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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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h<strong>uma</strong>no do ponto <strong>de</strong> vista da lógica formal como um conceito abstrato da essência<br />

específica, um padrão imutável, que transcen<strong>de</strong> a todos os indivíduos e se efetiva a seu<br />

modo em cada um <strong>de</strong>les.<br />

Entretanto, inicialmente, a noção <strong>de</strong> gênero é compreendida por Feuerbach nos<br />

mol<strong>de</strong>s do conceito hegeliano, como um universal concreto, isto é, a síntese <strong>de</strong> todo<br />

processo dialético e que inclui absolutamente <strong>de</strong> modo <strong>infinito</strong> e ilimitado todas as<br />

potencialida<strong>de</strong>s que se <strong>de</strong>senrolam pela história. Trata-se <strong>de</strong> algo i<strong>de</strong>al e a priori que se<br />

manifesta progressivamente mediante as figuras finitas e concretas da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong><br />

empírica.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, as objeções <strong>de</strong> Max Stirner contra Feuerbach em seu livro, O único e<br />

<strong>sua</strong> proprieda<strong>de</strong>, 170 obra escrita três anos após A essência do Cristianismo, são<br />

incisivas. Na visão <strong>de</strong> Stirner, Feuerbach substituiu <strong>Deus</strong> pelo ser h<strong>uma</strong>no e, por isso,<br />

seu ateísmo é apenas aparente. Com efeito, a morte <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> <strong>para</strong> Feuerbach será<br />

preenchida pelos valores <strong>de</strong>fendidos pelo Cristianismo dando especial importância ao<br />

diálogo eu-tu. Já <strong>para</strong> Stirner, <strong>uma</strong> vez abandonados <strong>Deus</strong> e a essência h<strong>uma</strong>na, resta<br />

somente o ego e o indivíduo.<br />

Feuerbach não ce<strong>de</strong> totalmente às pressões <strong>de</strong> Stirner; Siena acredita, aliás, que a<br />

acusação <strong>de</strong> ateísmo aparente, feita por Stirner à Feuerbach, permitiu reforçar a tese<br />

feuerbachiana <strong>de</strong> que os predicados divinos são h<strong>uma</strong>nos. Feuerbach a ele respon<strong>de</strong>,<br />

sustentando que há duas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a tese da inexistência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>: <strong>uma</strong><br />

170 Em linhas gerais, Stirner argumenta que Feuerbach embora critique o caráter essencialista da filosofia<br />

<strong>de</strong> Hegel, ainda se mantém nesse horizonte. Nas palavras <strong>de</strong> Stirner: “ Assim Feuerbach nos diz que ‘se<br />

virarmos simplesmente do avesso a filosofia especulativa, isso é, se fizermos do predicado sujeito, e<br />

<strong>de</strong>sse sujeito objeto e princípio, chegamos à verda<strong>de</strong> nua, pura, autêntica’. Contudo com isso per<strong>de</strong>mos<br />

o ponto <strong>de</strong> vista estritamente religioso, per<strong>de</strong>mos o <strong>Deus</strong> que, <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista, é o sujeito; mas, em<br />

compensação, obtemos a outra parte do ponto <strong>de</strong> vista religioso, a moral. Deixamos, por exemplo, <strong>de</strong><br />

dizer ‘<strong>Deus</strong> é o amor’ e dizemos ‘o amor é divino’. Se colocarmos ainda no lugar do predicado ‘divino’<br />

seu sinônimo ‘sagrado’, as coisas voltam exatamente ao ponto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partiram (STIRNER, O único e <strong>sua</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, 2009, p.64). Ou ainda, “ A nova essência, [proposta por Feuerbach] porém, trai <strong>uma</strong><br />

natureza ainda mais espiritual do que o velho <strong>Deus</strong>, porque este era ainda representado com forma<br />

corpórea, enquanto a nova mantém intacta toda a <strong>sua</strong> espiritualida<strong>de</strong> e não lhe é atribuído nenhum<br />

corpo material. E apesar disso, não lhe falta completamente a corporeida<strong>de</strong>, que é ainda mais aliciante<br />

porque parece mais natural e mundana e consiste, nada mais nada menos, em todo homem com corpo<br />

ou simplesmente na ‘h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>’ ou em ‘todos os seres h<strong>uma</strong>nos’ ” (STIRNER, O único e <strong>sua</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, 2009, p.52-53).<br />

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