O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
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<strong>de</strong>sses predicados. São teus predicados antropomorfismos, será também o sujeito <strong>de</strong>les<br />
um antropomorfismo”. 150<br />
3.3. O significado h<strong>uma</strong>nista do ateísmo <strong>de</strong> Feuerbach<br />
Sem sombra <strong>de</strong> dúvidas, o ateísmo <strong>de</strong> Feuerbach tem um significado<br />
profundamente h<strong>uma</strong>nista. O seu h<strong>uma</strong>nismo manifesta-se tanto na afirmação do caráter<br />
absoluto do ser h<strong>uma</strong>no, como fim em si mesmo, quanto na exaltação dos valores<br />
próprios do h<strong>uma</strong>nismo tradicional e da ética cristã: verda<strong>de</strong>, amor, liberda<strong>de</strong>, justiça,<br />
dignida<strong>de</strong> da pessoa h<strong>uma</strong>na. Como Siena diz: “a recusa da transcendência induz<br />
(Feuerbach) a passar da metafísica à antropologia e, portanto, a reportar tudo sobre o<br />
plano da ética. Se, <strong>de</strong> fato, não existe algum absoluto que forneça o sentido da<br />
existência, segue-se necessariamente que o sentido do mundo <strong>de</strong>ve ser indicado pelo<br />
homem”. 151 Ou ainda: “O filósofo se volta à ética propriamente porque acredita já<br />
concluído o discurso sobre o noumeno, além do fenômeno não se po<strong>de</strong> ir; <strong>Deus</strong> é<br />
forjado à imagem do homem, <strong>para</strong> o qual permanece aberto somente o campo do<br />
comportamento e das relações inter-h<strong>uma</strong>nas”. 152<br />
Feuerbach rejeita, portanto, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o ateísmo é a negação <strong>de</strong> todos os<br />
princípios morais. Quando esvazia o discurso religioso <strong>de</strong> sentido, ele não <strong>de</strong>ixa o ser<br />
h<strong>uma</strong>no à <strong>de</strong>riva. Feuerbach põe no lugar <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> a perfeição e o caráter <strong>infinito</strong> do<br />
gênero h<strong>uma</strong>no. Seu objetivo não é <strong>de</strong>struir o Cristianismo, mas conservar o que<br />
consi<strong>de</strong>ra ser o essencial <strong>de</strong> <strong>sua</strong> mensagem, retirando-lhe o fundamento divino.<br />
Esse reconhecimento e apreço dos valores éticos da tradição oci<strong>de</strong>ntal, por parte<br />
<strong>de</strong> Feuerbach, provocou protestos justamente dos meios progressistas, aos quais<br />
pertencia, sob a alegação <strong>de</strong> que ele ainda estaria preso à especulação metafísica.<br />
150 FEUERBACH, EC, 2007, p. 48.<br />
151 “Il rifiuto <strong>de</strong>lla transcen<strong>de</strong>nza induce i due filosofi a passare dalla metafisica all’antropologia e quindi<br />
a riportare tutto sul piano <strong>de</strong>ll’etica; se, infatti, non esiste alcun Assoluto che fornisce il senso<br />
all’esistenza, ne consegue necessariamente che il senso <strong>de</strong>l mondo <strong>de</strong>ve essere indicato dall’uomo”<br />
(SIENA, Finitismo ed infinitismo nel pensiero di Feuerbach, 2001, p. 190). (Tradução livre nossa).<br />
152 “Il filosofo si rivolge all’etica proprio perchè ritiene ormai concluso il discorso sul noumeno, al di là <strong>de</strong>l<br />
fenomeno non si può andare; Dio è forgiato ad immagine <strong>de</strong>ll’uomo, per cui rimane aperto solo il<br />
campo <strong>de</strong>l comportamento e <strong>de</strong>i rapporti inter<strong>uma</strong>ni” (SIENA, Finitismo ed infinitismo nel pensiero di<br />
Feuerbach, 2001, p. 183). (Tradução livre nossa).<br />
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