O infinito e sua importância para o problema de Deus, uma ... - FaJe
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Trata-se, em primeiro lugar, da percepção imediata e direta do que existe,<br />
enriquecido por tudo o que nos proporcionam os sentidos. Mas a percepção é apenas<br />
um primeiro passo superficial, que nos permite entrar em contato com os entes na <strong>sua</strong><br />
exteriorida<strong>de</strong>, conforme Arvon: “A percepção é imediata e direta. Ela é essencial, pois<br />
somente um ser percebido escapa a toda contestação. Ela não é, no entanto, senão <strong>uma</strong><br />
primeira aproximação superficial”. 120<br />
Ainda nas palavras <strong>de</strong> Arvon: “Se a percepção nos permite entrar em<br />
comunicação com o exterior dos seres, a sensação tem o mérito <strong>de</strong> nos unir ao interior<br />
dos seres.” 121 Arvon quis dizer que é a sensação que confere profundida<strong>de</strong> a nosso<br />
contato com a realida<strong>de</strong>. Ela penetra no interior, revelando os sentimentos e a vida do<br />
espírito, ou seja, não só a coisa, mas também o “eu” torna-se objeto dos sentidos nesta<br />
concepção alargada <strong>de</strong> seu âmbito.<br />
É no amor, finalmente, que o conhecimento atinge a perfeição. Ele constitui a<br />
verda<strong>de</strong>ira prova da existência, enquanto funda as relações entre o sujeito e o objeto.<br />
Feuerbach põe em relevo o caráter emocional do conhecimento, ao analisar a<br />
contraposição entre dor e amor. Segundo ele, só tem realida<strong>de</strong> aquilo cuja existência<br />
provoca alegria e aquilo cuja não existência provoca dor. Mas, além <strong>de</strong>sta função, por<br />
assim dizer epistemológica do amor, ele chama a atenção <strong>para</strong> a <strong>sua</strong> dimensão<br />
antropológica. De fato, a essência h<strong>uma</strong>na se <strong>de</strong>senvolve em três dimensões: razão,<br />
vonta<strong>de</strong> e amor. Feuerbach é claro: “Razão, amor e vonta<strong>de</strong> são perfeições, são os mais<br />
altos po<strong>de</strong>res, são a essência absoluta do homem enquanto homem e a finalida<strong>de</strong> da <strong>sua</strong><br />
existência. O homem existe <strong>para</strong> conhecer, <strong>para</strong> amar e <strong>para</strong> querer.” 122 A razão produz<br />
os pensamentos, a vonta<strong>de</strong> é responsável pelas ações e o amor (coração) funda as<br />
relações comunitárias, a vida em comum.<br />
par nature un être lié à un autre être » (ARVON, Feuerbach: sa vie, son ouevre avec un exposé <strong>de</strong> sa<br />
philosophie, 1964, p. 28). [No entanto, todo o meu ser reflete minha qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> homem ou <strong>de</strong> mulher.<br />
Sabendo-me homem, eu reconheço a existência <strong>de</strong> outro ser ao mesmo tempo diferente e<br />
complementar e que contribui a minha <strong>de</strong>terminação. Então, eu não sou um ser autônomo, mas por<br />
natureza um ser ligado a outro ser. (Tradução livre nossa).<br />
120 “La perception est immédiate et directe. Elle est essentielle, car seul um être perçu échappe à toute<br />
contestation. Elle n’est pourtant qu’une première approche superficielle » (ARVON, Feuerbach: sa vie,<br />
son oeuvre avec un exposé <strong>de</strong> sa philosophie, 1964, p. 26). (Tradução livre nossa.)<br />
121 “Si la perception nous permet d’entrer en communication avec l’extérieur <strong>de</strong>s êtres, la sensation a le<br />
mérite <strong>de</strong> nous unir à l’intérieur <strong>de</strong>s êtres”(ARVON, Feuerbach : sa vie, son oeuvre avec un exposé <strong>de</strong> sa<br />
philosophie, 1964, p. 26). (Tradução livre nossa.)<br />
122 FEUERBACH, EC, 2007, p. 36.<br />
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