Agora, se a gente fosse pensar nas fases da sua vida? Como é que vocêdividiria sua vida?A minha adolescência, a minha juventu<strong>de</strong> lá no Sul; a minha chegada em SãoPaulo e aqui, o que eu fiz no resto da minha carreira.Mas se a gente fosse pensar em termos <strong>de</strong> anos, você veio para São Paulo nocomeço <strong>de</strong> [19]50.Em 1950 mesmo.Até [19]50, você está em Rio Gran<strong>de</strong>. De [19]50 até [19]73 é a sua vida... (Eufiquei na Record.) na Record – primeiro na rádio, <strong>de</strong>pois na televisão. Teve umperíodo que você fic<strong>ou</strong> dando aula no CLAM (Centro Livre <strong>de</strong> AprendizadoMusical), <strong>de</strong> [19]73 até...Sei lá! Não me lembro há quanto tempo. Foi uma época lá! Passei uma épocalecionando piano lá.De [19]77 a [19]80, você...Em 77 eu fui tocar piano no navio pra ganhar a vida, né? (Mas você só fez iss<strong>ou</strong>ma temporada?) Uma temporada, a temporada <strong>de</strong> verão. Nós embarcamos no dia 31<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> [19]76 e voltamos do cruzeiro – sei lá como chama isso aí – no fim <strong>de</strong>março. Aí já era 77. Fui fazer uns cachês na TV Tupi e acabei ficando lá, eles meregistraram, mas a Tupi faliu. Lá tinha um baterista (Jorge Miller), meu amigo, que amulher <strong>de</strong>le trabalhava com publicida<strong>de</strong> e eu fui trabalhar num estúdio que chamavaAvant Gar<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> eu trabalhei 8 anos, <strong>de</strong> [19]80 a [19]88.Em [19]88 eu comecei a ver que estava ficando bitolado com a publicida<strong>de</strong>. Euia fazer uma coisa e em 16 compassos resolvia... Pensei: “-Não, alguma coisa estáerrada!” [Risos] Aí eu pedi <strong>de</strong>missão. (Mas você era registrado lá?) Era, eraregistrado. Eu falei com ele: “-Olha, eu v<strong>ou</strong> me aposentar – para o Armando(Mihanovich), que foi um cara muito bacana. Eu falei: “-Sabe o que eu queria? Quevocê me mandasse embora para eu pegar o fundo <strong>de</strong> garantia.” Ele me fal<strong>ou</strong>: “-Mas,<strong>Cyro</strong>, tem uma multa, porque eu não tenho razões.” Eu digo: “-Não, paga a multa queeu te <strong>de</strong>volvo a multa.” E foi isso que eu fiz.Eu estava numa boa, mas começ<strong>ou</strong> a inflação e o dinheiro começ<strong>ou</strong> a acabar. Eisque <strong>de</strong> repente, não mais que <strong>de</strong> repente o Maestro Benito Juarez fal<strong>ou</strong>: “-<strong>Cyro</strong>, vocênão quer dar aula aqui no curso <strong>de</strong> música popular?” Eu falei: “-Est<strong>ou</strong> indo! Quandoé, é amanhã? Já est<strong>ou</strong> aí!” Aí fui para a Unicamp, em [19]90 fundaram a Jazz, eu fui112
morar em Campinas e fiquei na Unicamp até [19]99, porque eu fiz 70 anos – e aí tem aaposentadoria compulsória e fiquei aqui na Jazz, até a hora que <strong>de</strong>r. [Risos]Mudando <strong>de</strong> assunto, vamos pensar em momentos marcantes da suacarreira.Eu acho que um dos momentos importantes foi o primeiro prêmio que eu ganheiaqui em São Paulo. Tinha um concurso <strong>de</strong> música no Teatro Municipal, que era escreveruma Suíte – que era um dobrado, uma toada, uma valsa, um choro e um baião. E eu fuiconcorrer por insistência <strong>de</strong> um músico da Orquestra da TV Record, o Delamore, quetocava viola. Ele fal<strong>ou</strong>: “-Não, <strong>Cyro</strong>, faz sim!” E eu respondia:“-Ah, sim. Tá bom, euv<strong>ou</strong> fazer...” Ele me encheu tanto que eu acabei fazendo, e no fim ganhei uma mençãohonrosa. Esse foi um momento importante para mim.No ano seguinte, tinha um concurso da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música, no Rio<strong>de</strong> Janeiro, que era o Centenário <strong>de</strong> nascimento do (Ernesto) Nazareth, em que tinha quefazer uma peça com temas do Nazareth. E eu também não estava afim, mas aí foi oMigliori que me encheu. Eu falei: “-Maestro, como é que eu v<strong>ou</strong> escrever aparaAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música, no Rio <strong>de</strong> Janeiro? Quem é que me conhece?” / “-Ô,<strong>Cyro</strong>, faça as suas coisas! Imagina! Não tem nada a ver uma coisa coma a <strong>ou</strong>tra.”Acabei fazendo uma fantasia para piano e orquestra sobre os temas do Nazareth. Ganheio segundo lugar e acabei sabendo disso pelo aç<strong>ou</strong>gueiro; a minha mulher foi comprarcarne no aç<strong>ou</strong>gue e ele fal<strong>ou</strong>: “-Olha, dona Ester. Olha aqui! O seu marido ganh<strong>ou</strong> umprêmio.” Ela fal<strong>ou</strong>: “-É mesmo?” Aí ele mostr<strong>ou</strong> o Jornal – não sei se foi a Folha <strong>ou</strong> oEstado – que estava lá que eu tinha ganhado, e dois <strong>ou</strong> três dias <strong>de</strong>pois cheg<strong>ou</strong> umacarta me convidando, e eu fui ao Rio receber o prêmio. Nunca tocaram porque naAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música tinha muito pessoal <strong>de</strong> esquerda. Aí est<strong>ou</strong>r<strong>ou</strong> aRevolução e fic<strong>ou</strong> na gaveta até [19]97, quando o (Rodolfo) Stroeter resolveu fazer umdisco (<strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> – 50 anos <strong>de</strong> música). Me fugiu o nome do pianista agora quetoc<strong>ou</strong>... (Cláudio Richerme)Mas esses foram dois momentos importantes. Depois h<strong>ou</strong>ve um terceiro, numfestival na Venezuela, em [19]72 – o Festival <strong>de</strong> Música Popular – e eu e meu parceiro(Mario Albanese) ganhamos terceiro lugar como autores e eu ganhei terceiro (primeiro)lugar como regente. Também foi... Eu est<strong>ou</strong> te falando, ninguém manjava nada <strong>de</strong>regência... [Risos] Então esses foram três momentos importantes.Teve <strong>ou</strong>tro também, quando eu ganhei o Prêmio Carlos Gomes, do Governo doEstado, que foi pela fundação da Jazz Sinfônica, que foi um prêmio em dinheiro – acho113
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Banca Examinadora__________________
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A importância da obra de Pereira p
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mesma década de 1940. Pereira ouvi
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