2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
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VOLUME 1<br />
<strong>de</strong>ram na década posterior, ainda que por meio da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> campanhas<br />
para a educação <strong>de</strong> adoles<strong>ce</strong>ntes e <strong>de</strong> adultos, como forma <strong>de</strong> combater<br />
o analfabetismo no País. Era urgente, entretanto, se fazer algo, pois que,<br />
<strong>de</strong> acordo com o re<strong>ce</strong>nseamento <strong>de</strong> 1940, 55% da população brasileira,<br />
maior <strong>de</strong> 18 anos, era analfabeta. E o analfabetismo era apontado como<br />
indicador do atraso dos países e causa da pobreza no Ter<strong>ce</strong>iro Mundo.<br />
Na década <strong>de</strong> 1940, o sistema público <strong>de</strong> educação elementar expandiu<br />
o seu atendimento aos adultos, criando as primeiras escolas supletivas<br />
no Brasil. Em 1945, foi instituída UNESCO, que se <strong>de</strong>dicou a<br />
estimular a realização <strong>de</strong> programas nacionais <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> adultos<br />
analfabetos nas “regiões atrasadas” do Mundo. O Governo brasileiro<br />
criou, em 1947, a Campanha <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Adultos, que visava a promover<br />
a alfabetização, o ensino primário e, por fim, a capacitação profissional<br />
<strong>de</strong> adultos.<br />
Uma gran<strong>de</strong> transformação na educação <strong>de</strong> adultos começou a se<br />
manifestar no inicio da década <strong>de</strong> 1960, época em que o educador pernambucano<br />
Paulo Freire propôs uma reformulação pedagógica do ensino<br />
<strong>de</strong> adultos, baseada nos princípios da educação popular. A proposta<br />
<strong>de</strong> Freire vem valorizar a ética do educador e a bagagem cultural<br />
do educando. Em vez <strong>de</strong> trabalhar com cartilhas prontas, Freire propôs<br />
aos(as) educadores(as) que buscassem compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> dos(as)<br />
educandos(as), partindo do universo cultural <strong>de</strong> cada um(a), para a<strong>de</strong>quarem<br />
o estudo da escrita e da leitura à problematização <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>.<br />
Com o advento do regime militar em 1964, a educação popular passou<br />
a ser reprimida, pois o Governo consi<strong>de</strong>rava uma ameaça à or<strong>de</strong>m<br />
pública. Em seu lugar, os militares instituíram o Movimento Brasileiro <strong>de</strong><br />
Alfabetização (Mobral). O Mobral adaptou alguns dos pro<strong>ce</strong>dimentos da<br />
educação popular, mas evitava problematizar a realida<strong>de</strong> dos estudantes,<br />
procurando integrá-la a uma realida<strong>de</strong> mais “mo<strong>de</strong>rna”, i<strong>de</strong>alizada pelo<br />
Governo. Apesar da repressão que sofriam, algumas entida<strong>de</strong>s espalhadas<br />
pelo Brasil continuavam promovendo a educação popular.<br />
Por ocasião da abertura política da década <strong>de</strong> 1980, a população intensificou<br />
as críticas ao Mobral, consi<strong>de</strong>rando-o ultrapassado. O Mobral foi<br />
extinto em 1985 e substituído pela Fundação Educar, que passou a financiar<br />
iniciativas <strong>de</strong> governos locais, entida<strong>de</strong>s civis e empresas conveniadas.<br />
Em 1990, o Governo extinguiu a Fundação Educar e, a partir <strong>de</strong> então,<br />
se priorizou o financiamento do ensino fundamental compreendido<br />
na faixa etária <strong>de</strong> sete aos 14 anos. Com isso, a educação <strong>de</strong> jovens<br />
e adultos ficou restrita a iniciativas públicas <strong>de</strong> estados e municípios,<br />
além <strong>de</strong> iniciativas privadas. No final da década <strong>de</strong> 1990, o Governo<br />
brasileiro preocupou-se em estabele<strong>ce</strong>r diretrizes para a educação <strong>de</strong><br />
jovens e adultos no País. Depois <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> estudos, o Ministério<br />
da Educação lançou a Proposta Curricular para a Educação <strong>de</strong> Jovens e<br />
Adultos, em 2001.<br />
Em julho <strong>de</strong> 1997, ocorreu em Hamburgo a V Conferência Internacional<br />
<strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Pessoas Jovens e Adultas (CONFINTEA). Esta causou<br />
um bom impacto no Brasil, por meio dos diálogos potencializados nas<br />
reuniões preparatórias, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando inclusive a criação <strong>de</strong> fóruns estaduais<br />
e planejamento <strong>de</strong> encontros anuais. Já ocorreram 11 encontros<br />
nacionais – ENEJA.<br />
Neste movimento <strong>de</strong> fortale<strong>ce</strong>r as discussões em torno da modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> EJA, o Ministério da Educação amplia a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate nacional por<br />
meio da <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Educação Continuada, Alfabetização e Diversida<strong>de</strong><br />
(SECAD), criada em 2004. Nela estão reunidos temas como alfabetização<br />
e educação <strong>de</strong> jovens e adultos, educação do campo, educação<br />
ambiental, educação em direitos humanos, educação escolar indígena e<br />
diversida<strong>de</strong> étnico-racial.<br />
A Resolução CD/FNDE n º 65, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007, regulamenta<br />
a Agenda Territorial <strong>de</strong> Desenvolvimento Integrado <strong>de</strong> Alfabetização e<br />
Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos (Agenda Territorial <strong>de</strong> EJA), e consolida as<br />
estratégias para articulação territorial das ações <strong>de</strong> alfabetização e <strong>de</strong> educação<br />
<strong>de</strong> jovens e adultos, valendo-se <strong>de</strong> análise diagnóstica, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
objetivos e metas que subsidiem a implementação e gestão <strong>de</strong>stas ações.<br />
Em 2008, a educação <strong>de</strong> jovens e adultos passou a ser financiada<br />
com recursos do FUNDEB e, em 2009, pela Resolução nº 51/09, a educação<br />
<strong>de</strong> jovens e adultos inseriu-se no Programa Nacional do Livro Didático<br />
(PNLDEJA).<br />
Nos últimos anos, milhões <strong>de</strong> jovens e adultos voltaram a estudar,<br />
mas muitos <strong>de</strong>les ainda enfrentam gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s materiais <strong>de</strong><br />
se inserir e permane<strong>ce</strong>r na escola. Por isso, todos, cidadãos e cidadãs<br />
brasileiros(as), precisam empenhar-se na obtenção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong>mocrática, em que todos possam ter a<strong>ce</strong>sso a uma educação <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>. Do mesmo modo, a escola há que repensar suas práticas e organização<br />
para fazer frente aos <strong>de</strong>safios que a EJA apresenta, com respeito<br />
às capacida<strong>de</strong>s, inter-relações culturais e <strong>de</strong>senvolvimento intelectual<br />
dos sujeitos, ante as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem, as peculiarida<strong>de</strong>s<br />
visuais, auditivas e motoras.<br />
4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />
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