mesma década <strong>de</strong> 1940. <strong>Pereira</strong> <strong>ou</strong>via a sonorida<strong>de</strong> das orquestras <strong>de</strong> Benny Goodman,Artie Shaw, Glenn Miller, entre <strong>ou</strong>tras, <strong>ou</strong> no cinema <strong>ou</strong> nos discos. 35Em 1943, como já foi dito, <strong>Pereira</strong> entra na Orquestra Jazz Botafogo em RioGran<strong>de</strong>, aos 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Iniciava-se assim sua jornada profissional. Ele jácarregava, nesse momento, a sonorida<strong>de</strong> daqueles arranjos musicais <strong>ou</strong>vidos nesseconjunto <strong>de</strong> emissoras <strong>de</strong> massa. O jovem aspirante a músico <strong>de</strong>slumbrado se propôs aum objetivo <strong>de</strong>finitivo: “Quero ser orquestrador!” 36É importante <strong>de</strong>stacar que <strong>Cyro</strong> sempre se consi<strong>de</strong>r<strong>ou</strong> um músico popular, masque se i<strong>de</strong>ntificava com uma sonorida<strong>de</strong> orquestral. E esta rica mistura permitiu que,posteriormente, ele pu<strong>de</strong>sse compor suas Fantasias sobre temas, tanto <strong>de</strong> compositorescomo <strong>de</strong> estilos 37 , que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como uma espécie <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> suasexperiências profissionais, aliando seu conhecimento <strong>de</strong> música popular ao domínio daescrita para orquestra, criando verda<strong>de</strong>iras obras primas. O <strong>Carinhoso</strong>, que iremosanalisar mais à frente, dará uma pequena amostra <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>streza e inventivida<strong>de</strong>.Faremos a seguir mais algumas investigações sobre algumas <strong>de</strong>finiçõesexistentes no ambiente musical <strong>de</strong> nossos dias.35 Esta influência está presente nas suítes/fantasias <strong>de</strong>dicadas à música americana compostas por <strong>Pereira</strong>,como Suíte Duke Ellington, Gershwin Suite, Suíte Jerome Kern, Suíte Cole Porter, e muitas <strong>ou</strong>tras.36 Cf. entrevista ao autor.37 Como exemplos <strong>de</strong> obras baseadas em compositores temos: Jobimniana, Gonzagueana,Caymminiana, Suíte Edu Lobo, A Lira do Lyra, entre <strong>ou</strong>tras. De estilos musicais temos: Aquarela <strong>de</strong>Sambas, O Fino do Choro 1 e 2, Suíte Sertaneja, Valsa Paulistas etc, além daquelas baseadas emcompositores norte-americanos, já citadas.28
Capítulo II – Consi<strong>de</strong>rações em torno dasConcepções sobre <strong>Arranjo</strong>sThe problematic current situation of music can be <strong>de</strong>tected in its propensityto generate misnomers. “Classical music” is at best a metonymy, the part forthe whole; “erudite,” a falsification; “seri<strong>ou</strong>s”, a neutralization; “popular”,the greatest untruth. (Durão e Fenerick, 2009, p. 56) 38Esta epígrafe indica as dificulda<strong>de</strong>s e os limites do trabalho com <strong>de</strong>finiçõesmusicais. Entretanto, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> refletir sobre os problemas conceituais queenvolvem a criação <strong>de</strong> arranjos.A produção musical <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> tem características similares à <strong>de</strong> muitosprofissionais que mencionamos no capítulo anterior e que se <strong>de</strong>dicaram ao trabalho <strong>de</strong>produzir uma r<strong>ou</strong>pagem orquestral para diversos veículos <strong>de</strong> comunicação, comoemissoras <strong>de</strong> rádio e televisão. Entretanto, possui particularida<strong>de</strong>s significativas sobre asquais nos <strong>de</strong>teremos.Ainda que <strong>Cyro</strong> tenha produzido tanto composições como arranjos, as primeirasnão serão objeto <strong>de</strong> nossa preocupação neste trabalho. De todo modo, vale a pena<strong>de</strong>stacar, entre elas, sua série <strong>de</strong> Suítes Brasilianas (quatro), seu Concerto Breve paraViolino e Orquestra, e um conjunto <strong>de</strong> peças curtas para as mais variadas formações esolistas 39 .Seus arranjos são numerosos e diversificados. Cremos ser pertinente propor umaqualificação preliminar <strong>de</strong>ssas peças para efeito <strong>de</strong> nossa discussão. Po<strong>de</strong>mos dividi-losem “funcionais” e “livres”. Os primeiros são aqueles produzidos para acompanharsolistas, instrumentistas <strong>ou</strong> cantores; esses arranjos geralmente têm uma estrutura tantoformal como harmônica semelhante ao material original e não suscita qualquer dúvidaquanto à sua classificação. Os que estamos <strong>de</strong>nominando <strong>de</strong> “livres” geram mais<strong>de</strong>bates sobre sua rotulação, neles incluindo-se consi<strong>de</strong>rável parte da produção <strong>de</strong><strong>Pereira</strong>. Estamos nos referindo às suas Suítes/Fantasias 40 , nas quais o maestro exercita38 “A problemática situação atual da música po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectada em sua propensão <strong>de</strong> gerar falsosconceitos. „Música Clássica‟ é no máximo uma metonímia, uma parte do todo; „erudito‟, umafalsificação; „séria‟, uma neutralização; „popular‟, a maior falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas.” (tradução nossa)39 Como já foi dito, Shimabuco fez uma listagem <strong>de</strong> suas composições até 1998. De lá até hoje, o volume<strong>de</strong> obras cresceu, mas ainda não existe nenhuma catalogação oficial <strong>de</strong>las.40 O termo Suíte parece-nos ina<strong>de</strong>quado, pois ele <strong>de</strong>ve ser utilizado para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong>peças. Para muitas <strong>de</strong>stas peças fronteiriças utilizaremos a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> „Fantasia‟.29
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TEIXEIRA, Maurício de Carvalho. M
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morar em Campinas e fiquei na Unica
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Não sei direito, eu passei a usar
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Não, isso se chama transcrição,
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valsas paulistas pra banda. Eu fiz,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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Anexo II - Fac simile da partitura
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Anexo III - Fac simile de originais
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Página final da peça Prelúdio, d
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Anexo IV - Partitura Digitalizada d