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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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3.1. A explicação psicológica da alienação religiosa<br />

Feuerbach era um ateu obstinado e um h<strong>uma</strong>nista por excelência. Durante toda a<br />

<strong>sua</strong> vida, preten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>cifrar o enigma da religião <strong>para</strong> conhecer o ser h<strong>uma</strong>no e seus<br />

valores. Seus escritos são testemunho <strong>de</strong> <strong>sua</strong> incansável <strong>de</strong>terminação. A essência do<br />

Cristianismo (1841), em <strong>sua</strong>s mais <strong>de</strong> trezentas páginas assegura que o homem é <strong>Deus</strong>.<br />

Preleções sobre a essência da religião (1846), em seus próprios termos, faz a mesma<br />

assertiva. Exalta, porém, o aspecto divino da própria natureza: “(...) o <strong>Deus</strong> físico ou o<br />

<strong>Deus</strong> consi<strong>de</strong>rado apenas como a causa da natureza, das estrelas, das árvores, das<br />

pedras, dos animais e dos homens (...) nada mais significa que a essência divinizada e<br />

personificada da natureza (...).” 132 No livro Princípios da filosofia do futuro (1843),<br />

Feuerbach inicia seus aforismos <strong>de</strong>sta maneira: “A tarefa dos tempos mo<strong>de</strong>rnos foi a<br />

realização e a h<strong>uma</strong>nização <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, a transformação e a resolução da teologia na<br />

antropologia.” 133 Já na introdução das Teses provisórias <strong>para</strong> a Reforma da Filosofia<br />

(1842), ele afirma: “O mistério da teologia é a antropologia [...].” 134<br />

A antropologização da teologia propugnada por Feuerbach - como acabamos <strong>de</strong><br />

exemplificar nas citações <strong>de</strong> <strong>sua</strong>s obras - tem como motivação um dos pontos nucleares<br />

<strong>de</strong> <strong>sua</strong> filosofia: o combate à alienação.<br />

A noção <strong>de</strong> alienação, que inspira e orienta <strong>sua</strong> crítica à religião se situa no<br />

campo propriamente psicológico, enquanto consiste em projetar no plano transcen<strong>de</strong>nte<br />

o que pertence à dimensão imanente da existência h<strong>uma</strong>na.<br />

O homem religioso é prisioneiro <strong>de</strong> um mundo irreal. Ele julga verda<strong>de</strong>iro aquilo<br />

que não passa <strong>de</strong> um sonho do espírito h<strong>uma</strong>no. Sua representação da divinda<strong>de</strong> não<br />

passa <strong>de</strong> <strong>uma</strong> imagem infinitamente aperfeiçoada dos valores que ele encontra em <strong>sua</strong><br />

própria experiência h<strong>uma</strong>na.<br />

O processo projetivo gerador da crença em <strong>Deus</strong> implica os seguintes<br />

momentos. Por um lado, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e a crença na existência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong><br />

apóiam-se na falta: <strong>de</strong> justiça, <strong>de</strong> sabedoria e <strong>de</strong> amor entre os homens. A religião<br />

132 FEUERBACH, ER, 1989, p. 27.<br />

133 FEUERBACH, Princípios da filosofia do futuro, 1988, p. 37, aforismo 1.<br />

134 FEUERBACH, Teses provisórias da Reforma da Filosofia, 1988, p.19.<br />

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