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2 - Secretaria Municipal de Educação - ce

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VOLUME 1<br />

vonta<strong>de</strong>s, gestos e interações com o outro, pois é graças a essa dimensão<br />

mais expressiva da personalida<strong>de</strong> que a criança logra apren<strong>de</strong>r.<br />

Outro aspecto importante, que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado, e privilegia o<br />

campo funcional das emoções, é a afetivida<strong>de</strong> no ensino e na aprendizagem.<br />

É ne<strong>ce</strong>ssário que a criança esteja integrada afetivamente com seus<br />

colegas, com o(a) professor(a), com as ativida<strong>de</strong>s da escola e com a vida,<br />

para se sentir motivada a estudar e apren<strong>de</strong>r. As emoções constituem<br />

fator fundamental <strong>de</strong> interação da criança com o meio a que ela está intimamente<br />

ligada. A teoria propõe também uma escola engajada, inserida<br />

na socieda<strong>de</strong> e na cultura, e, ao mesmo tempo, uma escola comprometida<br />

com o <strong>de</strong>senvolvimento dos indivíduos, numa prática que integre a<br />

dimensão social e individual (GALVÃO, 1995) 37 .<br />

Ao se <strong>de</strong>finir a con<strong>ce</strong>pção sociointeracionista, consi<strong>de</strong>ra-se também<br />

a i<strong>de</strong>ação construtivista contida na Proposta Curricular <strong>de</strong> Fortaleza, elaborada<br />

em 1995, que também con<strong>ce</strong>be a criança como um ser afetivo,<br />

simbólico e social.<br />

Nessa perspectiva, a aprendizagem da Língua Portuguesa não busca<br />

apenas a <strong>de</strong>cifração ou reprodução do traçado gráfico, mas, sobretudo,<br />

um ensino e uma aprendizagem baseados na oralida<strong>de</strong> e nos gêneros,<br />

orais e escritos, uma vez que a interação na aprendizagem ocorre inevitavelmente<br />

na dimensão escolar por meio <strong>de</strong> enunciados estáveis, <strong>de</strong>senvolvidos<br />

pelos sujeitos na produção do conhecimento, como pressupõe o interacionismo<br />

sociodiscursivo, <strong>de</strong> Bronckart (2009) 38 . Con<strong>ce</strong>bem-se, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, os diversos gêneros textuais, que circulam ampla e socialmente, e a<br />

produção textual, não os reduzindo a ativida<strong>de</strong>s estéreis <strong>de</strong> cópias.<br />

Assim como a i<strong>de</strong>ação <strong>de</strong> alfabetização evoluiu, a <strong>de</strong> leitura também<br />

se amplia, constatando que a <strong>de</strong>codificação é um dos pro<strong>ce</strong>dimentos <strong>de</strong><br />

que o estudante se utiliza para ler. Nesse outro contexto, a leitura <strong>de</strong>ixa<br />

também <strong>de</strong> ser restrita aos signos prioritariamente linguísticos, <strong>de</strong>dicando-se<br />

também atenção para a leitura em sua dimensão multifa<strong>ce</strong>tada, o<br />

que engloba a leitura <strong>de</strong> imagens nas diversas situações.<br />

Essas reflexões implicam compreen<strong>de</strong>r que a alfabetização é uma elaboração<br />

con<strong>ce</strong>itual, contínua, iniciada muito antes <strong>de</strong> a criança ir para a<br />

escola, <strong>de</strong>senvolvendo-se simultaneamente <strong>de</strong>ntro e fora da sala <strong>de</strong> aula;<br />

alfabetizar é elaborar conhecimento; para <strong>de</strong>senvolver a leitura e a escrita<br />

faz-se ne<strong>ce</strong>ssário compreen<strong>de</strong>r que os estudantes terão que lidar com<br />

37<br />

GALVÃO, Isabel. Henri Wallon: uma con<strong>ce</strong>pção dialética do <strong>de</strong>senvolvimento infantil.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Vozes, 1995.<br />

38<br />

BRONCKART, J. P. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linguagem, discurso e <strong>de</strong>senvolvimento humano.<br />

Campinas: Mercado<br />

das Letras, 2009.<br />

as características do sistema <strong>de</strong> escrita e o uso funcional da linguagem;<br />

o(a) professor(a) é mediador, com intencionalida<strong>de</strong> pedagógica.<br />

A prática pedagógica <strong>de</strong>verá priorizar a criticida<strong>de</strong>, favore<strong>ce</strong>ndo o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabele<strong>ce</strong>r relações, a inferência e<br />

a produção <strong>de</strong> sentido. Deve-se, portanto, consi<strong>de</strong>rar a função social da<br />

linguagem como base primeira para ensinar a ler e a escrever. É nessa<br />

amplitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve consistir a alfabetização, uma vez que não é possível<br />

trabalhar com fonemas, sílabas, palavras e frases isoladamente. Para<br />

a compreensão da língua escrita, toma-se o gênero como a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sentido da língua e ponto <strong>de</strong> partida para o pro<strong>ce</strong>sso <strong>de</strong> alfabetização e<br />

letramento. É no gênero e no contexto que as palavras e, consequentemente,<br />

as letras e sílabas adquirem significação.<br />

Essa perspectiva <strong>de</strong> alfabetizar letrando só ocorre mediada pelos gêneros<br />

com aporte contextual e funcionalida<strong>de</strong>. Centrar-se na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gêneros e nas relações mantidas entre eles e seus contextos <strong>de</strong> produção<br />

é primordial, porque “(...) é através dos gêneros que as práticas <strong>de</strong> linguagem<br />

materializam-se nas ativida<strong>de</strong>s dos aprendizes”. (SCHENEUWLY;<br />

DOLZ, 2004) 39 . Em função <strong>de</strong>ssa abordagem, alguns pontos emergem:<br />

1) compreen<strong>de</strong>r que a língua é uma elaboração histórica organizada<br />

com suporte em símbolos convencionados;<br />

2) enten<strong>de</strong>r que o momento exige a busca <strong>de</strong> equilíbrio dos princípios<br />

metodológicos consi<strong>de</strong>rados indispensáveis nas dimensões constitutivas<br />

e simultâneas da alfabetização e do letramento; e<br />

3) <strong>de</strong>senvolver intervenções didáticas essenciais para os avanços da<br />

aprendizagem.<br />

Os pressupostos até aqui reunidos nos remetem à <strong>de</strong>finição das temporalida<strong>de</strong>s,<br />

das con<strong>ce</strong>pções pedagógicas e das práticas metodológicas e avaliativas<br />

que <strong>de</strong>finirão o estado da arte da política da educação <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

As bases que darão qualida<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong> ao projeto educacional<br />

para o Município <strong>de</strong> Fortaleza po<strong>de</strong>m ser entendidas pela complexida<strong>de</strong>,<br />

permeabilida<strong>de</strong> e continuida<strong>de</strong>. Gera-se, <strong>de</strong>sse modo, uma gran<strong>de</strong><br />

teia, que agrega os construtos epistemológicos, as possibilida<strong>de</strong>s, ocorrências<br />

da vida cotidiana dos(as) estudantes, educadores(as), famílias e<br />

comunida<strong>de</strong>s, estabele<strong>ce</strong>ndo para tanto relações fundamentais entre os<br />

diversos sujeitos do ensino e da aprendizagem.<br />

39<br />

SCHENEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Os gêneros escolares- das práticas <strong>de</strong><br />

linguagem aos objetos <strong>de</strong> ensino. In: DOLZ, J; SCHENEUWLY, B. Gêneros orais e escritos<br />

na escola. Tradução <strong>de</strong> Roxane Rojo e Glaís Sales Cor<strong>de</strong>iro. Campinas: Mercado <strong>de</strong> Letras,<br />

2004<br />

4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />

58 | PREFEITURA DE FORTALEZA 59 | SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

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