07.01.2015 Views

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Na terceira prova, o argumento também se sustenta na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Mas, <strong>de</strong>sta<br />

vez, Descartes parte do conteúdo da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> como um ente infinitamente perfeito<br />

e <strong>de</strong>staca a existência como <strong>uma</strong> das Suas perfeições. Essa prova é chamada <strong>de</strong> prova a<br />

priori porque da própria <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> Descartes preten<strong>de</strong> comprovar a Sua<br />

existência.<br />

4.2- A primeira prova a posteriori e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>infinito</strong><br />

À primeira vista, é difícil aceitar os argumentos cartesianos <strong>para</strong> a existência <strong>de</strong><br />

<strong>Deus</strong>, <strong>uma</strong> vez que Descartes alega, como veremos, que os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> exce<strong>de</strong>m os<br />

limites do entendimento h<strong>uma</strong>no. E se assim for, como afirmar a existência <strong>de</strong> algo sem<br />

conhecer o que é este algo Essa objeção será resolvida mais adiante, à luz das<br />

consi<strong>de</strong>rações do próprio Descartes sobre o conhecimento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Mas até mesmo<br />

Beyssa<strong>de</strong> inicia seu artigo, The I<strong>de</strong>a of God and the proofs of his existence 74 com a<br />

afirmação <strong>de</strong> que há um “<strong>para</strong>doxo no coração da metafísica cartesiana”. O “<strong>para</strong>doxo”<br />

consiste, segundo Beyssa<strong>de</strong>, no fato <strong>de</strong> que, <strong>para</strong> Descartes, “todo conhecimento<br />

científico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do conhecimento seguro que temos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, mas por outro lado, a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> está além da compreensão finita <strong>de</strong> nosso entendimento”. 75<br />

A primeira prova da existência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, como veremos a seguir, baseia-se na<br />

incapacida<strong>de</strong> da mente finita <strong>de</strong> conhecer plenamente o <strong>infinito</strong>. Assim, o que seria um<br />

<strong>para</strong>doxo se constitui no núcleo do argumento cartesiano.<br />

Esta prova começa pela análise das diferentes i<strong>de</strong>ias encontradas no pensamento:<br />

alg<strong>uma</strong>s representam anjos, outras, animais, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> mim mesmo e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.<br />

74 BEYSSADE, Jean-Marie. The i<strong>de</strong>a of God and the proofs of his existence. In: COTTINGHAM, John<br />

(ed.).The Cambridge Companion to Descartes. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.<br />

75 “There is a <strong>para</strong>dox at the heart of Cartesian metaphysics. On the one hand, Descartes’ whole system<br />

of scientific knowledge <strong>de</strong>pends on our assured knowledge of God. But on the other hand, the i<strong>de</strong>a of<br />

God is explicitly stated by Descartes to be beyond our comprehension. This <strong>para</strong>dox emerges in<br />

Descartes’ proofs of God’s existence, and hinges on the relationship between the affirmation of God’s<br />

existence and the elucidation of the i<strong>de</strong>a of God, which is the basis for that affirmation” (BEYSSADE, The<br />

I<strong>de</strong>a of God and the proofs of his existence, in: The Cambridge Companion to Descartes, 2006, p. 174).<br />

[Há um <strong>para</strong>doxo no coração da metafísica <strong>de</strong> Descartes. Por um lado, todo sistema do conhecimento<br />

científico cartesiano é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do conhecimento seguro <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Mas, por outro lado, Descartes<br />

explicitamente afirma que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> está além <strong>de</strong> nossa compreensão. Este <strong>para</strong>doxo emerge nas<br />

provas da existência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e articula-se na relação entre a afirmação da existência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e na<br />

elucidação da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, que é a base da afirmação <strong>de</strong> que <strong>Deus</strong> existe]. (Tradução livre nossa).<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!