necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um profissional que conseguisse transitar entre estes dois mundos comflui<strong>de</strong>z, ajustando os estilos e criando um novo produto. Este profissional era oarranjador. Mais uma vez, Aragão (2001) afirma:(...) po<strong>de</strong>mos observar que no momento da consolidação <strong>de</strong> um novoconceito <strong>de</strong> música popular brasileira, com a incidência <strong>de</strong>finitiva dos fatorescomercial e industrial (...) o arranjo surge como um processo que vai muitoalém da simples organização <strong>de</strong> sons para uma performance, que vai muitoalém do fator meramente musical. O arranjo aparece como processoagregador <strong>de</strong> elementos advindos <strong>de</strong> diversas instâncias culturais distintas eo arranjador aparece como mediador <strong>de</strong>sse processo, atuando <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>cisiva na consolidação <strong>de</strong> algumas características que passariam aemblematizar a música brasileira e i<strong>de</strong>ntificá-la como tal, a partir <strong>de</strong> então.(p. 5)4.2 – PixinguinhaVários arranjadores tentaram fazer esta aproximação, mas há certo consensoentre os musicólogos que quem conseguiu finalmente criar um produto capaz <strong>de</strong> unir osdois universos foi Pixinguinha. A partir do final dos anos 20, ele começ<strong>ou</strong> a trabalharem diversas gravadoras como arranjador, dirigindo várias orquestras. Virgínia <strong>de</strong>Almeida Bessa (2006) elenca as seguintes orquestras “Na Victor, on<strong>de</strong> atu<strong>ou</strong> comomaestro exclusivo entre os anos <strong>de</strong> 1929 e 1934, Pixinguinha dirigiu quatro orquestras(nome genérico sob o qual se agrupavam diferentes formações instrumentais): aOrquestra Victor Brasileira, a Orquestra Diabos do Céu, a Orquestra da Guarda Velha ea Orquestra Típica Victor. Na O<strong>de</strong>on, foi regente da Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, conjunto que também atu<strong>ou</strong> na Parlophon sob o nome <strong>de</strong> Orquestra Típica OitoBatutas. Na Columbia, dirigiu um grupo que levava seu nome: Pixinguinha e suaOrquestra Columbia.”Todos estes grupos permitiram que Pixinguinha <strong>de</strong>senvolvesse uma técnicaapurada, como nos conta Contó (2008):verda<strong>de</strong>iros instrumentistas <strong>de</strong> cordas <strong>de</strong>dicaram toda sua vida ao estudo do repertório clássico (erudito),portanto não peçam para que eles suinguem. (tradução nossa). (p. 141).24
(...) Alguns autores consi<strong>de</strong>ram a escrita orquestral <strong>de</strong> Pixinguinhaelaborada, tendo como principais características a utilização <strong>de</strong> técnicascomo: a estrutura tonal complexa para os arranjos, on<strong>de</strong> há modulações nasintroduções e nos solos instrumentais que se remetem à linguagem do choroe, em última instância, à música européia e sua tradição harmônica – muitopresente no próprio choro, inclusive. (p. 29)Por <strong>ou</strong>tro lado, Bessa analisa os problemas encontrados por Pixinguinha ao<strong>de</strong>sbravar esta nova opção musical. Essa permeabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pixinguinha às diversasinfluências musicais <strong>de</strong> seu entorno, sobretudo da música estrangeira, foi alvo <strong>de</strong> durascríticas na época. Ao comentar o lançamento <strong>de</strong> “Gavião Calçudo”, samba <strong>de</strong>Pixinguinha gravado por Benício Barbosa e Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, ocrítico Cruz Cor<strong>de</strong>iro foi categórico:Repetimos para o samba, o que já temos dito em composições anteriores dopopular músico: Pixinguinha parece se <strong>de</strong>ixar influenciarextraordinariamente pelas melodias e rythmos do jazz. Ouçam GaviãoCalçudo. Mais parece um fox-trot que um samba. As suas melodias, os seuscontra-cantos e mesmo quase que o seu rythmo, tudo respira música dos“yankees” (Phono-Arte n. 14, fev. 1929, p. 32) (Cor<strong>de</strong>iro apud Bessa,2005:167).Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>monstrava que a questão do nacionalismo atravessava sua visãosobre como <strong>de</strong>veria ser a música brasileira. Pensava-a livre <strong>de</strong> “estrangeirismos” e fiel auma tradição que ele tomava como “pura”. Entretanto, como analisa Paulo Aragão(2001), já nessa época era possível vislumbrar que o caráter brasileiro, reconhecível atéhoje, caracteriza-se por uma fusão <strong>de</strong> elementos e procedimentos híbridos, legitimadacom a ação do tempo. (p. 111) Mais à frente, complementa:O gran<strong>de</strong> diferencial dos trabalhos <strong>de</strong> Pixinguinha, que justifica opioneirismo a ele atribuído na criação <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> arranjo brasileiro, anosso ver, é a forma como ele organiza os materiais híbridos em seusarranjos. Como dissemos, Pixinguinha utiliza as matrizes culta e industrialsem sufocar as características artesanais e tradicionais das músicas, mesmoquando os arranjos beiram a estética do excesso. Há um constante <strong>de</strong>staqueaos elementos oriundos da matriz artesanal, que convivem equilibradamentecom <strong>ou</strong>tros elementos. Por <strong>ou</strong>tro lado, as matrizes culta e industrialpromovem uma diversida<strong>de</strong> excepcional nos arranjos, trabalhadas a partir dacriativida<strong>de</strong> ímpar <strong>de</strong> Pixinguinha. (I<strong>de</strong>m:112)25
- Page 2 and 3: Banca Examinadora__________________
- Page 4: AgradecimentosAo Prof. Dr. Gil Jard
- Page 7 and 8: 2.3 - Tratamento Melódico e Contra
- Page 9 and 10: A importância da obra de Pereira p
- Page 11 and 12: Capítulo I - Apresentando Cyro Per
- Page 13 and 14: “fui um pianista razoável de mú
- Page 16 and 17: de Música, mas que nunca havia sid
- Page 18 and 19: No final da partitura ele escreve:
- Page 20 and 21: época da formação e iniciação
- Page 22 and 23: Roquete Pinto, o lema da rádio era
- Page 26 and 27: De todo modo, as controvérsias em
- Page 28 and 29: mesma década de 1940. Pereira ouvi
- Page 30 and 31: livremente sua capacidade inventiva
- Page 32 and 33: desses procedimentos, que mesclam r
- Page 34 and 35: exprime um significado particular e
- Page 36 and 37: à doutrina a tarefa de delimitaç
- Page 38 and 39: 3 - VariaçãoCabe agora, refletir
- Page 40 and 41: Figura 2 - Tema „A‟ de Garota d
- Page 42 and 43: Em outro verbete do mesmo dicionár
- Page 44 and 45: “citação”: trata-se do iníci
- Page 46 and 47: characteristics may consequently va
- Page 48 and 49: Figura 9 - Trecho inicial da canç
- Page 50 and 51: conceito de que a Fantasia está at
- Page 52 and 53: “Eu fiz o “Carinhoso” em 1917
- Page 54 and 55: Figura 2 - Carinhoso dividido em Se
- Page 56 and 57: finais há uma cadência de dominan
- Page 58 and 59: Figura 9 - O motivo principal de Ca
- Page 60 and 61: 2 - O Carinhoso de Cyro PereiraEsta
- Page 62 and 63: Em algumas situações há o pensam
- Page 64 and 65: epetição do procedimento, Pereira
- Page 66 and 67: semelhante à original, só que uma
- Page 68 and 69: Figura 7 - Harmonia da Seção B2 d
- Page 70 and 71: Primeira Seção da Primeira Parte
- Page 72 and 73: utiliza uma frase nova, classificad
- Page 74 and 75:
Terceira Seção da Segunda Parte (
- Page 76 and 77:
IntroduçãoNos compassos 1 a 9, o
- Page 78 and 79:
Figura 17- linhas melódicas da se
- Page 80 and 81:
Esta seção está claramente divid
- Page 83 and 84:
Figura 25 - Linha Melódica de Cyro
- Page 85 and 86:
Figura 30 - Frase de finalização
- Page 87 and 88:
Figura 35 - Melodia da 1ª seção
- Page 89 and 90:
Segunda Seção da Segunda Parte (B
- Page 91 and 92:
Figura 42 - Contracantos da seção
- Page 93 and 94:
2.4 - Texturas OrquestraisUma das c
- Page 95 and 96:
IntroduçãoA Introdução pode ser
- Page 97 and 98:
Terceira Seção da Segunda Parte (
- Page 99 and 100:
em contraste com as tercinas dos de
- Page 101 and 102:
ConclusãoA produção musical de C
- Page 103 and 104:
Bibliografia:Dicionários e Manuais
- Page 105 and 106:
SZENDY, Peter. Escucha. Una histori
- Page 107 and 108:
TEIXEIRA, Maurício de Carvalho. M
- Page 109 and 110:
Anexo I - Entrevista com Cyro Perei
- Page 111 and 112:
E antes tinha uma orquestra que tra
- Page 113 and 114:
morar em Campinas e fiquei na Unica
- Page 115 and 116:
Não sei direito, eu passei a usar
- Page 117 and 118:
Não, isso se chama transcrição,
- Page 119 and 120:
valsas paulistas pra banda. Eu fiz,
- Page 121 and 122:
É um contraponto harmônico.E aqui
- Page 123 and 124:
Anexo II - Fac simile da partitura
- Page 125 and 126:
Anexo III - Fac simile de originais
- Page 127 and 128:
Página final da peça Prelúdio, d
- Page 129:
Anexo IV - Partitura Digitalizada d