2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
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VOLUME 1<br />
Para que a biblioteca escolar <strong>de</strong>senvolva sua dinâmica <strong>de</strong> atendimento,<br />
faz-se ne<strong>ce</strong>ssária a presença <strong>de</strong> a<strong>ce</strong>rvos variados e significativos, que<br />
proporcionem, <strong>de</strong>ntre as <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s, o uso <strong>de</strong> múltiplas fontes <strong>de</strong><br />
informação, o <strong>de</strong>senvolvimento da criativida<strong>de</strong> do leitor, uma dinâmica<br />
<strong>de</strong> recursos e serviços.<br />
O funcionamento da biblioteca na escola é condição fundamental para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do pro<strong>ce</strong>sso <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, para que se<br />
possa, por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e escrita, propiciar aos estudantes,<br />
professores e comunida<strong>de</strong> escolar apoio à formação básica para o exercício<br />
pleno da cidadania. Este funcionamento <strong>de</strong>ve ser articulado a projetos<br />
da comunida<strong>de</strong>, do município, do estado e do Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Com vistas a investir na cultura da leitura, é válido ressaltar a articulação<br />
da <strong>Secretaria</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> Educação com as escolas da Re<strong>de</strong> Pública<br />
<strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> Ensino, mediante implantação do Sistema <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong><br />
Biblioteca Escolar e Formação <strong>de</strong> Leitores – Projeto SIMBE.<br />
Sala <strong>de</strong> aula<br />
A prática <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> produção em sala <strong>de</strong> aula tem particularida<strong>de</strong>s,<br />
como se a<strong>ce</strong>ntua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong>ste documento. Além das ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> leitura oriundas das próprias ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Língua Portuguesa,<br />
há também um espaço que se <strong>de</strong>ve ter para narração <strong>de</strong> história, para<br />
exposições <strong>de</strong> produções dos estudantes, sobretudo dos estudantes dos<br />
primeiros anos escolares. Em qualquer <strong>de</strong>stas situações, há mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
leitura que se configuram no agir do(a) professor(a).<br />
No panorama das teorias da leitura, há quatro mo<strong>de</strong>los bem <strong>de</strong>finidos.<br />
Três dão conta da relação leitor e autor, via texto (Mo<strong>de</strong>lo Linguístico, mecanicista<br />
ou tradicional, Mo<strong>de</strong>lo Psicolinguístico e Mo<strong>de</strong>lo Interacionista<br />
<strong>de</strong> leitura) e o quarto (Mo<strong>de</strong>lo Sociopsicolinguistico) <strong>de</strong>screve a situação<br />
do(a) professor(a) em sala <strong>de</strong> aula, no pro<strong>ce</strong>sso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> leitores.<br />
No primeiro mo<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>lo Linguístico, mecanicista<br />
ou tradicional, a linguagem é vista como um sistema fechado,<br />
autônomo, constituído <strong>de</strong> componentes não relacionados entre si. Este<br />
mo<strong>de</strong>lo ancora-se na Psicologia behaviorista ou comportamentalista e<br />
no estruturalismo americano, <strong>de</strong> Bloomfield (1933, 1942) 40 , para quem<br />
a palavra está diretamente ligada à coisa a que ela remete, isto é, ao estímulo.<br />
Segundo esse autor, a semântica não era <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />
no ato <strong>de</strong> ler, porque o significado não era mensurável nem observado,<br />
não po<strong>de</strong>ndo, por isso, fazer parte do plano científico. Nesta perspectiva,<br />
acredita-se que as palavras são os fatores básicos na leitura.<br />
40<br />
BLOOMFIELD, Leonard. Language. New York, 1933.<br />
São conhecidos como mo<strong>de</strong>los as<strong>ce</strong>n<strong>de</strong>ntes, os <strong>de</strong> Gough (1976) e<br />
LaBerge e Samuels (1974) 41 , que con<strong>ce</strong>biam a leitura como um pro<strong>ce</strong>sso<br />
per<strong>ce</strong>ptivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação em que o leitor buscava nos elementos linguísticos<br />
a compreensão do texto escrito, recorrendo às letras, às sílabas<br />
até chegar à frase, ao parágrafo e, consequentemente, à compreensão<br />
global do texto, resultado do pro<strong>ce</strong>dimento as<strong>ce</strong>n<strong>de</strong>nte. Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
leitura é condizente com um ensino prescritivo <strong>de</strong> língua e a aprendizagem<br />
é vista como um pro<strong>ce</strong>sso repetitivo, mecânico. Em sala <strong>de</strong> aula,<br />
o(a) professor(a) enfatiza a localização, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> elementos linguísticos<br />
no texto, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado o significado, as situações comunicacionais.<br />
Ler é extrair sentido do texto.<br />
O segundo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> leitura é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>lo Psicolinguístico.<br />
É calcado na teoria cognitiva. O leitor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser compreendido<br />
como uma tabula rasa; transforma-se em um pro<strong>ce</strong>ssador ativo <strong>de</strong> conhecimentos,<br />
dotado filogeneticamente <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para adquiri-lo.<br />
Sujeito e linguagem são abstraídos do contexto sócio-histórico. A leitura<br />
é entendida como busca <strong>de</strong> significado. A aprendizagem resulta <strong>de</strong> uma<br />
interação do ambiente e com as estruturas cognitivas preexistentes do<br />
indivíduo.<br />
A leitura é dinâmica e envolve negociações. O leitor formula hipóteses,<br />
testa novas hipóteses contra novas evidências, <strong>de</strong>spreza aquelas<br />
contrárias às evidências que adquirem, e avalia as não eliminadas,<br />
guiando-se por um princípio que seleciona as mais simples como sendo<br />
as melhores. Baseia-se na gramática gerativo-transformacional, contrapondo-se<br />
ao mo<strong>de</strong>lo linguístico tradicional <strong>de</strong> leitura, que tinha como<br />
referências o estruturalismo e o behaviorismo.<br />
A linguagem é con<strong>ce</strong>bida como objeto <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> suas funções<br />
sociais; constitui sistema fechado, autônomo, abstraído da historicida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>svinculado <strong>de</strong> elementos socioculturais, <strong>de</strong> seu contexto <strong>de</strong> produção<br />
e <strong>de</strong> sua atualização em comunida<strong>de</strong>s heterogêneas <strong>de</strong> fala. O sujeito /<br />
leitor é ativo e i<strong>de</strong>alista. Ainda se mantém, entretanto, isolado da socieda<strong>de</strong>,<br />
que se apresenta estática, homogênea, vazia <strong>de</strong> valores antagônicos,<br />
embora dotada <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> criativa.<br />
Para os teóricos, a leitura é entendida como um pro<strong>ce</strong>sso, o leitor<br />
como sujeito do pro<strong>ce</strong>sso do ato <strong>de</strong> ler e os conhecimentos previamente<br />
adquiridos como sendo fundamentais para a compreensão. Ler é atribuir<br />
significados ao texto. A linguagem configura-se como instrumento<br />
41<br />
GOUGH, P. B. One second of reading. In: SINGER, H.; RUDDELL, R. B. (Orgs.).<br />
Theoretical mo<strong>de</strong>ls and pro<strong>ce</strong>sses of reading. Delaware: International Reading Asso., 1976;<br />
LABERGE, D., SAMUELS, S.J. Toward a theory of automatic information pro<strong>ce</strong>ssing in<br />
reading. Cognitive Psychology, 6, 293-323, 1974.<br />
4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />
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