07.01.2015 Views

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

objetivo do conceito, prescindindo <strong>de</strong> que corresponda ou não a algo que exista fora da<br />

mente.<br />

Quanto à realida<strong>de</strong> objetiva (conteúdos representativos): a mente é ativa no caso<br />

das i<strong>de</strong>ias factícias porque é ela, a mente, que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> formar o conteúdo da i<strong>de</strong>ia (por<br />

exemplo: a mente <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> elaborar a representação mental do centauro unindo o corpo <strong>de</strong><br />

cavalo com a cabeça <strong>de</strong> homem) e a mente é passiva nos casos das i<strong>de</strong>ias adventícias<br />

(não é a mente que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sentir ou não calor em <strong>uma</strong> linda praia ensolarada) e inatas<br />

(não é a mente que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se a soma dos ângulos internos <strong>de</strong> um triângulo tem ou não<br />

180 graus).<br />

Quanto a evocar <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada representação mental, a mente é ativa quando<br />

evoca a representação mental do centauro e do triângulo porque ela <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>liberadamente pensar em tais i<strong>de</strong>ias. Por outro lado, a mente é passiva na i<strong>de</strong>ia do Sol,<br />

pois quando se está em <strong>uma</strong> linda praia, por exemplo, em um dia quente, o calor do Sol<br />

inevitavelmente impõe à mente <strong>sua</strong> representação.<br />

Mesmo assim, ainda po<strong>de</strong> parecer difícil diferenciar as origens das i<strong>de</strong>ias,<br />

principalmente, as inatas das factícias, porque ambas parecem ter seus conteúdos<br />

imodificáveis. Uma vez que se tem a i<strong>de</strong>ia do triângulo, inevitavelmente, conclui-se que<br />

a soma <strong>de</strong> seus ângulos internos é 180 graus; da mesma maneira, <strong>uma</strong> vez que se tem a<br />

i<strong>de</strong>ia do centauro, inevitavelmente, nos vem à mente a figura <strong>de</strong> um homem com a<br />

cabeça <strong>de</strong> cavalo. A diferença existe e consiste em que as i<strong>de</strong>ias inatas representam<br />

essências verda<strong>de</strong>iras, imutáveis e eternas, ao passo que as i<strong>de</strong>ias factícias são fruto <strong>de</strong><br />

<strong>uma</strong> construção arbitrária da mente h<strong>uma</strong>na, no caso do centauro, ou <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

interpretação possível da realida<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong> muitas teorias científicas.<br />

Scribano oferece outra maneira <strong>de</strong> distinguir entre essas duas espécies <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />

quando qualifica as i<strong>de</strong>ias inatas como sistemas abertos e as adventícias como sistemas<br />

fechados. 14<br />

A estudiosa <strong>de</strong> Descartes quis dizer que as i<strong>de</strong>ias inatas, já que se referem a<br />

realida<strong>de</strong>s inteligíveis, aceitam novas <strong>de</strong>scobertas (po<strong>de</strong> ser que os geômetras<br />

<strong>de</strong>scubram outras proprieda<strong>de</strong>s do triângulo além da soma interna <strong>de</strong> seus ângulos <strong>de</strong><br />

14 SCRIBANO, Guia <strong>para</strong> leitura das Meditações Metafísicas <strong>de</strong> Descartes, 2007, p. 125.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!