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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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A crítica <strong>de</strong> Marx, por exemplo, é amplamente conhecida e tem seu ponto<br />

nuclear na afirmação <strong>de</strong> que Feuerbach ainda estaria preso à metafísica porque não<br />

consi<strong>de</strong>rou o econômico e o social do ser h<strong>uma</strong>no. Conforme observou Dagmar Manieri<br />

referindo-se a essa crítica, no artigo A concepção <strong>de</strong> homem em Ludwig Feuerbach, “o<br />

erro <strong>de</strong> Feuerbach foi ter priorizado a dimensão teórica do homem. E, assim, o caráter<br />

objetivo do homem se dissimula nessa ênfase ao teórico que, no fundo, ainda representa<br />

<strong>uma</strong> postura filosófica, a saber, especulativa”. 153<br />

Sem entrar no mérito específico <strong>de</strong>ssa censura, não há dúvida que <strong>para</strong> o leitor<br />

contemporâneo é estranha a esperança <strong>de</strong> Feuerbach em relação à h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. Seus<br />

textos são permeados <strong>de</strong> um otimismo excessivo em relação ao progresso histórico da<br />

h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, principalmente <strong>para</strong> pessoas <strong>de</strong> nossa geração, que presenciaram o<br />

nascimento <strong>de</strong> guerras sustentadas principalmente por forças econômicas, que ainda não<br />

têm data <strong>para</strong> terminar. Sob este aspecto, Feuerbach talvez <strong>de</strong>vesse ter sido mais<br />

cauteloso. De qualquer forma, é inegável que o melhor <strong>de</strong> seu ateísmo é a<br />

responsabilida<strong>de</strong> que o ser h<strong>uma</strong>no toma <strong>para</strong> si em relação às ações e escolhas que faz<br />

na vida.<br />

Embora reconhecendo que a religião é constitutivamente alienante, Feuerbach<br />

insiste que ela não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista meramente negativo. Se<br />

se constitui, <strong>de</strong> um lado, um obstáculo ao progresso material, social e moral da<br />

h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, é ela, <strong>de</strong> outro lado, que revela os segredos da natureza h<strong>uma</strong>na. Daí o seu<br />

papel essencial na história, papel inferior, sim, mas necessário <strong>para</strong> que o ser h<strong>uma</strong>no<br />

tome consciência <strong>de</strong> <strong>sua</strong> essência.<br />

No período ainda religioso, o ser h<strong>uma</strong>no encontra-se em <strong>sua</strong> fase infantil. O<br />

“homem infantil” em Feuerbach é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do divino. Ele adora a <strong>sua</strong> própria<br />

essência como se ela lhe fosse estranha. Ele crê em <strong>uma</strong> existência divina exterior e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das intenções h<strong>uma</strong>nas. 154<br />

Mas não se po<strong>de</strong> confundir a “infantilida<strong>de</strong>” do “homem” com a falta <strong>de</strong><br />

significado daquilo que ele afirma. Pois, embora a linguagem infantil seja <strong>de</strong> pouca<br />

153 MANIERI, A concepção <strong>de</strong> Homem em Ludwig Feuerbach, em Revista Ética & Filosofia Política,<br />

novembro/2003, v. 6, número 2.<br />

154 FEUERBACH, EC, 2007, p. 45.<br />

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