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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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A relevância da relação eu-tu, o altruísmo e a dimensão comunitária da<br />

existência correspon<strong>de</strong>m a outra intuição po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> Feuerbach, que passou<br />

<strong>de</strong>spercebida a seus contemporâneos. O indivíduo, por si mesmo, não tem em si mesmo<br />

a essência do homem, nem como ser moral, nem como ser pensante. A essência do ser<br />

h<strong>uma</strong>no não está contida senão na comunida<strong>de</strong>, na diferença entre o Eu e o Tu.<br />

Qualquer conhecimento válido baseia-se na oposição sujeito-objeto. Ou seja, é possível<br />

duvidar do conhecimento que tem <strong>sua</strong> origem em um só indivíduo, mas não é razoável<br />

duvidar daquilo que o outro também conhece. Mas essa oposição implica que ambos os<br />

termos da relação sejam dotados <strong>de</strong> <strong>uma</strong> força equivalente. Portanto, o objeto não po<strong>de</strong><br />

ser originariamente senão outro Eu. Eu e Tu, interagindo entre si constatam que eles são<br />

ao mesmo tempo Eu, isto é, sujeito, e Não-Eu, isto é, objeto. É tomando consciência <strong>de</strong><br />

que existem outros seres h<strong>uma</strong>nos além <strong>de</strong> mim que me certifico <strong>de</strong> que há objetos fora<br />

<strong>de</strong> mim. 123<br />

2.3. A originalida<strong>de</strong> do ser h<strong>uma</strong>no enquanto autoconsciência<br />

É justamente nesta relação que consiste a originalida<strong>de</strong> do ser h<strong>uma</strong>no. Para<br />

compreendê-la, faz-se necessária a familiarida<strong>de</strong> com o significado que Feuerbach<br />

atribui ao termo consciência, ou mais propriamente falando: à diferença entre<br />

consciência no sentido rigoroso, própria do ser h<strong>uma</strong>no, e consciência no sentido<br />

simples, própria dos outros animais.<br />

Os animais têm <strong>uma</strong> vida interior idêntica à exterior. Não obstante sejam<br />

limitados pela individualida<strong>de</strong>, eles possuem juízos das coisas exteriores - conforme<br />

<strong>sua</strong>s específicas características sensoriais; possuem, também, sentimento <strong>de</strong> si próprios<br />

e até discernimento sensorial. O animal não po<strong>de</strong>, porém, exercer função <strong>de</strong> gênero, ou<br />

seja, relacionar-se com o semelhante, sem outro indivíduo fora <strong>de</strong>le. Essa forma <strong>de</strong><br />

consciência é <strong>de</strong>nominada por Feuerbach <strong>de</strong> consciência simples. 124<br />

Já o ser h<strong>uma</strong>no possui <strong>uma</strong> vida dupla: a interior e a exterior. “Ele é <strong>para</strong> si ao<br />

mesmo tempo o EU e o TU”, afirma Feuerbach. Ele possui qualificações específicas do<br />

123 ARVON, Feuerbach: sa vie, son oeuvre avec un exposé <strong>de</strong> sa philosophie, 1964, p. 29.<br />

124 FEUERBACH, EC, 2007, p. 35.<br />

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