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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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luci<strong>de</strong>z, como dissemos anteriormente, ela é carregada <strong>de</strong> sentido sobre os <strong>de</strong>sejos<br />

h<strong>uma</strong>nos.<br />

Rubem Alves com<strong>para</strong> a análise do fenômeno religioso, própria <strong>de</strong> Feuerbach,<br />

com a interpretação dos sonhos <strong>para</strong> dizer que: “A religião é um sonho. Mas nos sonhos<br />

não nos encontramos nem no vazio, como pensava o empirismo, nem nos céus, como<br />

afirmavam os teólogos.” 155 Apesar <strong>de</strong> a religião ser <strong>uma</strong> fantasia, um sonho do espírito<br />

h<strong>uma</strong>no, ela é carregada <strong>de</strong> sentido porque expressa os valores h<strong>uma</strong>nos mais íntimos.<br />

“A consciência <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é a consciência que o homem tem <strong>de</strong> si mesmo, o<br />

conhecimento <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, o conhecimento que o homem tem <strong>de</strong> si mesmo. Pelo <strong>Deus</strong><br />

conheces o homem e vice-versa pelo homem conheces o seu <strong>Deus</strong>.” 156<br />

O objeto religioso é antropomórfico, e isso significa que, quando se estuda a<br />

religião, estuda-se o ser h<strong>uma</strong>no. O próprio Feuerbach <strong>para</strong>fraseia Sócrates e confessa<br />

que a <strong>sua</strong> pretensão ao estudar o fenômeno religioso é aprofundar o “gnôthi sautón<br />

(conheça a ti mesmo)” 157 - frase que ele chegou a pensar em colocar no título <strong>de</strong> seu<br />

livro A essência do Cristianismo.<br />

Feuerbach não é um ateu sem mais, ele não nega simplesmente a existência <strong>de</strong><br />

<strong>Deus</strong>. Seus argumentos são profundos e objetivam recolocar os atributos divinos em seu<br />

lugar <strong>de</strong> origem: na essência h<strong>uma</strong>na. Girando sempre em torno do mesmo eixo,<br />

Feuerbach insiste na crítica à religião e censura aqueles que lidam com a fé como se<br />

fosse algo externo à essência h<strong>uma</strong>na. No entanto, <strong>sua</strong> crítica da religião visa<br />

propriamente à purificação das representações religiosas que estão em contradição com<br />

os i<strong>de</strong>ais h<strong>uma</strong>nos. Não se trata tanto <strong>de</strong> <strong>uma</strong> negação da própria religião, mas da<br />

con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> <strong>sua</strong> concepção como fuga das tarefas temporais e das responsabilida<strong>de</strong>s<br />

intramundanas. Negar a <strong>Deus</strong> significa, na perspectiva <strong>de</strong> Feuerbach, negar a negação<br />

do homem. É o <strong>de</strong>sejo da libertação plena do ser h<strong>uma</strong>no que motiva a <strong>sua</strong> negação <strong>de</strong><br />

um <strong>Deus</strong> alienante.<br />

155 ALVES, O que é a religião 2003, p. 95.<br />

156 FEUERBACH, EC, 2007, p. 44.<br />

157 FEUERBACH, EC, 2007, p. 15.<br />

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