31.10.2014 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> vinhos em pé. — Também vos presenteio com os seus bens,<br />

princesa — continuou o capitão mercador. — É um pequeno sinal <strong>de</strong> pesar<br />

por um dos meus ter feito uma coisa <strong>de</strong>stas.<br />

Doreah e Jhiqui ajudaram Dany a erguer-se. O vinho envenenado<br />

jorrava do casco partido para o chão.<br />

— Como soubestes? — perguntou ela a Sor Jorah, tremendo. —<br />

Como?<br />

— Não sabia, khaleesi, pelo menos até que o homem se recusou a beber,<br />

mas assim que li a carta do Magíster Illyrio, tive receio. — Os seus olhos<br />

escuros varreram os rostos dos estranhos no mercado. — Vin<strong>de</strong>. É melhor<br />

não falar disto aqui.<br />

Dany estava quase em lágrimas quando a levaram <strong>de</strong> volta. O sabor<br />

que trazia na boca era um sabor que já conhecera: o medo. Vivera anos<br />

no terror <strong>de</strong> Viserys, com medo <strong>de</strong> acordar o dragão. Isto era ainda pior.<br />

Agora não temia apenas por si própria, mas pelo bebé. Ele <strong>de</strong>via ter-lhe<br />

sentido o medo, porque se movia sem <strong>de</strong>scanso no seu interior. Dany afagou<br />

suavemente o inchaço da barriga, <strong>de</strong>sejando po<strong>de</strong>r alcançá-lo, tocá-lo,<br />

acalmá-lo.<br />

— És do sangue do dragão, pequeno — segredou enquanto a liteira<br />

balouçava pelo caminho fora, <strong>de</strong> cortinas bem corridas. — És do sangue do<br />

dragão, e o dragão não sente medo.<br />

Sob o outeiro oco <strong>de</strong> terra que era a sua casa em Vaes Dothrak, Dany<br />

or<strong>de</strong>nou-lhes que a <strong>de</strong>ixassem… todos menos Sor Jorah.<br />

— Dizei-me — or<strong>de</strong>nou enquanto se <strong>de</strong>ixava cair sobre as almofadas.<br />

— Foi o Usurpador?<br />

— Sim. — O cavaleiro puxou <strong>de</strong> um pergaminho dobrado. — Uma<br />

carta para Viserys, do Magíster Illyrio. Robert Baratheon oferece terras e<br />

títulos pela vossa morte ou pela do vosso irmão.<br />

— Do meu irmão? — O soluço foi meia gargalhada. — Ele ainda<br />

não sabe, pois não? O Usurpador <strong>de</strong>ve a Drogo um título. — Daquela<br />

vez, a gargalhada foi meio soluço. Apertou os braços em volta do corpo,<br />

num gesto protector. — E pela minha, dissestes. Só a minha?<br />

— A vossa e a da criança — disse Sor Jorah, sombrio.<br />

— Não. Ele não po<strong>de</strong> ter o meu filho. — Não choraria, <strong>de</strong>cidiu.<br />

Não tremeria com medo. O Usurpador agora acordou o dragão, disse a<br />

si própria… e os olhos <strong>de</strong>sviaram-se para os ovos <strong>de</strong> dragão que <strong>de</strong>scansavam<br />

no seu ninho <strong>de</strong> veludo escuro. A oscilante luz da can<strong>de</strong>ia<br />

iluminava as suas escamas <strong>de</strong> pedra e grãos <strong>de</strong> pó que tremeluziam em<br />

ja<strong>de</strong>, escarlate e ouro e dançavam no ar à sua volta, como cortesãos em<br />

torno <strong>de</strong> um rei.<br />

Teria sido a loucura que a tomou naquele momento, nascida do<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!