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monta o mundo. Foi profetizado. É melhor matar a criança do que arriscar<br />
a sua fúria quando crescer até ser homem.<br />
O bebé <strong>de</strong>u um pontapé, como se tivesse ouvido. Dany recordou a<br />
história que Viserys lhe contara sobre o que os cães do Usurpador tinham<br />
feito aos filhos <strong>de</strong> Rhaegar. O filho <strong>de</strong>le também fora um bebé, e mesmo<br />
assim tinham-no arrancado ao peito da mãe e esmagado a cabeça contra<br />
uma pare<strong>de</strong>. Assim eram os costumes dos homens.<br />
— Não po<strong>de</strong>m fazer mal ao meu filho! — gritou. — Or<strong>de</strong>narei ao<br />
meu khas que o mantenha a salvo, e os companheiros <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Drogo<br />
irão…<br />
Sor Jorah agarrou-a pelos ombros.<br />
— Um companheiro <strong>de</strong> sangue morre com o seu khal. Sabeis disso,<br />
filha. Levar-vos-ão para Vaes Dothrak, para as feiticeiras, é o último <strong>de</strong>ver<br />
que têm para com ele em vida… quando o cumprirem, juntar-se-ão a Drogo<br />
nas terras da noite.<br />
Dany não queria voltar para Vaes Dothrak e viver o resto da vida entre<br />
aquelas terríveis velhas, mas sabia que o cavaleiro falava verda<strong>de</strong>. Drogo<br />
fora mais do que o seu sol-e-estrelas; fora o escudo que a mantivera a salvo.<br />
— Não <strong>de</strong>ixarei que isso aconteça — disse ela teimosamente, numa<br />
voz infeliz. Voltou a pegar-lhe na mão. — Não <strong>de</strong>ixarei.<br />
Uma agitação na aba da tenda fez Dany virar a cabeça. Mirri Maz Duur<br />
entrou, com uma profunda vénia. Dias <strong>de</strong> marcha atrás do khalasar tinham-<br />
-na <strong>de</strong>ixado coxa e <strong>de</strong>scomposta, com bolhas sangrentas nos pés e covas sob<br />
os olhos. Atrás <strong>de</strong>la entraram Qotho e Haggo, transportando o cofre da esposa<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>us entre ambos. Quando os companheiros <strong>de</strong> sangue repararam<br />
na ferida <strong>de</strong> Drogo, o cofre <strong>de</strong>slizou dos <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> Haggo e tombou ao chão<br />
da tenda, e Qotho soltou uma praga tão forte que empestou o ar.<br />
Mirri Maz Duur estudou Drogo, mantendo o rosto imóvel e morto.<br />
— A ferida ulcerou.<br />
— Isto é trabalho teu, maegi — disse Qotho. Haggo atirou o punho<br />
contra o queixo <strong>de</strong> Mirri com um estalo carnudo que a atirou ao chão. Depois<br />
pontapeou-a.<br />
— Parai com isso! — gritou Dany.<br />
Qotho afastou Haggo da mulher, dizendo:<br />
— Pontapés são <strong>de</strong>masiada misericórdia para uma maegi. Leva-a lá<br />
para fora. Vamos prendê-la a uma estaca, para que sirva <strong>de</strong> montada a todos<br />
os homens que passarem por ela. E quando já nenhum a quiser, os cães<br />
usá-la-ão também. Doninhas rasgar-lhe-ão as entranhas e gralhas pretas<br />
<strong>de</strong>liciar-se-ão com os seus olhos. As moscas do rio <strong>de</strong>positarão os seus ovos<br />
no ventre <strong>de</strong>la, e beberão pus das ruínas dos seus seios… — Enterrou <strong>de</strong>dos<br />
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