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O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

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evemente, a seguir, as i<strong>de</strong>ias básicas da <strong>sua</strong> filosofia, nós nos <strong>de</strong>teremos, sobretudo,<br />

nas concepções próprias <strong>de</strong> seu período h<strong>uma</strong>nista.<br />

Opondo-se diametralmente ao caráter abstrato da dialética hegeliana 115 e ao<br />

subjetivismo <strong>de</strong> toda a filosofia mo<strong>de</strong>rna, Feuerbach insiste na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar-se<br />

<strong>para</strong> a realida<strong>de</strong> concreta, tal como é percebida por nossos sentidos. Po<strong>de</strong>mos constatar<br />

<strong>sua</strong> crítica nesta afirmação: “Os chamados filósofos especulativos são <strong>de</strong> resto os<br />

filósofos que não formam seus conceitos conforme as coisas, mas as coisas conforme<br />

seus conceitos.” 116 Por isso, os princípios <strong>de</strong>fendidos por Feuerbach não são a priori,<br />

isto é, vindos da especulação do pensamento; ao contrário, eles são extraídos <strong>de</strong> fatos<br />

concretos, da história.<br />

Feuerbach <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese <strong>de</strong> que todo o conhecimento <strong>de</strong>riva da sensibilida<strong>de</strong>:<br />

“Sou astronomicamente diferente dos filósofos que arrancam os olhos da cabeça <strong>para</strong><br />

po<strong>de</strong>rem pensar melhor; eu <strong>para</strong> pensar, necessito dos sentidos, mas acima <strong>de</strong> todos dos<br />

olhos; fundamento minhas i<strong>de</strong>ias sobre materiais que po<strong>de</strong>mos buscar sempre através da<br />

ativida<strong>de</strong> dos sentidos.” 117<br />

Embora confie aos sentidos a exploração do mundo real, ou seja, da natureza<br />

concreta, ele não propugna, <strong>de</strong> modo algum, um mero empirismo positivista. 118 Na<br />

verda<strong>de</strong>, o seu sen<strong>sua</strong>lismo abarca três graus <strong>de</strong> penetração da realida<strong>de</strong>, que<br />

correspon<strong>de</strong>m à plenitu<strong>de</strong> da essência h<strong>uma</strong>na: percepção, sensação e amor. 119<br />

115 O termo dialética <strong>de</strong>ve ser entendido como “síntese <strong>de</strong> opostos”. A dialética, como pensa Hegel,<br />

“consiste primeiro na colocação <strong>de</strong> um conceito ‘abstrato e limitado’, em segundo momento no suprimirse<br />

<strong>de</strong>sse conceito algo ‘finito’ e na passagem <strong>para</strong> o seu oposto e, no terceiro momento, a síntese das<br />

duas <strong>de</strong>terminações prece<strong>de</strong>ntes, que conserva ‘o que há <strong>de</strong> afirmativo na <strong>sua</strong> solução e na <strong>sua</strong><br />

transposição’ (ABBAGNANO, Dicionário <strong>de</strong> filosofia, 2000, p.269-274). A expressão caráter abstrato da<br />

dialética trata-se da crítica feita a Hegel <strong>de</strong> que a dialética permaneceria na consciência, não<br />

alcançando nunca o objeto, a realida<strong>de</strong>, a natureza, a não ser no pensamento e como pensamento.<br />

116 FEUERBACH, ER, 1989, p. 30.<br />

117 FEUERBACH, EC, 2007, p.20.<br />

118 Em linhas gerais o empirismo nega qualquer conhecimento ou princípio inato, também nega o supra<br />

sensível entendido como qualquer realida<strong>de</strong> não passível <strong>de</strong> verificação (ABBAGNANO, Dicionário <strong>de</strong><br />

filosofia, 2000, p.327).<br />

119 Apesar <strong>de</strong> não ser o tema <strong>de</strong> nosso estudo, salientamos que Arvon bem observa que Feuerbach dá<br />

ênfase à diferença sexual no sentido <strong>de</strong> que quando se reconhece homem se reconhece também a<br />

existência <strong>de</strong> outro ser diferente e complementar: a mulher. “Pourtant tout mon être reflète ma qualité<br />

d’homme ou <strong>de</strong> femme. Me sachant homme, je reconnais l’existence d’un autre être, différent et<br />

complémentaire à la fois, et qui contribue à me déterminer. Je ne suis donc pas un être autonome, mais<br />

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