2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
2 - Secretaria Municipal de Educação - ce
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
VOLUME 1<br />
rículo, e na perspectiva <strong>de</strong> pensar <strong>ce</strong>nários inovadores para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> novas experiências formativas, divisa-se a ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />
trabalhar com um con<strong>ce</strong>ito amplo <strong>de</strong> currículo, que ultrapasse um rol <strong>de</strong><br />
conteúdos, disciplinas, métodos, experiências, objetivos, normas, e que<br />
incorpore a complexida<strong>de</strong> dos fenômenos ocorrentes nos espaços educativos<br />
e assuma, <strong>de</strong> forma crítica, contradições e conflitos nesses <strong>ce</strong>nários.<br />
Procura-se sinalizar para inovadoras experiências formativas, na perspectiva<br />
<strong>de</strong> conservar as contribuições das teorias críticas, sua natureza<br />
<strong>de</strong>smistificadora e emancipadora. Ao mesmo tempo, incorporam-se outras<br />
formas <strong>de</strong> ler os emergentes quadros culturais às novas subjetivida<strong>de</strong>s<br />
e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que caracterizam e expressam a cultura emergente,<br />
manifesta, <strong>de</strong>ntre outros espaços, no território escolar e curricular, como<br />
tematizadas pelas teorias pós-criticas.<br />
Estas diretrizes consi<strong>de</strong>ram as transformações sociais e culturais em<br />
curso na atual conjuntura socioeconômica e seus impactos na escola e<br />
no currículo. O con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> cultura, neste âmbito, assume importância<br />
<strong>ce</strong>ntral e é revisto, na perspectiva <strong>de</strong> explicar as mudanças, e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />
compreendido como conhecimento universal, patrimônio da humanida<strong>de</strong>,<br />
e assume um significado que incorpora tanto as práticas, as representações,<br />
as línguas e os costumes dos diversos grupos, como as contradições<br />
que as envolvem e que <strong>de</strong>correm das diferentes formas manifestas<br />
pelo senso comum e da vida popular cotidiana <strong>de</strong>les. Com efeito, <strong>de</strong>vemos<br />
falar <strong>de</strong> culturas, sem privilegiar uma ou a outra, compreen<strong>de</strong>ndo-as<br />
unicamente como expressões humanas socialmente estabelecidas.<br />
Este documento assume tal compreensão, <strong>de</strong>stacando a natureza política<br />
que perpassa as relações expressas por esse con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> cultura.<br />
Com base nestas compreensões convergentes, abandona-se o modo <strong>de</strong><br />
ver a cultura como algo geral, genérico, abrangente, uma categoria universal,<br />
e passa-se a <strong>de</strong>scobrir na cultura o seu caráter plural, as diferenças<br />
mínimas, mas significativas, dinâmicas, diferenças que produzem outras<br />
diferenças e que, portanto, estão enredadas em tramas <strong>de</strong>terminantes da<br />
produção e reprodução <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s individuais e sociais, nos espaços<br />
escolares e curriculares. Além do respeito à cultura local, é ne<strong>ce</strong>ssário<br />
que haja uma reflexão sobre essa cultura, para que ela não se torne um<br />
fim em si mesma.<br />
Enfim, currículo, aqui, <strong>de</strong>ve ser entendido, não na a<strong>ce</strong>pção tradicional<br />
(e reduzida) <strong>de</strong> listagem <strong>de</strong> conteúdos e disciplinas, mas como um<br />
manifesto, um pacto entre a instituição escolar e a socieda<strong>de</strong> em torno<br />
<strong>de</strong> um projeto político-pedagógico, constituído mediante contribuições<br />
dos diversos segmentos envolvidos; um contrato social, que incorpora<br />
a diferença e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> saber, on<strong>de</strong> se pactuem<br />
i<strong>de</strong>ias, valores, perfis <strong>de</strong> educadores e educandos, como pessoas,<br />
cidadãos e profissionais num mundo em permanente mudança; assim<br />
instituiu as práticas pedagógicas que consagram conhecimento, atitu<strong>de</strong>s,<br />
valores e conteúdos. Um currículo, portanto, expressa a compreensão da<br />
função social da escola como uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> aprendizagem,<br />
com foco na formação dis<strong>ce</strong>nte e do<strong>ce</strong>nte, para que possa assegurar<br />
a produção/reprodução/transformação da realida<strong>de</strong> na qual a escola<br />
está inserida, ampliando e <strong>de</strong>senvolvendo os saberes e conhecimentos<br />
da comunida<strong>de</strong> escolar, numa perspectiva social mais justa e igualitária.<br />
A escola e o currículo produzem e reproduzem discursos e normas<br />
que se articulam com <strong>de</strong>terminados significados e visões <strong>de</strong> mundo,<br />
constituindo i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e subjetivida<strong>de</strong>s com base em perspectivas<br />
socioculturais mais amplas. Este fenômeno aconte<strong>ce</strong> <strong>de</strong> modo tenso e<br />
disputado, pois os diversos grupos que integram o espaço educativo e<br />
curricular não assistem passivos a esses acontecimentos; ao contrário,<br />
reagem, estabele<strong>ce</strong>ndo outras formas <strong>de</strong> ação, com recursos e estratégias<br />
diversos, na direção do estabelecimento <strong>de</strong> novas visões, saberes, valores<br />
e significados.<br />
Desse modo, compartilha-se uma con<strong>ce</strong>pção <strong>de</strong> currículo que abrange<br />
variadas dimensões do cotidiano escolar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as idiossincrasias dos<br />
grupos que transitam pelos territórios da escola e suas relações, passando<br />
pelos recortes da cultura, que se constituem em conteúdos das diversas<br />
disciplinas, as experiências <strong>de</strong> aprendizagens organizadas pelos educadores.<br />
Defen<strong>de</strong>-se a ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong> do diálogo, da participação e das ativida<strong>de</strong>s<br />
cooperadas, como formas <strong>de</strong> superação <strong>de</strong> conflitos, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s,<br />
e como condição ne<strong>ce</strong>ssária para que a escola e o currículo possam<br />
empreen<strong>de</strong>r no su<strong>ce</strong>sso dos que convivem nos territórios escolares e na<br />
eficácia <strong>de</strong> sua função social.<br />
2.2 Ensino e aprendizagem<br />
A educação envolve, primordialmente, os pro<strong>ce</strong>ssos <strong>de</strong> ensinar,<br />
apren<strong>de</strong>r e vivenciar. Po<strong>de</strong> ser exercida nos diversos espaços <strong>de</strong> convívio<br />
social, mas a prática educativa formal ocorre no contexto escolar e <strong>de</strong><br />
forma intencional, com objetivos, regras, espaços e tempos <strong>de</strong>terminados<br />
e com uma teoria <strong>de</strong> educação específica.<br />
Se compreen<strong>de</strong>mos a educação como ato político, então per<strong>ce</strong>bemos<br />
que ela não po<strong>de</strong> ser alienante; <strong>de</strong>ve ter uma ação libertadora e, portanto,<br />
encaminhar os sujeitos para que possam ler, interpretar e transformar<br />
2.EIXOS EPISTEMOLÓGICO-CONCEITUAIS<br />
26 | PREFEITURA DE FORTALEZA 27 | SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO