07.01.2015 Views

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

II-A concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia na filosofia cartesiana<br />

2.1- O pensamento<br />

O termo “pensamento” é empregado por Descartes <strong>para</strong> <strong>de</strong>signar toda e qualquer<br />

atuação <strong>de</strong> nossa mente: todos os atos mentais são pensamentos. Na verda<strong>de</strong>, ao<br />

consi<strong>de</strong>rar a si mesmo coisa pensante, ou seja, ao focalizar seu “interior”, ele percebe<br />

<strong>uma</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atos mentais: “Eu sou <strong>uma</strong> coisa que pensa, isto é, que duvida, que<br />

afirma, que nega, que conhece poucas coisas, que ignora muitas <strong>de</strong>las, que ama, que<br />

o<strong>de</strong>ia, que quer, que não quer, que imagina também e que pensa”. 5<br />

Ora, todas essas experiências interiores são conscientes. Assim a característica<br />

comum a todos os atos mentais, que os constitui como pensamentos, é a consciência. 6 É<br />

o que diz Descartes nos Princípios: “Pela palavra pensar, eu entendo tudo aquilo que se<br />

faz em nós <strong>de</strong> tal modo que nós o percebemos imediatamente por nós mesmos; é por<br />

isso que não somente enten<strong>de</strong>r, querer, imaginar, mas também sentir é a mesma coisa<br />

aqui que pensar”. 7<br />

O pensamento é <strong>uma</strong> noção simples. As noções simples, conforme nos fala a<br />

regra XII do Livro Regras <strong>para</strong> Orientação do Espírito, são aquelas cujo conhecimento<br />

5 “Je suis une chose qui pense, c`est-à-dire qui doute, qui affirme, qui nie, qui connait peu <strong>de</strong> choses, qui<br />

en ignore beaucoup, qui aime, qui hait, qui veut, qui ne veut pas, qui imagine aussi et qui pense»<br />

(DESCARTES, Meditations, AT IX-1, p. 27). (Tradução livre nossa).<br />

6 Radner observa a relação que Descartes estabelece entre pensamento e consciência: “In some<br />

passages Descartes seems to treat thought and consciousness as though they were i<strong>de</strong>ntical. One<br />

example is in the Fifth Replies, where he says that Gassendi has “ no right to make the inference: I walk,<br />

hence I exist, except in so far as our awareness (conscientia) of walking is a thought (cogitatio). (…) In<br />

other passages, however, Descartes distinguishes between consciousness and thought to the extent of<br />

using one to <strong>de</strong>fine the other. He <strong>de</strong>fines thought in Principles I, 9 as “all those things which, we being<br />

conscious (nobis consciis), occur in us, insofar as the consciousness of them is in us” (RADNER, Thought<br />

and Consciousness in Descartes, in Journal of The History Of Philosophy 26: 3 July, 1988, p. 440). [Em<br />

alg<strong>uma</strong>s passagens, Descartes parece tratar pensamento e consciência como se eles fossem idênticos.<br />

Um exemplo está na Quinta Réplica, quando ele diz <strong>para</strong> Gassendi “não é correto fazer a inferência:<br />

caminho, logo existo, exceto na medida em que nosso advertir (conscientia) do caminhar seja um<br />

pensamento (cogitatio). (...) Em outras passagens, contudo, Descartes distingue consciência <strong>de</strong><br />

pensamento a ponto <strong>de</strong> usar <strong>uma</strong> <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir a outra. Ele <strong>de</strong>fine pensamento nos Princípios I, 9 como<br />

todas aquelas coisas que estando conscientes (nobis consciis), ocorrem em nós, na medida” em que a<br />

consciência <strong>de</strong>las em nós]. (Tradução livre nossa).<br />

7 “Par le mot <strong>de</strong> penser, j’entends tout ce qui se fait en nous <strong>de</strong> telle sorte que nous l’apercevons<br />

immédiatement par nous-mêmes; c’est pourquoi non seulement entendre, vouloir, imaginer, mais aussi<br />

sentir, est la même chose ici que penser” (DESCARTES, Principes, AT IX-2, Première Partie, p. 28, art.<br />

9).(Tradução livre nossa).<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!