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Untitled - Saída de Emergência

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De forma distante, como que <strong>de</strong> muito longe, Dany ouviu a aia Jhiqui<br />

a soluçar <strong>de</strong> medo, suplicando porque não se atrevia a traduzir, porque o<br />

khal a ataria e a arrastaria atrás do seu cavalo ao longo <strong>de</strong> todo o caminho<br />

até ao cume da Mãe das Montanhas. Pôs o braço em torno da rapariga.<br />

— Não tenhas medo — disse. — Eu conto-lhe.<br />

Não sabia se tinha palavras suficientes, mas quando terminou Khal<br />

Drogo proferiu algumas frases bruscas em dothraki, e soube que ele compreen<strong>de</strong>ra.<br />

O sol da sua vida <strong>de</strong>sceu do banco elevado.<br />

— Que disse ele? — perguntou-lhe o homem que fora seu irmão, vacilando.<br />

O salão ficara tão silencioso, que conseguia ouvir os sinos no cabelo<br />

<strong>de</strong> Khal Drogo, tilintando suavemente a cada passo que dava. Os seus companheiros<br />

<strong>de</strong> sangue seguiram-no, como três sombras <strong>de</strong> cobre. Daenerys<br />

gelara por completo.<br />

— Diz que terás uma magnífica coroa <strong>de</strong> ouro, que os homens tremerão<br />

<strong>de</strong> contemplar.<br />

Viserys sorriu e baixou a espada. Isso foi o mais triste, aquilo que a<br />

<strong>de</strong>spedaçou mais tar<strong>de</strong>… o modo como ele sorriu.<br />

— Era tudo o que eu queria — disse ele. — O que foi prometido.<br />

Quando o sol da sua vida a alcançou, Dany pôs-lhe um braço em<br />

torno da cintura. O khal disse uma palavra, e os seus companheiros <strong>de</strong> sangue<br />

saltaram em frente. Qotho agarrou pelos braços o homem que fora seu<br />

irmão. Haggo estilhaçou-lhe o pulso com um único torção brusco das suas<br />

enormes mãos. Cohollo tirou a espada dos <strong>de</strong>dos sem força. Mesmo agora,<br />

Viserys não compreendia.<br />

— Não — gritou — não po<strong>de</strong>is tocar-me, eu sou o dragão, o dragão,<br />

e vou ser coroado!<br />

Khal Drogo <strong>de</strong>satou o cinto. Os medalhões eram <strong>de</strong> ouro puro, maciços<br />

e ornamentados, todos tão gran<strong>de</strong>s como a mão <strong>de</strong> um homem. Gritou<br />

uma or<strong>de</strong>m. Escravos cozinheiros tiraram um pesado cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> ferro da<br />

fogueira, <strong>de</strong>spejaram o guisado no chão e <strong>de</strong>volveram o cal<strong>de</strong>irão às chamas.<br />

Drogo atirou o cinto lá para <strong>de</strong>ntro e ficou a observar sem expressão<br />

os medalhões que ficavam vermelhos e começavam a per<strong>de</strong>r a forma. Ela<br />

conseguia ver fogos a dançar no ónix dos seus olhos. Uma escrava entregou-lhe<br />

um par <strong>de</strong> espessas luvas <strong>de</strong> pêlo <strong>de</strong> cavalo, e ele calçou-as, sem<br />

chegar a <strong>de</strong>itar um relance que fosse ao homem.<br />

Viserys começou a gritar o agudo, inarticulado grito do cobar<strong>de</strong> que<br />

enfrenta a morte. Esperneou e retorceu-se, ganiu como um cão e berrou<br />

como uma criança, mas os Dothraki mantiveram-no bem seguro entre<br />

eles. Sor Jorah abrira caminho até junto <strong>de</strong> Dany. Pousou-lhe uma mão no<br />

ombro.<br />

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