07.01.2015 Views

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

suficientemente em que consiste este caráter inato da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, po<strong>de</strong>-se inferir <strong>de</strong><br />

<strong>sua</strong>s afirmações que, como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> causa e várias outras, ela correspon<strong>de</strong> à própria<br />

estrutura da razão h<strong>uma</strong>na e se manifesta implicitamente em seu exercício como a<br />

experiência da abertura ilimitada do espírito. Este dinamismo do espírito h<strong>uma</strong>no em<br />

direção a sempre mais, ultrapassando qualquer conteúdo efetivamente pensado, é o que<br />

lhe permite compreen<strong>de</strong>r a <strong>sua</strong> própria realida<strong>de</strong> como finta e imperfeita.<br />

Neste sentido, a i<strong>de</strong>ia implícita <strong>de</strong> <strong>infinito</strong> prece<strong>de</strong> a consi<strong>de</strong>ração do finito<br />

enquanto tal. Mas, enquanto explícita, ela se forma justamente pela negação do finito,<br />

como o próprio termo in-finito indica. Com efeito, não se po<strong>de</strong> pensar no finito se não<br />

se tem <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia, mesmo que implícita do <strong>infinito</strong>.<br />

De fato, como explica Descartes, sendo a nossa razão finita, ela não po<strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r positivamente o <strong>infinito</strong> enquanto tal. Po<strong>de</strong> apenas enten<strong>de</strong>r, a partir da<br />

experiência do impulso ilimitado <strong>de</strong> nosso espírito, que a plenitu<strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> perfeição<br />

é o alvo <strong>para</strong> o qual ele ten<strong>de</strong>. Se se trata do alvo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> progressão infinita imanente à<br />

história, como quer Feuerbach, ou <strong>de</strong> <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> suprema, que transcen<strong>de</strong> a<br />

substância pensante, como preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar Descartes, ou apenas <strong>de</strong> <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia<br />

reguladora, como propõe Kant, é a questão que fica por <strong>de</strong>cidir.<br />

Respondida a pergunta posta a Descartes sobre a natureza da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>infinito</strong>,<br />

cabe indagar <strong>de</strong> Feuerbach como ele enten<strong>de</strong> a infinitu<strong>de</strong> do gênero h<strong>uma</strong>no, enquanto<br />

alvo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> perfeição plena. Como foi dito, há <strong>uma</strong> evolução a este respeito no<br />

seu pensamento. À altura <strong>de</strong> <strong>sua</strong> obra principal “A essência do Cristianismo” ele parece<br />

enten<strong>de</strong>r a infinitu<strong>de</strong> do gênero h<strong>uma</strong>no em termos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> essência que encerra a<br />

plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as qualida<strong>de</strong>s e valores <strong>para</strong> os quais ten<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sejo h<strong>uma</strong>no. Mais<br />

tar<strong>de</strong>, porém, abandonando esta concepção como ainda abstrata, ele teria vi<strong>sua</strong>lizado o<br />

caráter <strong>infinito</strong> do gênero h<strong>uma</strong>no como a meta <strong>de</strong> um processo histórico <strong>de</strong> progresso<br />

ilimitado em direção à realização perfeita das aspirações h<strong>uma</strong>nas.<br />

Se forem válidas as interpretações dadas, tanto <strong>de</strong> Descartes como <strong>de</strong> Feuerbach,<br />

<strong>de</strong>ve-se concluir que ambos, o primeiro expressamente, o outro mais como pressuposto<br />

<strong>de</strong> <strong>sua</strong> reflexão, admitem a mesma estrutura formal da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>infinito</strong>, ou seja trata-se<br />

da negação <strong>de</strong> qualquer limite, apoiada no dinamismo da razão h<strong>uma</strong>na, que ten<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

<strong>uma</strong> plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> perfeição, que <strong>de</strong>ve ser afirmada, mas não po<strong>de</strong> ser compreendida<br />

pelo ser h<strong>uma</strong>no, <strong>de</strong> acordo com o primeiro, nem por ele alcançada <strong>de</strong>finitivamente, na<br />

perspectiva do segundo.<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!