O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
intimida<strong>de</strong> revelada, o pronunciamento do Eu do homem (...)”. 142 Daí o caráter<br />
existencial e emotivo da linguagem religiosa, enquanto exprime os sentimentos<br />
h<strong>uma</strong>nos mais profundos.<br />
Embora na concepção h<strong>uma</strong>na a bonda<strong>de</strong> e justiça possam parecer contraditórias<br />
(quem é infinitamente bom dificilmente teria condições <strong>de</strong> ser justo, ou quem é<br />
infinitamente justo provavelmente não seria bom); em <strong>Deus</strong>, esses atributos coexistem<br />
<strong>de</strong> forma harmoniosa, pois o conceito abstrato <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> comporta todos os predicados,<br />
mesmo que pareçam incoerentes entre si.<br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que se faz por Seus atributos vale tanto <strong>para</strong> o<br />
politeísmo como <strong>para</strong> o monoteísmo. A diferença é que <strong>para</strong> o politeísmo as qualida<strong>de</strong>s<br />
do ser h<strong>uma</strong>no estão se<strong>para</strong>das em cada <strong>Deus</strong>. Por exemplo, o <strong>de</strong>us da justiça, o da<br />
colheita, o da saú<strong>de</strong> e assim por diante. No monoteísmo, as qualida<strong>de</strong>s divinas estão<br />
unificadas em apenas um ser. <strong>Deus</strong> é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as perfeições, como mostra<br />
Feuerbach: “Também sob o <strong>Deus</strong> Uno se escon<strong>de</strong>m, por causa da pluralida<strong>de</strong> e da<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>sua</strong>s qualida<strong>de</strong>s, muitas divinda<strong>de</strong>s. A diferença é no máximo apenas a<br />
que existe entre um nome coletivo e um nome particular”. 143<br />
Cabada Castro, no trecho a seguir, sintetiza as implicações da análise da palavra<br />
<strong>Deus</strong>: “(...) com a expressão <strong>Deus</strong>, o homem resume <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> explicações e<br />
aclarações sobre si mesmo, sobre <strong>sua</strong>s próprias qualida<strong>de</strong>s, temores ou esperanças, que,<br />
<strong>de</strong> outro modo, dificilmente seria possível expressar <strong>de</strong>talhadamente”. 144<br />
b) <strong>Deus</strong> em si e <strong>Deus</strong> como aparece<br />
A teologia cristã também reconhece que os atributos divinos são extraídos da<br />
realida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>no-mundana. De fato, a linguagem h<strong>uma</strong>na não po<strong>de</strong> se referir a <strong>uma</strong><br />
realida<strong>de</strong> supra sensível, senão utilizando termos que se originam no contato com o<br />
mundo h<strong>uma</strong>no. Para falar do divino, não há outros termos senão os da linguagem<br />
142 FEUERBACH, EC, 2007, p. 44.<br />
143 FEUERBACH, ER, 1989, p. 86.<br />
144 “(…) con la expresíon ‘Dios’ resume el hombre una serie <strong>de</strong> explicaciones y aclaraciones <strong>de</strong> sí mismo,<br />
<strong>de</strong> sus proprias cualida<strong>de</strong>s, temores o esperanzas, que <strong>de</strong> otro modo difícilmente sería posible expresar<br />
<strong>de</strong>talladamente” (CABADA CASTRO, El h<strong>uma</strong>nismo premarxista <strong>de</strong> Ludwig Feuerbach, 1975, p.22).<br />
(Tradução livre nossa).<br />
72