2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
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VOLUME 1<br />
durante o ano letivo <strong>de</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>rando seu ritmo <strong>de</strong> aprendizagem,<br />
como já é previsto para os <strong>de</strong>mais estudantes.<br />
Em ambos os casos, ao iniciar um novo período letivo, o que interessa<br />
é a aprendizagem obtida e que os estudantes com ou sem <strong>de</strong>ficiência sejam<br />
vistos pelo que apren<strong>de</strong>ram no ano anterior, pois nenhum conhecimento<br />
é aprendido sem base no que se conhe<strong>ce</strong>u antes, consi<strong>de</strong>rando as<br />
características da aprendizagem, como: o ritmo, os níveis <strong>de</strong> abstração e<br />
os alcan<strong>ce</strong>s possíveis da aprendizagem (BEYER, 2006 84 ; BRASIL, 2007 85 ).<br />
A avaliação da aprendizagem <strong>de</strong> estudantes <strong>ce</strong>gos e/ou com baixa visão<br />
<strong>de</strong>ve ser feita a partir do seu próprio referencial e não do referencial<br />
do vi<strong>de</strong>nte. O <strong>de</strong>ficiente visual com perda total ou parcial <strong>de</strong>ve ter, à sua<br />
disposição, na escola, a<strong>ce</strong>sso ao código Braille e ao material em relevo<br />
como recurso imprescindível para a sua aprendizagem (BRASIL, 2005a) 86 .<br />
Estudantes com <strong>de</strong>ficiência visual requerem mais tempo, não só<br />
para completar suas tarefas escolares, como também para o pro<strong>ce</strong>sso<br />
<strong>de</strong> avaliação. Um dos cuidados ne<strong>ce</strong>ssários é o uso da linguagem, com<br />
instruções mais objetivas e específicas para uma maior compreensão,<br />
especialmente durante as ativida<strong>de</strong>s avaliativas. Uma criança não é mais<br />
ou menos capaz por ser <strong>ce</strong>ga. É <strong>de</strong> fundamental importância que o(a)<br />
professor(a) invista em conteúdos bem <strong>de</strong>finidos, métodos e técnicas<br />
a<strong>de</strong>quadas, material didático apropriado, enriquecimento <strong>de</strong> informações<br />
reais e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e criação (BRASIL, 2001) 87 .<br />
Estudantes com <strong>de</strong>ficiência visual têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganizar<br />
o cérebro <strong>de</strong>senvolvendo um senso <strong>de</strong> audição diferenciado para compensar<br />
a falta da visão, dando-lhe a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r falas<br />
rápidas muito além do que a pessoa que enxerga po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r,<br />
potencializando a sua memória auditiva.<br />
A mão, para a pessoa <strong>ce</strong>ga, assume um papel protagonista em seu <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
pois é pela experimentação do tato manual que alguém<br />
privado <strong>de</strong> visão obtém uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> informações do ambiente e<br />
garante o <strong>de</strong>senvolvimento normal do aspecto cognitivo. Como o Sistema<br />
Braille está baseado no tato e utiliza um método mais fácil e rápido<br />
84<br />
op. cit.<br />
85<br />
BRASIL, 2007. Aspectos legais e orientação pedagógica. FÁVERO, A. G.; PANTOJA,<br />
L <strong>de</strong> M.; MANTOAN, M. T. E. (coords.) São Paulo: MEC/SEESP, 2007.<br />
86<br />
BRASIL. Desenvolvendo competências para o atendimento às ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s<br />
educacionais <strong>de</strong> alunos <strong>ce</strong>gos e <strong>de</strong> alunos com baixa visão. ARANHA, Maria Salete<br />
Fábio (org.). Brasília: Ministério da Educação/<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Educação Especial, 2005a.<br />
87<br />
BRASIL. Programa <strong>de</strong> Capacitação <strong>de</strong> Recursos Humanos do Ensino Fundamental:<br />
<strong>de</strong>ficiência visual. v. 2. Fascículo IV. BRUNO, Marilda Moraes Garcia; MOTA, Maria Glória<br />
Batista da (coords.). Colaboração Instituto Benjamin Constant. Brasília-DF: MEC/SEESP, 2001.<br />
que é o sintético, o tato distingue efetivamente a letra e não o conjunto<br />
simples que constitui a palavra, e muito menos o conjunto complexo que<br />
forma a frase. Portanto, ao ler, a criança <strong>ce</strong>ga sintetiza mais rapidamente<br />
no momento da compreensão textual.<br />
No momento <strong>de</strong> instituir critérios avaliativos para o estudante com<br />
sur<strong>de</strong>z, o(a) professor(a) <strong>de</strong>verá ter o cuidado <strong>de</strong> não supervalorizar os<br />
erros da estrutura formal da língua portuguesa, em razão das diferenças<br />
que caracterizam a língua <strong>de</strong> sinais no momento em que fazemos comparações<br />
com nossa língua.<br />
Na avaliação da produção escrita dos estudantes surdos em Língua<br />
Portuguesa, os professores precisam ser orientados para: o estudante ter<br />
a<strong>ce</strong>sso ao dicionário e ao intérprete; na avaliação do conhecimento, os<br />
critérios <strong>de</strong>vem ser compatíveis com as características inerentes ao estudante<br />
surdo; maior relevância do conteúdo (nível semântico), do aspecto<br />
cognitivo <strong>de</strong> sua linguagem, coerência e sequência lógica das i<strong>de</strong>ias; a<br />
forma da linguagem (nível morfossintático) <strong>de</strong>ve ser avaliada com maior<br />
flexibilida<strong>de</strong>, valorizando o uso <strong>de</strong> termos da oração, como termos essenciais,<br />
termos complementares e, por último, termos a<strong>ce</strong>ssórios, não sendo<br />
muito exigido o que diz respeito ao elemento coesivo (BRASIL, 2005b) 88 .<br />
Os estudantes com <strong>de</strong>ficiências físicas são beneficiados com algumas<br />
modificações no ambiente físico, nos materiais e equipamentos utilizados<br />
para a ativida<strong>de</strong> escolar. Aqueles que não apresentarem <strong>de</strong>ficiência<br />
intelectual po<strong>de</strong>m utilizar-se dos mesmos pro<strong>ce</strong>ssos <strong>de</strong> avaliação empregados<br />
com estudantes sem <strong>de</strong>ficiência, po<strong>de</strong>ndo, entretanto, se mostrarem<br />
ne<strong>ce</strong>ssárias algumas modificações no pro<strong>ce</strong>sso avaliativo para um<br />
<strong>de</strong>terminado estudante cuja condição física seja um fator limitativo da<br />
sua capacida<strong>de</strong>, resultado <strong>de</strong> lesões neurológicas. Nesse caso, <strong>ce</strong>rtamente<br />
<strong>de</strong>verá, aumentar o tempo requerido durante o pro<strong>ce</strong>dimento <strong>de</strong> avaliação<br />
(WILSON, 1971) 89 .<br />
O estudante que tem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma comunicação<br />
oral funcional po<strong>de</strong> ser bastante beneficiado por formas alternativas<br />
<strong>de</strong> comunicação social, tais como: por escrito, com o uso <strong>de</strong><br />
quadros <strong>de</strong> conversação (ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> signos, livros <strong>de</strong> comunicação,<br />
os quais são ca<strong>de</strong>rnos ou livros que contêm figuras correspon<strong>de</strong>ntes a<br />
substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente utilizados na<br />
88<br />
BRASIL. Desenvolvendo competências para o atendimento às ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s<br />
educacionais especiais <strong>de</strong> alunos surdos: saberes e práticas da inclusão. ARANHA,<br />
Maria Salete Fábio (org.). Brasília – DF: MEC/SEESP, 2005b.<br />
89<br />
WILSON, M. Crianças com <strong>de</strong>ficiência física e neurológicas. In : DUNN, L. M. Crianças<br />
Ex<strong>ce</strong>pcionais – Seus Problemas, Sua Educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ao livro Técnico S. A.,<br />
1971.<br />
4. EIXOS REFERENCIAIS DO CURRÍCULO<br />
132 | PREFEITURA DE FORTALEZA 133 | SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO