You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— Fá-lo.<br />
A maegi anuiu solenemente.<br />
— Será feito como dizeis. Chamai os vossos servos.<br />
Khal Drogo contorceu-se <strong>de</strong>bilmente quando Rakharo e Quaro o puseram<br />
no banho.<br />
— Não — murmurou — não. Tenho <strong>de</strong> montar. — Uma vez <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> água, toda a força pareceu escoar-se do seu corpo.<br />
— Trazei o seu cavalo — or<strong>de</strong>nou Mirri Maz Duur, e foi o que fizeram.<br />
Jhiqui levou o gran<strong>de</strong> garanhão vermelho para o interior da tenda.<br />
Quando o animal sentiu o cheiro da morte, relinchou e recuou, rolando os<br />
olhos. Foram precisos três homens para o subjugar.<br />
— Que tencionas fazer? — perguntou Dany.<br />
— Precisamos do sangue — respon<strong>de</strong>u Mirri. — É esse o caminho.<br />
Jhogo afastou-se com cautela, com a mão sobre o arakh. Era um jovem<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zasseis anos, magro como um chicote, <strong>de</strong>stemido, <strong>de</strong> riso fácil,<br />
com a leve sombra do seu primeiro bigo<strong>de</strong> no lábio superior. Caiu <strong>de</strong> joelhos<br />
perante ela.<br />
— Khaleesi — suplicou — não <strong>de</strong>veis fazer isto. Deixai-me matar esta<br />
maegi.<br />
— Se a matares matarás o teu khal — disse Dany.<br />
— Isto é magia <strong>de</strong> sangue — disse ele. — É proibido.<br />
— Sou khaleesi, e digo que não é proibido. Em Vaes Dothrak, Khal<br />
Drogo matou um garanhão e eu comi o seu coração, para dar ao nosso filho<br />
força e coragem. Isto é a mesma coisa. A mesma.<br />
O garanhão escoiceou e recuou quando Rakharo, Quaro e Aggo o<br />
puxaram para perto da banheira on<strong>de</strong> o khal flutuava como se já estivesse<br />
morto, com sangue e pus a escorrer da sua ferida para ir sujar as águas.<br />
Mirri Maz Duur entoou um cântico com palavras numa língua que Dany<br />
não conhecia, e uma faca surgiu-lhe na mão. Dany não chegou a ver <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> a retirou. Parecia velha; bronze vermelho batido, em forma <strong>de</strong> folha,<br />
com a lâmina coberta <strong>de</strong> antigos glifos. A maegi empurrou-a através da garganta<br />
do garanhão, sob a sua nobre cabeça, e o cavalo gritou e estremeceu<br />
enquanto o sangue jorrava numa torrente vermelha. Teria caído, mas os<br />
homens do khas <strong>de</strong> Dany mantiveram-no sobre as patas.<br />
— Força da montada, passa para o cavaleiro — cantou Mirri enquanto<br />
o sangue do cavalo voluteava para <strong>de</strong>ntro das águas do banho <strong>de</strong> Drogo.<br />
— Força do animal, passa para o homem.<br />
Jhogo parecia aterrorizado enquanto lutava contra o peso do garanhão,<br />
com medo <strong>de</strong> tocar na carne morta, mas também com medo <strong>de</strong> a<br />
largar. É só um cavalo, pensou Dany. Se podia comprar a vida <strong>de</strong> Drogo com<br />
a morte <strong>de</strong> um cavalo, pagaria esse preço mil vezes.<br />
86