<br />
— Agra<strong>de</strong>ço-te, Mirri Maz Duur — disse — pelas lições que me<br />
ensinaste.<br />
— Não me ouvirás gritar — respon<strong>de</strong>u Mirri enquanto o óleo lhe<br />
pingava da cabeça e ensopava as suas roupas.<br />
105