O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
essência h<strong>uma</strong>na é infinita, não na particularida<strong>de</strong> dos indivíduos, mas na<br />
universalida<strong>de</strong> da espécie.<br />
Já analisamos os fundamentos psicológicos do processo que, segundo<br />
Feuerbach, leva o ser h<strong>uma</strong>no a projetar espontaneamente, n<strong>uma</strong> entida<strong>de</strong> divina, a<br />
infinitu<strong>de</strong> própria <strong>de</strong> <strong>sua</strong> essência, pelo sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. Vimos também<br />
como, mediante <strong>uma</strong> análise lógico-gramatical, ele preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>smascarar a natureza<br />
ilusória e alienante <strong>de</strong>sta atitu<strong>de</strong>, reduzindo, por conseguinte, a teologia à antropologia.<br />
Trata-se, agora, <strong>de</strong> examinar <strong>de</strong>tidamente a i<strong>de</strong>ia que Feuerbach faz <strong>de</strong>sse <strong>infinito</strong> e a<br />
<strong>sua</strong> relação com a essência h<strong>uma</strong>na, como gênero.<br />
4.2. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>infinito</strong> em Feuerbach e <strong>sua</strong> evolução<br />
O interesse do filósofo pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>infinito</strong> aparece já na <strong>sua</strong> tese doutoral, com<br />
o título significativo <strong>de</strong> De ratione una, universali, infinita, escrita em 1836 e publicada<br />
em 1838. Nela, ainda sob o influxo <strong>de</strong>terminante do sistema hegeliano, ele explica a<br />
abertura ao todo, própria da razão h<strong>uma</strong>na, pela <strong>sua</strong> tendência a um <strong>infinito</strong> real. O<br />
<strong>de</strong>sejo, como tal, não po<strong>de</strong> ser entendido senão pela presença intencional do <strong>de</strong>sejado no<br />
<strong>de</strong>sejante. É a tese tradicional a respeito do fim como princípio da ação. Assim também,<br />
a tendência do espírito h<strong>uma</strong>no <strong>para</strong> sempre mais pressupõe a experiência <strong>de</strong> um<br />
<strong>infinito</strong> real. Se fosse meramente finita, a razão não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sejar o <strong>infinito</strong> nem ter<br />
consciência <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo e <strong>de</strong> seu alvo. É só quando ultrapassa permanentemente os<br />
seus limites na <strong>sua</strong> infinitu<strong>de</strong> que ela po<strong>de</strong> perceber-se como finita e limitada.<br />
Em A essência do Cristianismo, Feuerbach mantém a primazia do <strong>infinito</strong> sobre<br />
o finito, no sentido <strong>de</strong> que a consciência da própria finitu<strong>de</strong> pressupõe a consciência do<br />
<strong>infinito</strong>. Do início ao fim da obra, Feuerbach reivindica a particularida<strong>de</strong> do sujeito<br />
contra o universalismo hegeliano. Entretanto, o <strong>infinito</strong> real refere-se à espécie h<strong>uma</strong>na.<br />
A i<strong>de</strong>ia e o sentimento da infinitu<strong>de</strong> são interpretados como resultado da consciência da<br />
ilimitação das próprias faculda<strong>de</strong>s h<strong>uma</strong>nas. A essência do ser h<strong>uma</strong>no, como espécie, é<br />
entendida como a objetivação da consciência que tem o homem da ilimitação <strong>de</strong> seu<br />
<strong>de</strong>sejo, que não se satisfaz com nenhum saber ou felicida<strong>de</strong> limitados, antes busca<br />
sempre mais. O <strong>infinito</strong> pertence, então, à condição h<strong>uma</strong>na <strong>de</strong> busca constante da<br />
felicida<strong>de</strong> e sabedoria.<br />
81