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Untitled - Saída de Emergência

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cinzas saltavam <strong>de</strong> um braseiro e Dany seguiu-os com os olhos enquanto<br />

atravessavam o buraco do fumo, no topo da tenda. Voar, pensou. Tinha asas,<br />

estava a voar. Mas fora apenas um sonho.<br />

— Ajuda-me — sussurrou, lutando por se erguer. — Traz-me — Tinha<br />

a voz em sangue como uma ferida, e não conseguia pensar no que<br />

queria. Porque doía tanto? Era como se o seu corpo tivesse sido rasgado às<br />

fatias e reconstruído. — Quero…<br />

— Sim, Khaleesi. — E nesse mesmo instante, Jhiqui partira, saltando<br />

da tenda, aos gritos. Dany precisava… <strong>de</strong> alguma coisa… <strong>de</strong> alguém… <strong>de</strong><br />

quê? Sabia que era importante. Era a única coisa do mundo que importava.<br />

Rolou <strong>de</strong> lado e pôs um cotovelo sob o corpo, lutando contra a manta que<br />

se lhe emaranhava nas pernas. Mexer-se era tão difícil. O mundo nadou,<br />

entontecido. Tenho <strong>de</strong>…<br />

Encontraram-na caída sobre o tapete, rastejando na direcção dos seus<br />

ovos <strong>de</strong> dragão. Sor Jorah Mormont ergueu-a nos braços e levou-a <strong>de</strong> volta<br />

às sedas <strong>de</strong> dormir, enquanto ela lutava <strong>de</strong>bilmente contra ele. Por cima do<br />

ombro do cavaleiro, viu as suas três aias, Jhogo com a sua pequena sombra<br />

<strong>de</strong> bigo<strong>de</strong>, e a cara larga e achatada <strong>de</strong> Mirri Maz Duur.<br />

— Tenho — tentou dizer-lhes — preciso <strong>de</strong>…<br />

— … dormir, princesa — disse Sor Jorah.<br />

— Não — disse Dany. — Por favor. Por favor.<br />

— Sim. — Cobriu-a com seda apesar <strong>de</strong>la estar a ar<strong>de</strong>r. — Dormi e<br />

ficai <strong>de</strong> novo forte, khaleesi. Voltai para nós. — E então Mirri Maz Duur<br />

estava ali, a maegi, inclinando uma taça contra os seus lábios. Soube-lhe a<br />

leite azedo, e a mais qualquer coisa, algo espesso e amargo. Líquido quente<br />

escorreu-lhe pelo queixo. Sem saber bem como, engoliu. A tenda ficou<br />

mais sombria, e o sono tomou-a <strong>de</strong> novo. Desta vez não sonhou. Flutuou,<br />

serena e em paz, num mar negro que não conhecia litorais.<br />

Depois <strong>de</strong> algum tempo — uma noite, um dia, um ano, não saberia<br />

dizer — voltou a acordar. A tenda estava escura, com as pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seda a<br />

bater como asas quando as rajadas <strong>de</strong> vento sopravam lá fora. Daquela vez,<br />

Dany não tentou levantar-se.<br />

— Irri — chamou — Jhiqui, Doreah. — Chegaram imediatamente.<br />

— Tenho a garganta seca — disse — tão seca — e trouxeram-lhe água. Estava<br />

tépida e sem sabor, mas Dany bebeu sofregamente e mandou Jhiqui<br />

buscar mais. Irri hume<strong>de</strong>ceu um pano suave e afagou-lhe a testa. — Estive<br />

doente — disse Dany. A rapariga dothraki confirmou com um gesto.<br />

— Quanto tempo? — O pano era calmante, mas Irri parecia tão triste que<br />

a assustou.<br />

— Muito — sussurrou a rapariga. Quando Jhiqui regressou com mais<br />

água, Mirri Maz Duur veio com ela, com olhos pesados <strong>de</strong> sono.<br />

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