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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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A expressão máxima <strong>de</strong>ssa infinitu<strong>de</strong> do ser h<strong>uma</strong>no é o amor, que, no entanto, é<br />

essencialmente amor sensível entre eu e tu. Unicamente no amor e <strong>para</strong> o amor <strong>uma</strong><br />

pessoa ou coisa adquire um valor absoluto. É nele que o finito se torna <strong>infinito</strong>, o que<br />

lhe confere <strong>uma</strong> profundida<strong>de</strong> infinita, um caráter verda<strong>de</strong>iramente divino. Assim,<br />

Feuerbach substitui a proclamação neotestamentária “<strong>Deus</strong> é amor” pela afirmação “O<br />

amor é <strong>Deus</strong>.” 167 Também aqui, como vimos anteriormente, o divino bem entendido não<br />

<strong>de</strong>ve ser empregado como sujeito, mas como predicado daqueles valores que constituem<br />

a essência infinita do ser h<strong>uma</strong>no. Sendo assim, o preceito “amar a <strong>Deus</strong> sobre todas as<br />

coisas” se converte em “amar o ser h<strong>uma</strong>no por si mesmo”. Essa é a verda<strong>de</strong>ira<br />

revelação do significado último da religião.<br />

4.3. A essência h<strong>uma</strong>na como gênero ou espécie<br />

A inversão antropológica da teologia consiste fundamentalmente em atribuir à<br />

essência h<strong>uma</strong>na, não como individual, mas como espécie ou gênero, os predicados<br />

<strong>infinito</strong>s que a religião projetava em <strong>Deus</strong>. Entretanto, como se viu, há <strong>uma</strong> evolução na<br />

concepção feuerbachiana <strong>de</strong> <strong>infinito</strong> e <strong>de</strong> <strong>sua</strong> relação com o finito. Ele inverte<br />

paulatinamente a i<strong>de</strong>ia da priorida<strong>de</strong> do <strong>infinito</strong> sobre o finito a ponto <strong>de</strong> reduzir<br />

finalmente o <strong>infinito</strong> à mera negação das limitações do finito, sem nenh<strong>uma</strong> realida<strong>de</strong><br />

positiva. Em <strong>sua</strong> concepção <strong>de</strong>finitiva, o <strong>infinito</strong> consiste simplesmente na capacida<strong>de</strong><br />

do ser h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver-se in<strong>de</strong>finidamente ao longo da história, realizando-se,<br />

assim, n<strong>uma</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas nos indivíduos. Trata-se basicamente da i<strong>de</strong>ia, cara à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, do progresso contínuo e ilimitado da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> nas várias dimensões <strong>de</strong><br />

<strong>sua</strong> essência.<br />

Na verda<strong>de</strong>, ao longo <strong>de</strong>sta evolução a i<strong>de</strong>ia feuerbachiana <strong>de</strong> <strong>infinito</strong> permanece<br />

sempre referida à essência h<strong>uma</strong>na, em termo <strong>de</strong> gênero ou espécie. Nisso consiste,<br />

como se mostrou, o núcleo <strong>de</strong> <strong>sua</strong> crítica da religião, como conversão da teologia em<br />

antropologia. Com efeito, o ser h<strong>uma</strong>no nunca é concebido por Feuerbach como <strong>uma</strong><br />

mônada isolada. É sempre visto no conjunto da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, da espécie h<strong>uma</strong>na, em<br />

167 “O amor é o próprio <strong>Deus</strong> e sem ele não há <strong>Deus</strong>. O amor transforma o homem em <strong>Deus</strong> e <strong>Deus</strong> no<br />

homem. O amor fortifica o fraco e enfraquece o forte, humilha o soberbo e enaltece o humil<strong>de</strong> (...)”<br />

(FEUERBACH, EC, 2007, p. 75).<br />

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