Em algumas situações há o pensamento <strong>de</strong> acor<strong>de</strong>s sobrepostos 69 , como no compasso 4on<strong>de</strong> ele pensa em um Sol Bemol Maior com sétima e nona em cima <strong>de</strong> um Dó Maiorcom sétima.Outro procedimento que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>stacado é o fato <strong>de</strong> ele não se utilizar <strong>de</strong>armadura <strong>de</strong> claves, escrevendo os aci<strong>de</strong>ntes ocorrentes. Justifica isso <strong>de</strong> uma maneirasimples: “Resolvi escrever assim, não sei se é bom <strong>ou</strong> ruim, mas é o meu jeito.” E porúltimo, muitas vezes abrirá mão do rigor acadêmico em função da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura,usando notas enarmônicas.Nesta análise passaremos a utilizar a nomenclatura <strong>de</strong> música popular paranomear os acor<strong>de</strong>s, apontados por Sérgio Paulo Ribeiro <strong>de</strong> Freitas (1995). Tal <strong>de</strong>cisãose <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> Freitas trabalhar com uma padronização consistente dos símbolosrepresentativos dos acor<strong>de</strong>s.Por último, queremos ressaltar que esta análise não tem a intenção <strong>de</strong> esgotartodas as implicações e relações harmônicas que existem <strong>de</strong>ntro da obra, mas apenasfuncionar como um guia para um melhor entendimento <strong>de</strong>la, comparando-a com a <strong>de</strong>Pixinguinha.IntroduçãoA Introdução começa com acor<strong>de</strong>s com muitas extensões. As notas <strong>de</strong> base damelodia (na cabeça dos tempos) estão sempre situadas nas tensões altas, como adécima-primeira no compasso 1. No compasso 4, assim como no 8 há um acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> C7com muitas alterações e que tem a função <strong>de</strong> dominante. 70Na figura 3 temos a melodiacom números embaixo das notas. Estas são as extensões, como por exemplo: 9b é igualà nona menor do acor<strong>de</strong>; 11 é igual à décima-primeira do acor<strong>de</strong> (quarta); 11# é adécima-primeira aumentada; 13 é a <strong>de</strong>cima-terceira (sexta), etc.69 Sobre esse procedimento, Renato Kutner (2006) afirma que: “<strong>Cyro</strong> escreve quase exclusivamente semarmadura <strong>de</strong> clave. Em reunião com o compositor no dia 9/05/2005, perguntei sobre o uso da harmonianesta obra (Suíte Brasiliana 2); ele explic<strong>ou</strong> que procur<strong>ou</strong> não se fixar em tonalida<strong>de</strong> alguma,modulando sempre, sendo essa a característica geral <strong>de</strong> suas obras há muitos anos. Tal maneira <strong>de</strong>utilizar a harmonia remete-nos ao conceito <strong>de</strong> polarização, apresentado por Stravinsky em sua Poéticamusical, na qual ele afirma: Por mais <strong>de</strong> um século, a música vem nos oferecendo seguidos exemplos <strong>de</strong>um estilo em que a dissonância alcanç<strong>ou</strong> sua emancipação. Ela já não está amarrada à sua função antiga.Tendo se tornado uma entida<strong>de</strong> auto-suficiente, muitas vezes não prepara nem antecipa alguma coisa.”(p. 23).70 <strong>Cyro</strong> consi<strong>de</strong>ra estes acor<strong>de</strong>s como uma sobreposição <strong>de</strong> Gb9 em cima <strong>de</strong> um C7.62
Para facilitar a compreensão dos aspectos discutidos, utilizaremos uma reduçãoon<strong>de</strong> nem sempre as oitavas serão respeitadas, unicamente por razões <strong>de</strong> simplificaçãoda escrita.Figura 3 – Harmonias da Introdução do <strong>Carinhoso</strong> <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong>.1ª ExposiçãoNesta primeira exposição há uma maior liberda<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong> <strong>Pereira</strong>, tanto doponto <strong>de</strong> vista melódico (como será visto), como harmônico. Aqui ele irá <strong>de</strong>senvolverlivremente suas idéias.Primeira Seção da Primeira Parte (A1)A seção começa em Fm (ao invés <strong>de</strong> F do original). Nos compassos 10 a 13 há apreservação da idéia <strong>de</strong> mesmo acor<strong>de</strong>, apenas com as alterações propostas pelocontracanto (Fm, FmMaj7, Fm7 e Fm6). No compasso 14, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria acontecer a63
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A importância da obra de Pereira p
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Não sei direito, eu passei a usar
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Não, isso se chama transcrição,
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valsas paulistas pra banda. Eu fiz,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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Anexo II - Fac simile da partitura
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Anexo III - Fac simile de originais
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Página final da peça Prelúdio, d
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Anexo IV - Partitura Digitalizada d