2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
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VOLUME 1<br />
bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem significativa, favore<strong>ce</strong>ndo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
pleno da cidadania, cumprindo a tarefa <strong>de</strong> disseminar discussões entre<br />
os seus profissionais e dis<strong>ce</strong>ntes sobre questões pertinentes à realida<strong>de</strong><br />
sociocultural brasileira, como a pluralida<strong>de</strong> cultural e a discriminação<br />
a que gran<strong>de</strong> parte da população está sujeita, as questões éticas, como<br />
a dignida<strong>de</strong>, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, a preservação ambiental<br />
e a sexualida<strong>de</strong>, a a<strong>ce</strong>ssibilida<strong>de</strong> para pessoas com <strong>de</strong>ficiência e<br />
mobilida<strong>de</strong> reduzida, <strong>de</strong>ntre outras, contribuindo para que se estabeleça<br />
uma socieda<strong>de</strong> com princípios <strong>de</strong>mocráticos.<br />
4.7.3 Princípios metodológicos<br />
Na perspectiva freireana, a con<strong>ce</strong>pção metodológica contempla os<br />
princípios da horizontalida<strong>de</strong>, da ética, da leitura <strong>de</strong> mundo que pre<strong>ce</strong><strong>de</strong><br />
a leitura da palavra; da valorização da oralida<strong>de</strong>, da coletivida<strong>de</strong>, do conhecimento<br />
prévio e da crença na capacida<strong>de</strong> continua <strong>de</strong> aprendizagem<br />
dos sujeitos educativos. Para a implementação <strong>de</strong> uma prática educativa<br />
que cubra esses princípios, se faz ne<strong>ce</strong>ssário observar os seguintes passos:<br />
Investigação – busca conjunta entre educador(a) e educando(a) das<br />
questões e temas mais significativos da vida do(a) educando(a), <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
seu universo vocabular e da comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele vive;<br />
Tematização – momento da tomada <strong>de</strong> consciência do mundo, mediante<br />
a análise dos significados sociais dos temas e pontos suscitados; e<br />
Problematização – etapa em que o(a) educador(a) <strong>de</strong>safia e inspira<br />
o(a) educando(a) a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma<br />
postura critico-reflexiva.<br />
Com o intuito <strong>de</strong> exemplificar opções efetivas <strong>de</strong> vivência/experiência<br />
da proposta <strong>de</strong> Paulo Freire para a EJA, apresenta-se em seguida um conjunto<br />
<strong>de</strong> pro<strong>ce</strong>dimentos que <strong>de</strong>talham os passos possíveis <strong>de</strong> aplicação com vistas<br />
a implementar uma educação i<strong>de</strong>ntificada com os postulados freireanos.<br />
Para a EJA 1, apresenta-se a proposta <strong>de</strong> alfabetização que Paulo Freire<br />
(1985;1998) 74 legou, <strong>de</strong>scrita na sequência, a ser aprofundada quando da (re)<br />
elaboração das propostas pedagógicas nas escolas e nos encontros formativos.<br />
1ª fase: levantamento do universo vocabular do grupo;<br />
2ª fase: escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios <strong>de</strong><br />
riqueza fonética, dificulda<strong>de</strong>s fonéticas;<br />
3ª fase: criação <strong>de</strong> situações existenciais características do grupo;<br />
74<br />
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberda<strong>de</strong>. 16 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e<br />
Terra, 1985; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra,<br />
1998<br />
4ª fase: criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para<br />
os <strong>de</strong>bates; e<br />
5ª fase: criação <strong>de</strong> fichas <strong>de</strong> palavras para a <strong>de</strong>composição das famílias<br />
fonéticas correspon<strong>de</strong>ntes às palavras geradoras.<br />
Num rápido <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> alguns aspectos da proposta, na reafirmação<br />
da escolha neste documento, informa-se que Paulo Freire propõe<br />
sua aplicação tendo em conta a relevância da leitura <strong>de</strong> mundo pre<strong>ce</strong><strong>de</strong>r<br />
a leitura da palavra. Assim, <strong>de</strong>stacam-se:<br />
* investigação das palavras geradoras – inicia-se por meio<br />
<strong>de</strong> uma pesquisa que <strong>de</strong>fine o universo vocabular dos(as)<br />
educandos(as). Isto ocorre por intermédio <strong>de</strong> conversas informais<br />
e pesquisas efetivadas na comunida<strong>de</strong> do entorno<br />
da escola, da origem dos(as) educandos(as), o(a) educador(a)<br />
observa os vocábulos mais vivenciados/<strong>de</strong>batidos pelos(as)<br />
educandos(as) e a comunida<strong>de</strong>. Assim seleciona as palavras<br />
geradoras/temas geradores que servirão <strong>de</strong> base para o trabalho<br />
em sala. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavras geradoras/temas geradores<br />
po<strong>de</strong> variar. Depois <strong>de</strong> composto o universo das palavras<br />
geradoras/temas geradores, elas/eles são apresentada(o)s<br />
em cartazes com imagens ou algo que carregue esta simbologia.<br />
Então, nos círculos <strong>de</strong> cultura 75 , se inicia uma discussão<br />
para significá-las na realida<strong>de</strong> daquela turma;<br />
* as palavras novas – usando as famílias silábicas agora conhecidas,<br />
o grupo forma palavras novas;<br />
* a conscientização – um ponto fundamental do método é<br />
o diálogo sobre os diversos temas que <strong>de</strong>correm das palavras<br />
geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar/educar não po<strong>de</strong> se<br />
restringir aos pro<strong>ce</strong>ssos <strong>de</strong> codificação e <strong>de</strong>codificação. Dessa<br />
forma, o objetivo da alfabetização/educação <strong>de</strong> jovens, adultos<br />
e idosos é promover a conscientização a<strong>ce</strong>rca dos problemas<br />
cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento<br />
da realida<strong>de</strong> social potencializando sua transformação.<br />
75<br />
Os círculos <strong>de</strong> cultura po<strong>de</strong>m ser entendidos numa perspectiva em que as pessoas<br />
reunidas numa disposição circular, na qual todos(as) se vêem igualmente e sem que alguém<br />
tome um lugar proeminente, se elabora o conhecimento por meio do diálogo. Para que isto<br />
ocorra, há uma disposição prévia do grupo tecida por meio da opção <strong>de</strong>mocrática, crítica<br />
e voluntária <strong>de</strong> se organizarem neste contexto para uma aprendizagem par<strong>ce</strong>ira. Salientase<br />
aqui a relevância das ativida<strong>de</strong>s em grupo para Paulo Freire. Segundo ele, a verda<strong>de</strong>ira<br />
aprendizagem só ocorre na relação com o(a) outro(a), com o mundo. Afirmava ainda que,<br />
somente na par<strong>ce</strong>ria efetiva, se po<strong>de</strong> transformar as condições opressoras e exclu<strong>de</strong>ntes do<br />
mundo <strong>de</strong> hoje. Daí a importância da aprendizagem em grupos, em círculos <strong>de</strong> cultura.<br />
4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />
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