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2 - Secretaria Municipal de Educação - ce

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VOLUME 1<br />

b) Diálogo entre saberes diferenciados: trata-se <strong>de</strong> uma perspectiva<br />

pedagógica e política que supera a verticalida<strong>de</strong> na produção e socialização<br />

do saber. Recupera-se, <strong>de</strong> tal modo, o con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> “equivalência <strong>de</strong><br />

saberes” proposto por Santos (1999) 27 e <strong>de</strong>fendido e vivenciado por Paulo<br />

Freire ao longo <strong>de</strong> sua obra e <strong>de</strong> sua vida. São reconhecidas as diferentes<br />

formas <strong>de</strong> saber e promove-se o confronto comunicativo entre elas.<br />

c) Centralida<strong>de</strong> da experiência e da aprendizagem significativa:<br />

os educandos, como membros atuantes na socieda<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>m ser<br />

encarados como “candidatos a”. Vivendo o presente e tendo experiências<br />

que os situem perante situações-problema, eles vão alargando os<br />

conhecimentos, enrique<strong>ce</strong>ndo-se como seres humanos e articulando significações<br />

mais profundas sobre os modos <strong>de</strong> ser e estar no mundo. Experiência<br />

é forma <strong>de</strong> interação em que agentes e situação se modificam.<br />

Os conteúdos escolares adquirem significados e os envolvem como seres<br />

plenos, levando-os a novas experiências. As verda<strong>de</strong>iras experiências envolvem<br />

cooperação e provocam modificações nos modos <strong>de</strong> sentir, pensar<br />

e agir – <strong>de</strong> viver, experimentar e apren<strong>de</strong>r.<br />

d) Ludicida<strong>de</strong> e senso estético: o <strong>de</strong>senvolvimento da sensibilida<strong>de</strong><br />

e da criativida<strong>de</strong> tem no jogo, na brinca<strong>de</strong>ira e na arte sua maneira<br />

mais plena <strong>de</strong> realização. A experiência estética e as relações e valores<br />

estabelecidos nas ativida<strong>de</strong>s lúdicas propiciam a abertura a âmbitos da<br />

realida<strong>de</strong> cada vez mais amplos e totalizadores (QUINTÁS, 1992) 28 : arte<br />

e ludicida<strong>de</strong> como lugares <strong>de</strong> encontro entre pessoas que apren<strong>de</strong>m a se<br />

conhe<strong>ce</strong>r e a conviver, no respeito mútuo.<br />

4.1.2 Con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> formação integral nas experiências<br />

com educação integral na história das idéias pedagógicas<br />

A educação integral é um tema recorrente na história das i<strong>de</strong>ias pedagógicas,<br />

tendo figurado. <strong>de</strong> forma implícita ou explícita, nos mais variados<br />

discursos pedagógicos: na paidéia grega, no i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> pensadores<br />

renas<strong>ce</strong>ntistas e iluministas, nos projetos confessionais, nas propostas<br />

<strong>de</strong>correntes das formulações psicogenéticas <strong>de</strong> Piaget, nas sociointeracionistas<br />

<strong>de</strong> Vygotsky, Luria, Leontiev e Wallon e nas diferentes pedagogias<br />

do movimento holístico (OLINDA, 2004) 29 . No Brasil, teve ampla<br />

27<br />

SANTOS, B. S. Da idéia <strong>de</strong> universida<strong>de</strong> à universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> idéias. In _____. Pela mão <strong>de</strong><br />

Ali<strong>ce</strong>: o social e o político na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. 5. ed. São Paulo: Cortez. 1999.<br />

28<br />

QUINTÁS, A. L. Estética. Tradução <strong>de</strong> Jaime A. Classen. Petrópolis: Vozes, 1992.<br />

29<br />

OLINDA, Ercilia Maria Braga <strong>de</strong>. Tinta, papel e palmatória: a escola no Ceará do<br />

século XIX. Fortaleza: Museu do Ceara/<strong>Secretaria</strong> da Cultura do Estado do Ceará, 2004.<br />

repercussão nas primeiras décadas do século XX com os movimentos <strong>de</strong><br />

cunho educativo renovadores, que tinham a formação integral como um<br />

dos princípios consensuais entre suas várias correntes. A aprendizagem<br />

envolvia a reconstituição da experiência mediante a integração da teoria<br />

à prática, da vida aos conhecimentos e práticas escolares, possibilitando<br />

a autonomia moral e intelectual do aprendiz.<br />

Com amparo nesta con<strong>ce</strong>pção, surgiram diversas experiências educacionais<br />

com foco na formação integral dos estudantes, por iniciativa <strong>de</strong> governos,<br />

das quais se tomarão como exemplos as que se <strong>de</strong>stacam a seguir.<br />

Em 1922, a Lei nº 1.953, <strong>de</strong> 02 <strong>de</strong> agosto, reformou o ensino primário<br />

e normal do Estado do Ceará, trazendo preocupações com as dimensões<br />

intelectuais, físicas, morais e cívicas. Por toda a década <strong>de</strong> 1930 até finais<br />

da década <strong>de</strong> 1960, o <strong>ce</strong>nário educacional <strong>ce</strong>arense viveu experiências<br />

alimentadas pelo i<strong>de</strong>al da formação integral, incluindo-se a forte influência<br />

<strong>de</strong> Maria Montessori, Declory e John Dewey. Nas escolas católicas,<br />

Lubienska, discípula <strong>de</strong> Maria Montessori, Dom Bosco e Paula Francinete<br />

inspiravam práticas voltadas para a formação integral.<br />

Anísio Teixeira figurou entre os principais educadores envolvidos<br />

no i<strong>de</strong>ário escolanovista, tendo sido um dos signatários do Manifesto<br />

dos Pioneiros da Educação Nova em 1932. Criou o Centro Educacional<br />

Carneiro Ribeiro em Salvador, na década <strong>de</strong> 1950. Nesse Centro, os estudantes<br />

tinham a<strong>ce</strong>sso às ativida<strong>de</strong>s, historicamente entendidas como<br />

escolares, sendo trabalhadas nas escolas-classe, bem como outras ativida<strong>de</strong>s<br />

aconte<strong>ce</strong>ndo no que na época se chamava <strong>de</strong> contraturno escolar,<br />

no espaço que o educador <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> escola-parque. Na década <strong>de</strong><br />

1960, juntamente com Darcy Ribeiro e Ciro dos Anjos, integrou a comissão<br />

que organizou o Sistema Educacional <strong>de</strong> Brasília, oportunida<strong>de</strong> em<br />

que, inspirado na experiência <strong>de</strong> Salvador, criou vários <strong>ce</strong>ntros educacionais<br />

na mesma perspectiva.<br />

Outras experiências surgiram ao longo da história, como os <strong>ce</strong>ntros<br />

integrados <strong>de</strong> educação pública – CIEP, no Rio <strong>de</strong> Janeiro (1980), os <strong>ce</strong>ntros<br />

educacionais unificados – CEU, em São Paulo (2000), entre outras,<br />

que teimam em resistir às intempéries das políticas públicas <strong>de</strong> corte<br />

social tão afeitas a modismos que têm na efemerida<strong>de</strong> sua marca registrada.<br />

Não obstante, <strong>de</strong> um lado, o caráter político-partidário associado<br />

in<strong>de</strong>vidamente às experiências pedagógicas, que <strong>de</strong>stacava a persona<br />

política, em <strong>de</strong>trimento dos resultados pedagógicos obtidos, e, <strong>de</strong> outro<br />

lado, a relação custo-benefício, entre outros motivos aventados, fizeram<br />

com que as experiências que empunhavam o estandarte da educação<br />

integral no panorama da educação brasileira naufragassem ou permane<strong>ce</strong>ssem<br />

insuladas sem alcan<strong>ce</strong> do status <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> Estado.<br />

4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />

50 | PREFEITURA DE FORTALEZA 51 | SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

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