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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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elação com os seus semelhantes. O isolamento representa finitu<strong>de</strong> e limitação. A<br />

comunida<strong>de</strong>, ao contrário, é liberda<strong>de</strong> e infinitu<strong>de</strong>. O indivíduo só consigo mesmo é um<br />

ser h<strong>uma</strong>no no sentido ordinário do termo. Mas o homem com o outro homem, na<br />

unida<strong>de</strong> da relação eu/tu, é propriamente <strong>Deus</strong>. O comunitarismo e a relacionalida<strong>de</strong><br />

constituem elemento fundamental da essência h<strong>uma</strong>na. Como se viu, os predicados<br />

divinos, consi<strong>de</strong>rados como próprios do homem pela redução antropológica da religião,<br />

não pertencem ao indivíduo, mas ao gênero h<strong>uma</strong>no total. 168<br />

Isso não quer dizer que o gênero h<strong>uma</strong>no, em qualquer época da história, pos<strong>sua</strong><br />

tais qualida<strong>de</strong>s, na medida em que o homem as pensa e <strong>de</strong>seja. Mas a essência h<strong>uma</strong>na<br />

não se esgota em um momento único. Ela é consi<strong>de</strong>rada, por Feuerbach, em <strong>sua</strong><br />

ilimitada abertura <strong>para</strong> o futuro.<br />

O próprio da alienação religiosa é, justamente, atribuir os predicados da essência<br />

h<strong>uma</strong>na a <strong>Deus</strong>, consi<strong>de</strong>rando-o um indivíduo superior, como a personificação da<br />

espécie, a síntese das qualida<strong>de</strong>s do gênero h<strong>uma</strong>no, que se encontram distribuídas entre<br />

os indivíduos h<strong>uma</strong>nos e realizadas ou por realizar-se ao longo da história. A questão é<br />

que o homem religioso <strong>de</strong>sconhece a <strong>sua</strong> participação no gênero, e, portanto, não sabe<br />

que o que projeta em <strong>Deus</strong> são as características e qualida<strong>de</strong>s infinitas <strong>de</strong> seu gênero.<br />

Na perspectiva <strong>de</strong> Feuerbach, ao contrário, o gênero h<strong>uma</strong>no é o verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>us, o<br />

<strong>de</strong>us secularizado, <strong>de</strong> modo que Cristo, como <strong>Deus</strong> feito homem, na visão do<br />

Cristianismo, se apresenta a Ele como autêntico símbolo da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> inteira. 169<br />

Como o gênero h<strong>uma</strong>no se caracteriza pela infinitu<strong>de</strong>, então os predicados divinos, que<br />

são espelhos do gênero h<strong>uma</strong>no, também serão <strong>infinito</strong>s. Ou seja, o <strong>infinito</strong> é o<br />

fundamento e a base do gênero.<br />

Examinando mais <strong>de</strong> perto a obra <strong>de</strong> Feuerbach, percebemos, porém, que <strong>sua</strong><br />

concepção da essência h<strong>uma</strong>na, em termos <strong>de</strong> gênero ou espécie, evolui <strong>para</strong>lelamente à<br />

i<strong>de</strong>ia que ele propõe <strong>de</strong> <strong>infinito</strong>. Ao que tudo indica, ele nunca enten<strong>de</strong>u o gênero<br />

168 É o que nota Cabada Castro com estas palavras: “El hombre feuerbachiano no es consi<strong>de</strong>rado nunca<br />

como una mónada aislada en sí misma, (...) Feuerbach substantiviza en ‘dios’, no son predicados <strong>de</strong>l<br />

hombre individual en cuanto tal, sino <strong>de</strong> la especie, <strong>de</strong>l género h<strong>uma</strong>no total” (CABADA CASTRO, El<br />

h<strong>uma</strong>nismo premarxista <strong>de</strong> Ludwig Feuerbach, 1975, p.29). [O homem feuerbachiano não é consi<strong>de</strong>rado<br />

nunca como <strong>uma</strong> mónada isolada em si mesma, (...)Feuerbach substantiva em ‘<strong>de</strong>us’, não são predicados<br />

do homem individual enquanto tal, mas sim da espécie, do gênero h<strong>uma</strong>no total]. (Tradução livre nossa).<br />

169 FEUERBACH, EC, 2007, p. 77-78.<br />

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