Gran<strong>de</strong> do Sul. Seu pai, Carlos <strong>Pereira</strong>, era <strong>de</strong> origem portuguesa e exercia a profissão<strong>de</strong> fundidor da estrada <strong>de</strong> ferro. Sua mãe, Alice Marin, era italiana e uma tradicionaldona-<strong>de</strong>-casa. Em 1936, <strong>Cyro</strong> começ<strong>ou</strong> a estudar no Liceu Salesiano <strong>de</strong> Artes e OficiosLeão XIII, que oferecia diversos cursos profissionalizantes, inclusive o <strong>de</strong> música.As primeiras aulas <strong>de</strong> música e <strong>de</strong> piano aconteceram pelo reconhecimento doseu talento musical pelo padre Dante Maria Pozzi, pároco da igreja on<strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> eracoroinha. Particip<strong>ou</strong> do coro e recebeu suas primeiras lições <strong>de</strong> piano do padre JoséAllievi. Logo, o menino começ<strong>ou</strong> a participar das apresentações na escola.Ouvia muitos tangos nas rádios argentinas e uruguaias (através das ondascurtas). E sintonizava, naturalmente, a então famosa Rádio Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro.Como diz ele, “nos meus tempos <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, eu <strong>ou</strong>via muito a Rádio Nacional eficava apaixonado pelos arranjos do (Radamés) Gnattali, do (Lyrio) Panicali” 6 . Éinteressante notar que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, a orquestra e sua capacida<strong>de</strong> sonora já ofascinavam, e o jovem músico <strong>de</strong>cidiu o que queria fazer: “Eu me consi<strong>de</strong>ro umorquestrador. A minha gran<strong>de</strong> meta na vida foi ser orquestrador. Foi o que sempre quis eaos trancos e barrancos consegui.” 7 .A convite do violinista Car<strong>de</strong>al, que fic<strong>ou</strong> encantado com uma <strong>de</strong> suasapresentações no Liceu, <strong>Cyro</strong> inici<strong>ou</strong> suas ativida<strong>de</strong>s profissionais em 1943, aos 14anos, ao ingressar na Orquestra Jazz Botafogo, na qual atuava como pianista. Em 1946,transferiu-se para a Orquestra Nunes e seus Rapazes, época em que começ<strong>ou</strong> a escreverseus primeiros arranjos.b) Contratado pela Rádio e pela Televisão Record (1950 a 1973)Em 1950, <strong>Cyro</strong> mud<strong>ou</strong>-se para São Paulo, a convite <strong>de</strong> Washington LuísLaviaguerre, acor<strong>de</strong>onista conterrâneo que, no ano anterior, havia se instalado nessacida<strong>de</strong>. Logo após sua chegada, empreg<strong>ou</strong>-se como pianista na boate Excelsior e,passados alguns meses, o amigo se fez mais uma vez presente, indicando-o para umavaga num dos grupos musicais da Rádio Record. Em p<strong>ou</strong>co tempo, <strong>Pereira</strong> começ<strong>ou</strong> aatuar como pianista e arranjador das orquestras da emissora. Na visão do próprio <strong>Cyro</strong>,6 Para uma maior fluência da leitura, as citações das conversas com <strong>Cyro</strong> serão sempre editadas,adaptando-se a linguagem coloquial ao formato formal do texto.7 Cf. entrevista ao autor. As transcrições completas das entrevistas estão nos Anexos.12
“fui um pianista razoável <strong>de</strong> música popular.” 8Foi na Record que <strong>Cyro</strong> conheceu Gabriel Migliori (São Paulo, 1909 - SãoPaulo, 1975), reconhecido por ele como seu maior mestre. Ainda que Migliori nunca lhetivesse dado aulas, sempre que surgia alguma dúvida <strong>ou</strong> problema, <strong>Cyro</strong> ia discuti-lacom ele. Este maestro também foi o responsável, em razão do convívio diário, pelo seuaperfeiçoamento em harmonia, orquestração, composição e regência 9 .Nos primeiros <strong>de</strong>z anos em São Paulo, h<strong>ou</strong>ve alguns acontecimentos importantesem sua vida. Em 1953, cas<strong>ou</strong>-se com Esterzinha <strong>de</strong> S<strong>ou</strong>za, nome artístico da cantoraMaria <strong>de</strong> S<strong>ou</strong>za. Torn<strong>ou</strong>-se arranjador e maestro das orquestras da Record. Recebeu oprêmio “Roquette Pinto” pelo programa O Maestro Veste a Música, em 1957. E,finalmente, transferiu-se para a TV Record, que estava iniciando suas ativida<strong>de</strong>s, entre1958 e 1959. Como a empresa era a mesma da rádio, este episódio não interferiu emnada na sua vida profissional.<strong>Cyro</strong> trabalhava na mesma sala com Gabriel Migliori e Hervè Cordovil (Viçosa,1914 - São Paulo, 1979). Esse ambiente era chamado “sala dos maestros”, e não tinhanenhum tipo <strong>de</strong> isolamento acústico. Talvez por isso, até hoje, <strong>Cyro</strong> precise <strong>de</strong> ruídoexterno para po<strong>de</strong>r produzir suas obras. Diz ele, “um dia, em casa, fui tentar escrever <strong>de</strong>madrugada. Quase fiquei l<strong>ou</strong>co por causa do silêncio.” 10 .No começo dos anos 60, <strong>de</strong>dic<strong>ou</strong>-se com mais afinco à composição e particip<strong>ou</strong><strong>de</strong> dois concursos. O primeiro, patrocinado pela prefeitura <strong>de</strong> São Paulo, lhe ren<strong>de</strong>u oprêmio <strong>de</strong> Menção Honrosa com a peça Suíte Brasiliana nº1. Esta peça possui cincomovimentos e sua relevância é tal que se torn<strong>ou</strong> tema da dissertação <strong>de</strong> Adriano DelMastro Contó (2008) 11 . O segundo foi o Concurso Ernesto Nazareth, promovido pelaAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no qual também recebeu umaMenção Honrosa por sua Fantasia para piano e Orquestra, objeto da dissertação <strong>de</strong>Luciana Sayure Shimabuco (1998) 12 .Em 1965, <strong>Cyro</strong>, em parceria com Mário Albanese, <strong>de</strong>senvolveu um ritmo <strong>de</strong>8 I<strong>de</strong>m.9 De acordo com Shimabuco, pag.17.10 Perpetuo (2005), pag. 38.11 Os movimentos da obra são: Dobrado, Toada, Choro, Valsa e Baião. No começo dos anos 90, <strong>Cyro</strong>reorquestr<strong>ou</strong> toda a obra, adaptando-a para a Orquestra Jazz Sinfônica. Sobretudo os movimentosBaião, Toada e Dobrado tornaram-se peças muito executadas pela orquestra.12 O nome original da peça era Concerto em ré maior para Piano e Orquestra. Em 1996 <strong>Cyro</strong> rebatiz<strong>ou</strong>a peça como Fantasia para Piano e Orquestra. Ela está baseada em três peças para piano <strong>de</strong> ErnestoNazareth: o primeiro movimento contém temas do tango Tenebroso, o segundo da valsa Expansiva e oterceiro do tango Batuque.13
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Não sei direito, eu passei a usar
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Não, isso se chama transcrição,
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valsas paulistas pra banda. Eu fiz,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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