2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
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VOLUME 1<br />
4.7.2 Princípios epistemopedagógicos<br />
A <strong>Secretaria</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Fortaleza assume como pressupostos<br />
para a EJA os fundamentos da Educação Popular, com base em<br />
Paulo Freire. Nesta perspectiva, a Educação Popular configura-se como<br />
um modo <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> atuar que expressa uma estreita vinculação entre<br />
os pro<strong>ce</strong>ssos educativos e as lutas e os anseios da classe trabalhadora.<br />
A formação básica para o cidadão <strong>de</strong>ve aconte<strong>ce</strong>r mediante o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do atendimento às <strong>de</strong>mandas específicas <strong>de</strong> jovens, adultos<br />
e idosos trabalhadores, contribuindo para sua compreensão e inclusão<br />
no mundo do trabalho. Isso inclui, <strong>de</strong>ntre outros: o pleno domínio da<br />
leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e<br />
social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que<br />
se fundamenta a socieda<strong>de</strong>; o fortalecimento dos vínculos da família, <strong>de</strong><br />
solidarieda<strong>de</strong> humana e <strong>de</strong> tolerância recíproca na vida social; o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> autoestima no estudante, fortale<strong>ce</strong>ndo a confiança na sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, a sistematização e a consolidação das experiências<br />
<strong>de</strong> vida e os conhecimentos já adquiridos pelos jovens, adultos<br />
e idosos; o estímulo para o exercício da autonomia social, política e<br />
intelectual, com responsabilida<strong>de</strong>, pensamento crítico, aperfeiçoamento<br />
e convivência em diferentes espaços sociais; a relação teoria e prática no<br />
estudo das disciplinas e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s relacionadas<br />
com o uso <strong>de</strong> tecnologias e com os fundamentos científico-tecnológicos<br />
dos pro<strong>ce</strong>ssos produtivos; e o <strong>de</strong>senvolvimento da cidadania, po<strong>de</strong>ndo<br />
usufruir dos bens materiais e culturais existentes no meio em que vivem.<br />
Para tanto, pauta suas con<strong>ce</strong>pções e práticas nos Princípios Epistemopedagógicos<br />
que se <strong>de</strong>stacam a seguir.<br />
Flexibilida<strong>de</strong>: refere-se à abordagem curricular, à organização dos<br />
espaços e tempos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem. Neste sentido, flexibilida<strong>de</strong><br />
jamais implica posição <strong>de</strong> relaxamento no que se refere à serieda<strong>de</strong> com<br />
que se <strong>de</strong>ve tratar estas questões. De outra parte, implica maior dinamismo<br />
e disponibilida<strong>de</strong> para o novo, para a criativida<strong>de</strong> e a fim <strong>de</strong> integrar<br />
os <strong>de</strong>mais princípios.<br />
A flexibilida<strong>de</strong> curricular <strong>de</strong>ve significar um momento <strong>de</strong> aproveitamento<br />
das experiências diversas que os(as) educandos(as) trazem consigo,<br />
como, por exemplo, os modos pelos quais eles trabalham seus tempos<br />
e seu cotidiano. A flexibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá aten<strong>de</strong>r a esta tipificação do<br />
tempo mediante combinações entre ensino presencial e não presencial,<br />
nos mol<strong>de</strong>s da Pedagogia da Alternância, ativida<strong>de</strong>s extraclasse em sintonia<br />
com temas da vida cotidiana dos(as) educandos(as), tornando-se<br />
elementos geradores <strong>de</strong> um currículo ativo e dinâmico.<br />
Dialogicida<strong>de</strong>: princípio político, epistemológico e metodológico<br />
orientador do diálogo na troca <strong>de</strong> saberes entre os sujeitos do pro<strong>ce</strong>sso<br />
educativo, pautando-se no respeito às diferenças.<br />
A dialogicida<strong>de</strong> juntamente com a interdisciplinarida<strong>de</strong>, na busca<br />
da transdisciplinarida<strong>de</strong>, constituem dois princípios educacionais básicos<br />
que <strong>de</strong>vem sustentar qualquer proposta educacional fundamentada<br />
nos pressupostos da educação popular, com base em Paulo Freire, que<br />
consi<strong>de</strong>ra o diálogo horizontal, o respeito ao conhecimento prévio dos<br />
envolvidos no pro<strong>ce</strong>sso educativo, sua cultura e seu papel social, como<br />
fundamentais na apreensão do conhecimento.<br />
Participação: induz à ação <strong>de</strong> estar junto, <strong>de</strong> compartilhar, <strong>de</strong> interagir,<br />
e envolver-se com a atuação coletiva.<br />
Transmitir ou re<strong>ce</strong>ber informações não configura em si um ato <strong>de</strong><br />
aprendizado <strong>de</strong> conhecimento. Para que o conhecimento ocorra, mesmo<br />
quando o indivíduo está aparentemente só, é preciso que ele dialogue<br />
com o objeto que quer conhe<strong>ce</strong>r (objeto cognoscível). É por esta, e não<br />
por outra razão, que na educação do tipo “bancária” não há conhecimento<br />
verda<strong>de</strong>iro, mas sim mera assimilação mnemônica <strong>de</strong> informações. O<br />
conhecimento verda<strong>de</strong>iro é aquele que transforma o ser apren<strong>de</strong>nte.<br />
Horizontalida<strong>de</strong>: a relação educador(a) e educando(a) assume uma<br />
expressão não hierarquizada, mesmo reconhe<strong>ce</strong>ndo as diferenças nas<br />
funções, papéis e saberes.<br />
Para que haja aprendizado real, é preciso que o(a) do<strong>ce</strong>nte estimule<br />
o(a) educando(a), não importa <strong>de</strong> que nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento<br />
e escolarida<strong>de</strong>, a participar com a sua ativida<strong>de</strong> intelectual,<br />
curiosa, indagadora, irrequieta, criadora e até mesmo perturbadora <strong>de</strong><br />
quem quer cada vez mais conhe<strong>ce</strong>r. Isto se dá numa posição <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> intenções e <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> que ninguém é absolutamente<br />
ignorante, nem totalmente sábio. Por isto, se apren<strong>de</strong> ao ensinar e se<br />
ensina ao apren<strong>de</strong>r.<br />
Autonomia: capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização, gestão <strong>de</strong> sua própria<br />
aprendizagem, formação do pensamento crítico na leitura da realida<strong>de</strong> e<br />
expressão da própria opinião sobre os fatos.<br />
A igualda<strong>de</strong> e a liberda<strong>de</strong> tornam-se, pois, pressupostos fundamentais<br />
do direito à educação, da autonomização dos educandos(as), sobretudo<br />
nas socieda<strong>de</strong>s politicamente <strong>de</strong>mocráticas e socialmente <strong>de</strong>sejosas<br />
<strong>de</strong> uma melhor redistribuição das riquezas entre os grupos sociais e entre<br />
os sujeitos que as compõem e as expressam. Assim, a EJA ne<strong>ce</strong>ssita<br />
ser pensada como proposta pedagógica própria, a fim <strong>de</strong> criar situações<br />
educativas especificas capazes <strong>de</strong> satisfazer as ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem<br />
<strong>de</strong> jovens, adultos e idosos.<br />
4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />
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