época da formação e iniciação profissional <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong>), indicando que foi um tempoespecialmente fecundo da vida cultural brasileira:(…) cito intencionalmente exemplos que vão da literatura à música, aocinema e à arquitetura, e on<strong>de</strong> se combinam manifestações eruditas commanifestações da cultura popular e <strong>de</strong> massas. Quero assinalar com isso ocaráter algo fusional e mesclado da singularida<strong>de</strong> cultural brasileira, ligado asua vocação para cruzar <strong>ou</strong> dissipar fronteiras, o que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser umtraço “antropofágico”... (p.56)Mais adiante ele complementa:Aceite-se <strong>ou</strong> não este crivo, <strong>de</strong>ve-se reconhecer sua valida<strong>de</strong> para oentendimento do lugar que a música ocupa na vida brasileira e do modo <strong>de</strong>formação da música brasileira mo<strong>de</strong>rna, que resulta freqüentemente docontato entre o erudito e o popular.... (p.57)Assumindo-se o caráter antropofágico <strong>de</strong> “<strong>de</strong>glutição” das diversas influênciasabsorvidas por <strong>Cyro</strong> ao criar sua obra, po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>nominá-lo <strong>de</strong> antropofágico, poisuma <strong>de</strong> suas características mais marcantes é ter buscado sempre informações musicaisnovas, para então transformá-las em uma linguagem própria. Como já foi dito, eleafirma que suas influências foram Radamés Gnattali e Lyrio Panicali da Rádio Nacionale o cinema americano, com seus musicais. O cinema e a música americanos já tinhamuma presença muito gran<strong>de</strong> por aqui, mesmo naquela época, e a sonorida<strong>de</strong> dasorquestras utilizadas tanto nos filmes como nos discos foram uma influência muito fortesendo, segundo o próprio <strong>Cyro</strong>, os principais responsáveis pela sua quase obsessão nabusca <strong>de</strong> sonorida<strong>de</strong>s novas e cores orquestrais.4.1 – A Era do Fonógrafo e do RádioAs gravações fonográficas e o rádio naqueles anos (décadas <strong>de</strong> 30 e 40) foram<strong>de</strong>terminantes para a construção das preferências musicais <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong>.Como se sabe, o primeiro registro fonográfico feito no Brasil foi em 1902, dofamoso tema lundu intitulado Isto é Bom, escrito pelo músico Xisto Bahia e cantado porBaiano (Manuel Pedro dos Santos). Depois da primeira gravadora brasileira, a Casa20
Edison, <strong>ou</strong>tras foram surgindo, como a International Talking Machine – O<strong>de</strong>on, em1912/1913, ambas pertencentes a Fred Figner 25 . A partir <strong>de</strong> 1920 popularizam-se, noRio e em São Paulo, o gramofone e as vitrolas e, nas décadas <strong>de</strong> 1930 a 1950(conhecidas com a “Era do Rádio”), o mercado <strong>de</strong> música brasileira ampli<strong>ou</strong>-se a cadaano. As gravadoras possuíam suas próprias orquestras, ainda que menores que as dasrádios. Nascimento (2008) comenta:(…) <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> afirma que no Rádio havia mais abertura à criação do queno disco: “No rádio sim, cê tinha um p<strong>ou</strong>co mais <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, sabe,rearmonizar, no rádio você podia. Mas no disco já é um negócio maiscomplicado, o cara começava a achar o negócio esquisito” (2005). Essa po<strong>de</strong>ser a razão pela qual encontramos vários discos <strong>de</strong>sses gran<strong>de</strong>s músicos quenão escapam a um comedimento <strong>de</strong> escrita que não favorece a criaçãomusicalmente mais sofisticada que se po<strong>de</strong>ria esperar, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suaenorme <strong>de</strong>dicação e conhecimento. (p. 16)Além disso, as gravações estavam limitadas a músicas com duração máxima <strong>de</strong>quatro minutos, que era o tempo que um disco <strong>de</strong> 78 rotações podia armazenar em cadalado. Em 1948 surge um novo formato para as gravações, os discos <strong>de</strong> longa duração,<strong>ou</strong> Long Plays. A gravadora Sinter foi a responsável pela fabricação dos primeiros“LPs”, e então a chamada Música Popular Brasileira começ<strong>ou</strong> a ser um negóciorentável, atraindo multinacionais para o Brasil, como a Columbia, a RCA Victor, aPhilips e Continental, entre <strong>ou</strong>tras 26 . Estas gravações encontraram na rádio um veículoa<strong>de</strong>quado para sua divulgação para um público mais amplo.O rádio começ<strong>ou</strong> oficialmente no Brasil em 7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1922. SegundoLuiz Carlos Saroldi, em seu artigo “O rádio e a música” 27 , os primeiros sonsproduzidos pelo rádio foram os acor<strong>de</strong>s do Hino Nacional Brasileiro.Des<strong>de</strong> sua implantação no começo dos 20, havia a questão do que <strong>de</strong>veria sertransmitido pelas rádios. Elas ainda não tinham assumido sua vocação comercial, tend<strong>ou</strong>m perfil educativo, especialmente na Rádio Socieda<strong>de</strong>. Comandada pelo antropólogo25 Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Fre<strong>de</strong>rico Figner foi um empresáriopioneiro, nascido na Boêmia e que emigr<strong>ou</strong> para o Brasil em 1891, consi<strong>de</strong>rado como o responsávelpelo início da história da música popular brasileira gravada.In http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?nome=Fred+Figner&tabela=T_FORM_B.26 Por Cristina Dória e Julio Worcman. In http://www.tamanduacultural.com.br/Musica-BR.htm -Instituto Tamanduá Synapse Cultural, Oscip.27 Revista <strong>USP</strong>, São Paulo, n.56, p. 48-61, <strong>de</strong>zembro/fevereiro 2002-2003. In:http://www.usp.br/revistausp/56/08-luizcarlos.pdf21
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morar em Campinas e fiquei na Unica
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Não sei direito, eu passei a usar
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Não, isso se chama transcrição,
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valsas paulistas pra banda. Eu fiz,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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Anexo II - Fac simile da partitura
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Anexo III - Fac simile de originais
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Página final da peça Prelúdio, d
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Anexo IV - Partitura Digitalizada d